No início, a doença era uma sentença de morte. O portador do HIV tinha poucos anos ou até mesmo alguns meses de vida.  -  (crédito: PRess Serbia - Flickr)

No início, a doença era uma sentença de morte. O portador do HIV tinha poucos anos ou até mesmo alguns meses de vida.

crédito: PRess Serbia - Flickr

De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), o Brasil reduziu em pelo menos 66% suas taxas anuais de novas infecções por HIV desde 2010, enquanto a média global no mesmo período é de 38%. Essa diminuição, segundo a UNAIDS, é atribuída à adoção da prevenção combinada, que associa diferentes estratégias de prevenção ao HIV e a outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), em uma perspectiva voltada para a saúde integral dos pacientes.

Mesmo com a melhora dos números relacionados às novas infecções por HIV, porém, o cenário se mostra preocupante no que diz respeito aos casos já identificados.

Segundo dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 8% das 904 mil pessoas diagnosticadas com HIV/Aids em 2023 não fizeram o tratamento adequado para a redução da carga viral. Além disso, 16% iniciam o tratamento e não continuam. O quadro piora entre a população trans, uma vez que apenas 15% dos pacientes deste grupo estão em dia com o tratamento.

 



“É muito importante, para o controle da infecção, que as pessoas vivendo com o HIV cumpram as etapas da Prevenção Combinada, conforme suas necessidades, de forma simultânea”, destaca o infectologista  Guenael Freire, responsável técnico de vacinas do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica, marca da Dasa em Minas Gerais.

A ideia, segundo o médico, é utilizar diferentes abordagens de prevenção (biomédicas, comportamentais e estruturais), tendo sempre como premissa as especificidades e características de cada indivíduo e contexto.

Nas intervenções biomédicas, por exemplo, o objetivo é reduzir o risco de exposição ao vírus, seja pelo uso de preservativos e gel lubrificante; seja pelo tratamento com medicamentos antirretrovirais; ou ainda por meio de testes para diagnóstico.

“No caso dos tratamentos, existem duas formas de abordagem: a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) e a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). A PEP é uma medida de urgência, que deve ser utilizada em situações de risco, como relação sexual desprotegida, violência sexual ou acidentes ocupacionais. A PrEP, por sua vez, consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, que permitem ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. Mas, independentemente do tratamento, o uso do preservativo é fundamental, afinal é o método mais eficaz para proteção contra o HIV e outras ISTs”, explica o médico.  

 

Intervenções

As intervenções comportamentais são ações que contribuem para maior conscientização social sobre os riscos de exposição ao HIV. Neste caso, entram as campanhas de conscientização, o aconselhamento profissional, o incentivo à testagem, entre outras. Por fim, as intervenções estruturais estão ligadas a fatores socioculturais, que influenciam diretamente a vulnerabilidade de indivíduos ou grupos sociais. Isso envolve preconceito, estigma, discriminação ou qualquer outra forma de alienação dos direitos e garantias fundamentais à dignidade humana.  

“De qualquer forma, o diagnóstico precoce é uma ferramenta importante de controle. Quanto antes a pessoa descobre que tem o vírus, mais cedo pode começar o tratamento para prevenir a transmissão, além de evitar doenças oportunistas e ganhar mais qualidade de vida”, destaca o médico.

De acordo com o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), o recomendado é que todas as pessoas entre 13 e 64 anos façam o teste de HIV de forma periódica, como parte dos cuidados de saúde de rotina.  

Guenael explica que, após a infecção, o vírus pode levar até 30 dias para aparecer no exame. “Se um teste de HIV é feito durante este período da janela imunológica, o resultado pode dar falso negativo. Por isso, é importante esperar pelo menos um mês após a exposição ao risco, para fazer o exame”, disse.