No domingo (5), a revista People divulgou a notícia de que o ator James Van Der Beek, conhecido por seu papel como protagonista na série Dawson’s Creek, foi diagnosticado com câncer colorretal - doença maligna do aparelho digestivo que acomete o intestino grosso. O termo ‘câncer colorretal’ refere-se ao agrupamento de dois tipos de neoplasias do intestino grosso: o câncer de cólon e o câncer de reto. O ator falou do seu diagnóstico nas redes sociais, onde "cutucou" a publicação realizada pelo tabloide americano. "Eu tinha planejado falar sobre isso longamente com a revista People em algum momento em breve... para sensibilizar e contar a minha história nos meus próprios termos. Mas esse plano teve de ser alterado esta manhã cedo quando fui informado de que o tabloide ia correr com as notícias", escreveu. 

 


 

Entenda 

 

"Quando esse tumor está localizado em até 10 centímetros da margem anal, dizemos que é um câncer de reto. Já entre 10 a 12 centímetros dessa margem, é a transição sigmoide. E, acima de 12 centímetros, um câncer de cólon”, detalha o oncologista Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, pós-doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra).

 



 

Segundo o especialista, os principais fatores de risco das neoplasias colorretais são:

 

  • Obesidade
  • Consumo de alimentos processados
  • Estilo de vida sedentário

 

“A idade também é um fator de risco importante, sendo que há uma maior suscetibilidade para o desenvolvimento desse tipo de neoplasia após os 50 anos”, destaca o oncologista, que ressalta a importância da realização anual de exames para o rastreio da doença. “Um dos principais métodos para o rastreamento das neoplasias colorretais é o exame chamado de pesquisa de sangue oculto nas fezes. Ele deve ser feito anualmente e, dependendo do resultado, o médico poderá indicar uma investigação mais aprofundada, com exames como retossigmoidoscopia ou mesmo a colonoscopia total”, diz Ramon, que acrescenta que em alguns casos, como pacientes com histórico familiar de doenças genéticas associadas às neoplasias do intestino, pode haver indicação direta para realização da colonoscopia sem precisar realizar o teste de sangue oculto nas fezes.

 

Diagnóstico

 

Uma vez diagnosticado, o tratamento dependerá do tipo específico do câncer e do grau de acometimento. “O tratamento do câncer de reto pode envolver radioterapia, quimioterapia e também cirurgia. Normalmente, iniciamos com quimioterapia, cuja resposta é avaliada com exames de imagem, como a ressonância. Em seguida, podemos indicar um protocolo de radioterapia e, posteriormente, a cirurgia. Quando realizada após esse tratamento, a cirurgia tem menor risco de complicações e maiores chances de sucesso”, diz o oncologista. “Já o câncer de cólon geralmente é tratado logo de inicio com a cirurgia. E depois, dependendo do resultado anatomopatológico, ou seja, da avaliação da peça da biópsia cirúrgica, o médico avalia a indicação ou não de quimioterapia complementar”, detalha.

 

 

Já na doença avançada metastática, tanto o câncer de cólon quanto o de reto têm uma modalidade de tratamento muito semelhante. “Normalmente, o tratamento é por terapia sistêmica anti-neoplásica, que inclui quimioterapia, terapias-alvo e também a imunoterapia em alguns casos selecionados”, diz o oncologista, que explica que a escolha dependerá se a doença metastática é ressecável ou irressecável. “Ressecável refere-se a uma metástase que pode ser retirada com cirurgia, o que não é possível na doença irressecável. Dependendo do tipo de doença metastática e da maneira que está espalhada, podemos combinar tratamentos. Então é uma doença bem complexa, mas que atualmente já tem diretrizes importantes que permitem o tratamento com bons resultados”, pontua.

 

 

 

Ramon Andrade explica que, na fase inicial, o tratamento do câncer colorretal pode levar algum tempo para ser completado por envolver uma combinação de protocolos, geralmente entre quatro a seis meses. Já na doença avançada, o tratamento pode levar mais de cinco anos, dependendo de cada paciente. “Mas podemos dizer que a doença é sim curável, principalmente nos estágios mais precoces. A doença mais localizada tem chances de cura bem maiores, enquanto na doença avançada as chances diminuem”, diz o oncologista.

 

 

O oncologista acrescenta que, quando se trata do câncer colorretal, uma questão importante na hora da escolha dos tratamentos é a biologia molecular desses tumores. “Por isso, solicitamos testes genéticos que vão nos ajudar a direcionar o melhor tratamento para cada caso. Os testes genéticos de RAS e de BRAF são preconizados pelas diretrizes brasileiras e americanas de cancerologia. Além disso, cada vez mais a biópsia líquida também tem nos ajudado a identificar os melhores resultados para cada paciente”.

 

 

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