Estudos recentes reforçam o impacto positivo da atividade física na prevenção do câncer, destacando que mesmo curtos períodos de exercícios diários vigorosos podem reduzir drasticamente o risco de desenvolvimento da doença. De acordo com a pesquisa publicada no "JAMA Oncology", realizada com 22.398 adultos não praticantes de atividades físicas, o exercício físico vigoroso, mesmo que por breves períodos diários, mostrou uma significativa diminuição no risco de câncer.
O hábito, como explica a radiologista da Redimama, Tereza Cristina, mesmo para indivíduos que não são atletas, contribui para a redução das chances de câncer, além de promover qualidade de vida. A prática é enfatizada neste Dia Nacional de Combate ao Câncer (27). “Apenas três a cinco minutos diários de atividade física intensa são suficientes para reduzir entre 17% e 32% o risco de desenvolver câncer em comparação com quem não pratica”, afirma.
Outra análise sistemática e meta-análise, englobando 38 estudos que avaliaram mudanças de estilo de vida em sobreviventes de câncer, revelou que o exercício físico foi a intervenção mais eficaz para reduzir a mortalidade, com uma redução de até 50%. “Não apenas o câncer de mama, os estudos mencionam o câncer de uma forma geral”, enfatiza Tereza.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é recomendável realizar de 75 a 150 minutos de atividades físicas vigorosas ou de 150 a 300 minutos de atividades moderadas por semana, além de exercícios de resistência ao menos duas vezes na semana, para fortalecer os principais grupos musculares.
“Esses dados reforçam que a atividade física é uma aliada poderosa na prevenção e controle do câncer. É uma mudança simples, mas que requer constância para oferecer benefícios reais à saúde”, reforça a radiologista.
Estimativas
Enquanto alguns estudos apontam sobre prevenções básicas para prevenir o câncer, outras analisam dados sobre o aumento exponencial de casos da doença em todo o mundo. Por exemplo, um novo estudo publicado na revista científica "JAMA Network" revelou um cenário desafiador no combate ao câncer para as próximas décadas.
A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, indica que as mortes pela doença devem aumentar em cerca de 90% até 2050, quase dobrando os números atuais. Em termos absolutos, isso significa um acréscimo de 8,8 milhões de óbitos aos 9,7 milhões registrados em 2022.
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O levantamento, que analisou dados de 36 tipos de câncer em 185 países, projeta ainda um crescimento de aproximadamente 77% no número total de casos em 2050, o que representará um salto para 35,3 milhões de novos diagnósticos esperados - 15,3 milhões a mais que os 20 milhões registrados em 2022.
Segundo o oncologista Carlos Gil Ferreira, diretor médico da Oncoclínicas&Co. e presidente do Instituto Oncoclínicas, estes números refletem uma combinação complexa de fatores. "O câncer é uma doença multifatorial e, além do envelhecimento populacional, que está diretamente associado a diversos tipos de tumores, observamos hoje novos fatores de risco emergentes que precisam ser considerados, como o aumento global da obesidade e o crescimento do uso de cigarros eletrônicos", explica.
Diante deste cenário desafiador, o especialista enfatiza a importância de fortalecer as medidas preventivas, como atividade física, e de detecção precoce. "Os avanços em tratamentos e inovações acontecem o tempo todo e hoje temos muito mais opções de drogas e procedimentos menos invasivos, que melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Porém, medidas de prevenção precisam ser reforçadas e elas incluem os fatores ambientais, como sedentarismo, redução de tabagismo, obesidade, alimentação e prática de exercícios físicos, e também rastreamento genético", explica.
O especialista também enfatiza o papel crucial das políticas públicas neste contexto. "O grande desafio é que tudo isso, tanto os tratamentos como exames preventivos, cheguem com equidade às pessoas. Há um desafio médico, mas também social no combate ao câncer. E políticas que promovam exames regulares para detecção precoce de tumores são fundamentais para as chances de sobrevivência das pessoas".
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