Além da microbiota intestinal, aquelas comunidades de fungos, bactérias e microrganismos que vivem em equilíbrio no organismo, outra fonte de estudos é a microbiota da pele. Em um ambiente saudável, os microrganismos que vivem no tecido cutâneo têm papel essencial para diminuir o risco de problemas de pele, como acne e dermatite.
Um estudo recente, publicado no começo de agosto no PLOS One, mostrou que esse equilíbrio pode ser conquistado com a aplicação tópica do extrato de casca de romã. “As espécies microbianas predominantes da microbiota da pele pertencem aos gêneros Staphylococcus, Corynebacterium, Streptococcus e Propionibacterium. Na microbiota saudável da pele, S. hominis, S. lugdunensis e S. epidermidis exercem efeitos antimicrobianos contra a bactéria Gram-positiva S. aureus. Qualquer perturbação da homeostase microbiana da pele pode levar à disbiose, que é caracterizada por uma abundância reduzida de micróbios benéficos e uma abundância aumentada de micróbios patogênicos, como S. aureus. A disbiose da microbiota da pele foi encontrada associada a várias doenças de pele, incluindo acne, dermatite atópica, foliculite e psoríase”, explica a dermatologista, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Mônica Aribi.
De acordo com a médica, estudos anteriores já mostravam efeitos antibacterianos do extrato de casca de romã contra uma variedade de cepas bacterianas, incluindo S. aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa. “O aumento da abundância de S. aureus está associado à formação de lesões cutâneas, que são difíceis de tratar devido à capacidade da bactéria de formar biofilme e adquirir resistência a medicamentos”, diz a dermatologista.
“Vários compostos fenólicos presentes na romã são responsáveis por suas atividades antimicrobianas. A análise fitoquímica do extrato da casca da romã identificou catequina, quercetina, ácido vanílico e ácido gálico como os principais compostos bioativos, que ainda oferecem atividade antioxidante”, explica.
No estudo, os cientistas investigaram os efeitos antimicrobianos e antiadesivos do extrato de casca de romã contra cepas da microbiota da pele. A capacidade ‘antiadesiva’ diz respeito à ação em evitar a formação do biofilme.
“Os resultados mostraram que o extrato reduziu significativamente a capacidade de formação de biofilme de S. aureus. A formação de biofilme é um processo complexo no qual os microrganismos adotam um comportamento multicelular que facilita e prolonga sua sobrevivência em diversos nichos ambientais. O estudo encontra o extrato de casca de romã como uma intervenção prática e não tóxica para restaurar a homeostase da microbiota da pele, com benefícios para evitar o desenvolvimento e piora de doenças de pele como acne, dermatite atópica e psoríase”, explica a médica.
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O extrato de casca de romã à base de éster dimetílico preparado no estudo restaura efetivamente espécies bacterianas benéficas (S. epidermidis) e elimina espécies bacterianas patogênicas (S. aureus).
A médica explica que mais estudos devem ser realizados para confirmar a ação do extrato, que poderá ser incorporado em cosméticos para melhorar o microbioma cutâneo dos pacientes.
“É importante enfatizar que potentes atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e antimicrobianas são observadas nos compostos fenólicos derivados da casca da romã, incluindo catequina, quercetina, ácido vanílico e ácido gálico. E elas podem ser responsáveis pelos benefícios observados para a pele. A expectativa é que novas formulações com o extrato possam representar uma melhor oportunidade de tratamento para pacientes com acne, dermatite e psoríase”, aponta a médica.
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