Ver um teste positivo de gravidez gera muitos questionamentos, medos e inseguranças. Com tantas transformações no corpo — que, muitas vezes, abalam a autoestima —, é comum surgirem também dúvidas sobre quais tipos de procedimentos de beleza a gestante pode fazer sem riscos. Essas questões se mantêm após o parto, já que na amamentação também há algumas restrições em relação a tratamentos estéticos.

 

“Um ponto importante a ser considerado é que a segurança dos tratamentos não é amplamente estudada em gestantes e lactantes”, avisa a dermatologista Barbara Miguel, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Por isso, é necessário manter uma abordagem conservadora, preferindo aqueles que são amplamente utilizados há anos, sem complicações conhecidas.”

 




Na gestação, os riscos valem tanto para a mãe quanto para o bebê, que ainda está em formação. “Alguns produtos químicos e procedimentos podem atravessar a barreira placentária, afetando o feto em desenvolvimento, podendo levar a consequências graves, como malformações e complicações na gestação”, explica a dermatologista.

 


Uma particularidade desse período é a mudança hormonal no corpo da gestante, em especial o aumento da progesterona. “Isso deixa sua pele muito mais sensível a ácidos, limpezas, lasers e outros tipos de tecnologias”, diz o dermatologista Abdo Salomão Jr., da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Daí porque há uma maior probabilidade de sofrer com manchas e queimaduras. O filtro solar, por sua vez, deve ser usado conforme orientação médica.

 


Outra alteração dermatológica provocada pela progesterona é o escurecimento dos mamilos, da linha nigra (marca vertical que aparece na barriga de algumas mulheres) e da região genital. “Essa é uma alteração fisiológica que não deve ser tratada, pois depois do parto, quando acontece a baixa dos níveis hormonais, ela regride naturalmente”, explica Abdo.

 

 


No caso das lactantes, o risco é menor. Mesmo assim, é preciso ter cuidado, pois não existem estudos consistentes e robustos que tenham avaliado o efeito das substâncias na mãe e no filho nesse período. Por isso, geralmente o ideal é esperar o desmame.

 


Para garantir a segurança da mulher e do bebê, é fundamental consultar um dermatologista, o obstetra e o pediatra antes de iniciar qualquer procedimento estético. “Optar por procedimentos simples e seguros nesse período é uma forma eficaz de evitar complicações desnecessárias”, afirma a médica do Einstein.
O que pode e o que não pode

 


A seguir, confira os procedimentos e substâncias permitidos e os não permitidos na gravidez e na amamentação:


GESTAÇÃO


Tratamentos permitidos:

 

  • Skincare com produtos liberados para a gestação
  • Limpeza de pele suave
  • Drenagem linfática manual para reduzir o inchaço, realizada por profissionais especializados e com autorização médica

 

Substâncias que não devem ser usadas

 

  • Beta hidroxiácidos (caso do ácido salicílico)
  • Retinoides (ácido retinóico, retinaldeído, adapaleno, tretinoína, isotretinoína)
  • Formol
  • Ureia em concentrações acima de 3%
  • Hidroquinona
  • Parabenos
  • Chumbo

 

Verifique sempre a presença desses ingredientes em cosméticos e procedimentos estéticos desejados.


Tratamentos que não devem ser realizados

 

  • Alisamento capilar
  • Tintura de cabelo (semipermanentes e permanentes), especialmente no primeiro trimestre. Caso seja necessário, deve-se aguardar o ultrassom morfológico e optar por tinturas sem metais pesados, chumbo e amônia, e evitar contato direto com o couro cabeludo
  • Lasers fracionados, ablativos e não ablativos.
  • Peelings químicos com ácidos retinoico e salicílico.
  • Procedimentos injetáveis, como preenchimentos, toxina botulínica e bioestimuladores
  • Laser facial
  • Depilação definitiva
  • Luz intensa pulsada
  • Ultrassom microfocado

 

AMAMENTAÇÃO

 

Procedimentos permitidos

 

  • Limpeza de pele
  • Laser (com atenção ao risco de hiperpigmentação)
  • Microagulhamento

 

Tratamentos que merecem avaliação caso a caso

 

  • Toxina botulínica: não existem estudos conclusivos sobre a passagem da substância para o leite materno, tampouco sobre os possíveis riscos para o bebê. “O que sabemos vem de um documento da Sociedade Brasileira de Pediatria que menciona a ausência de pesquisas suficientes para avaliar a segurança do uso dela durante a amamentação”, diz a dermatologista Barbara Miguel. Por isso, o ideal é aguardar o desmame para realizar a aplicação.
  • Preenchimento: o uso de preenchedores durante a amamentação também deve ser avaliado com cautela. Embora o risco de complicações seja baixo, é fundamental discutir as opções com a paciente, considerando que problemas como infecções ou reações alérgicas, embora raras, podem ocorrer.
  • Peelings: o cuidado com os produtos utilizados durante os peelings é essencial, já que alguns componentes podem entrar em contato com o bebê, principalmente se a remoção completa do produto não for realizada de forma adequada.


Tratamentos proibidos

  • Alisamento capilar


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