O câncer de testículo acomete homens de 15 a 50 anos, sendo o tumor sólido mais comum entre os indivíduos jovens, atrás apenas das doenças hematológicas. Embora seja curável em  95% dos casos,  é associado a um estigma social, porque o tratamento requer a retirada do testículo afetado, o que leva o paciente a temer pelo futuro da vida sexual e a fertilidade.

 

Apesar de raro, o câncer de testículo é um importante problema de saúde pública devido ao impacto emocional e socioeconômico nos homens que estão no auge da vida sexual, da fase reprodutiva e da carreira profissional. Em âmbito mundial, corresponde a 1% dos tumores masculinos e 5% das malignidades urológicas.

 



 

Entendendo o câncer e seus sinais

 

O câncer testicular pode derivar de qualquer tipo de célula encontrada nos testículos. Os tumores se dividem em dois grandes grupos: não seminomatosos e seminomatosos. O primeiro é mais comum em homens com menos de 30 anos.

 

O diagnóstico combina a palpação do médico, exames de imagens – ultrassom ou ressonância magnética – e exame de sangue, já que os tumores não seminomatosos podem ser identificados por marcadores como a alfafetoproteína (AFP) e a subunidade beta da gonadotrofina coriônica humana (ß-HCG).

 

Os sintomas iniciais são o aumento e o endurecimento do testículo e o surgimento de nódulos, com tamanho semelhante ao de uma ervilha. Médico da Oncologia D’Or, Daniel Herchenhorn explica que os nódulos, embora sejam indolores, causam um certo desconforto que pode ser confundido com um processo inflamatório, como a orquite.  “Por isso, é importante consultar o urologista para ter o diagnóstico correto e fazer o tratamento adequado”, recomenda.

 

A médica da Oncologia D’Or, Rafaela Pozzobon, incentiva os homens a fazerem um autoexame regular dos testículos a fim de identificar um sinal de anomalia, como um caroço, e irem ao urologista com regularidade. “Assim como a mulher vai ao ginecologista, o homem também deve procurar o urologista para avaliar o seu estado de saúde”, aconselha.

 

Drogas, esportes e obesidade

 

O câncer de testículo apresenta maior incidência em homens brancos e indivíduos com histórico pessoal ou familiar da doença, em especial parentes de primeiro grau, como pai e irmãos. Portadores de síndromes genéticas raras, como a síndrome de Klinefelter e a síndrome de Down, podem desenvolver a doença. Homens que tiveram criptorquidia, condição que ocorre quando um ou os dois testículos não desceram para a bolsa escrotal antes do nascimento, têm risco aumentado para a enfermidade.

 

Segundo Daniel Herchenhorn, existem muitas controvérsias sobre se drogas lícitas ou ilícitas têm o potencial de aumentar o risco da doença. “Não há evidências científicas sobre uma associação entre álcool, tabagismo e câncer de testículo. Mas existe um estudo, publicado em 2019, na Califórnia, nos Estados Unidos, mostrando maior incidência de câncer testicular em pessoas que fazem uso regular de maconha”, pondera. Alguns estudos apontam que homens obesos têm mais propensão à doença.

 

 

Por outro lado, não há relação comprovada entre a prática regular de esportes e o câncer de testículo. Em geral, há uma preocupação, por exemplo, com o ciclismo. “Nem esse esporte, nem qualquer outro, aumenta o risco de câncer testicular”, assegura Daniel Herchenhorn. “Então qualquer esporte não é só liberado, mas encorajado para pessoas que têm a doença ou já concluíram o tratamento”, complementa.

 

Tratamento e fertilidade

 

A oncologista Rafaela Pozzobon explica que, quando o câncer de testículo é diagnosticado na fase inicial, o prognóstico é bom. “Durante a cirurgia, removemos o testículo e, em seu lugar, inserimos uma prótese de silicone para manter a estética da glândula. Depois da alta hospitalar, realizamos o acompanhamento clínico do paciente, sem prescrever radioterapia ou quimioterapia”, afirma.

 

A remoção do testículo não prejudica a função sexual do paciente. Se o outro testículo estiver saudável, o paciente terá sua capacidade reprodutiva preservada. “É retirar o tumor e seguir com a vida normalmente”, diz a médica. Em casos avançados ou de metástase, o tratamento consiste na quimioterapia associada à cirurgia no abdômen. O paciente é aconselhado a reservar o esperma em bancos de sêmen para poder escolher em se tornar pai no futuro.

 

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