Um dos exames mais comuns realizados pelos laboratórios clínicos é o teste de glicemia em jejum. Mas, apesar de bastante conhecido, ele ainda causa muitas dúvidas nos pacientes. Afinal, índices altos de glicemia em jejum indicam diabetes? Qual a diferença entre diabetes e pré-diabetes? Quais são os limites aceitáveis de glicose e quando é preciso realizar uma dieta mais restritiva?   

 



O diabetes se caracteriza pelo excesso de concentração de açúcar no sangue, decorrente da falha na produção ou na ação do hormônio insulina, produzido pelo pâncreas. O tipo 1 da doença está ligado a falhas diretas das células do órgão produtor. Já o tipo 2, responsável por cerca de 90% dos casos, é associado a fatores externos, como obesidade, genética e estilo de vida.

 

De acordo com a endocrinologista Flavia Pieroni, a genética e a alimentação têm papéis decisivos no desenvolvimento do diabetes tipo 2. A predisposição genética, ligada a variantes que afetam a resistência à insulina e a função das células beta do pâncreas, aumenta o risco de desenvolver a doença, especialmente em pessoas com histórico familiar.  

 

Por outro lado, o consumo excessivo de açúcares, carboidratos refinados e gorduras saturadas, aliado ao sedentarismo, favorece o ganho de peso e a resistência à insulina, fatores que aceleram o surgimento do diabetes. A obesidade, em particular a gordura abdominal, é um dos principais gatilhos.  

 

“Mesmo indivíduos geneticamente predispostos podem reduzir o risco por meio de uma alimentação saudável e exercícios, evidenciando que, apesar da genética, o estilo de vida tem grande influência no controle e na prevenção da doença”, destaca a Dra. Flávia.

 

Diagnóstico  

 

Um ponto crucial na prevenção do diabetes é a realização de exames de sangue regulares. Normalmente, em pessoas saudáveis, a glicemia em jejum fica em torno de 70 mg/ dL a 99 mg/dL. Um paciente é considerado pré-diabético quando este índice atinge entre 100 e 125 mg/ dL. Testes acima de 125 mg/dL são um indicativo da doença já instalada.

 

“A realização desses testes pode fazer a diferença na identificação de problemas de saúde antes que se tornem mais sérios. A condição de pré-diabetes oferece uma oportunidade de reversão antes que a doença se instale”, destaca a endocrinologista.  

 

Para confirmar o diagnóstico de diabetes, é recomendado que o exame seja repetido em outra ocasião, especialmente se o paciente não apresenta sintomas claros da doença ou se for a primeira alteração detectada. A hemoglobina glicada e o teste oral de tolerância à glicose são outros exames que também podem ser utilizados na investigação diagnóstica.

 

Se o paciente apresentar sintomas clássicos de diabetes, como sede excessiva, aumento da frequência urinária e perda de peso inexplicável, um único resultado alterado em qualquer desses exames pode ser suficiente para o diagnóstico.

 

No entanto, como as hemácias - células sanguíneas - têm influência sobre o valor, a hemoglobina glicada é mais representativa da glicemia das últimas 8 a 12 semanas, permitindo um retrato histórico que oferece mais subsídios para o diagnóstico ou a monitorização da eficácia do tratamento em pacientes com diabetes”, explica a médica.

 

Atenção aos sinais  

 

Sede excessiva, fome constante e fadiga são sintomas frequentemente despercebidos, mas importantes para o diagnóstico precoce do diabetes. Outros sintomas são aumento na frequência e no volume de urina, visão embaçada e perda de peso inexplicada. Esses sintomas podem variar em intensidade e nem sempre aparecem juntos, especialmente no diabetes tipo 2, que pode evoluir lentamente. Ignorá-los pode levar a um quadro de saúde debilitante com complicações graves, como doenças cardíacas, oculares e renais.

   

Quando a doença já está instalada, o monitoramento contínuo é fundamental para garantir um controle eficaz. “O manejo diário, aliado à orientação médica, é vital para mitigar os impactos na condição de vida dos pacientes”, informa a especialista.

 

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