Em 21 de novembro de 1840, o médico francês Benoit Jules Mure desembarcou no Brasil trazendo uma opção revolucionária de tratamento: a homeopatia. Quase dois séculos depois, a data da chegada de de Bento Mure, como ficou rapidamente conhecido pelos brasileiros, ainda é lembrada anualmente, homenageando toda a comunidade de saúde que se dedica à prevenção de diversas doenças através da homeopatia. A especialidade foi reconhecida em 1980 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e hoje concentra cerca de 2,8 mil médicos habilitados.
Apesar da longa trajetória, a homeopatia ainda é vista com certo preconceito por muitas pessoas. No entanto, quem trabalha e conhece o tratamento defende: “não é mágica e, muito menos, charlatanismo”. É o que afirma a farmacêutica, Alessandra Souza, que atua há 30 anos no ramo da homeopatia. Hoje gerente de produção no Grupo Farmácia Artesanal, Alessandra garante que, mesmo sofrendo com a mistificação, a homeopatia é comprovadamente eficaz em diversos casos clínicos. “Não são gotinhas milagrosas, mas sim uma ciência que, inclusive, é essencial na parte integrativa do SUS”, explica.
Homeopatia X medicina tradicional
A farmacêutica explica que a principal diferença é que, enquanto os medicamentos industrializados - também chamados de alopáticos - buscam aliviar os sintomas de uma doença, os homeopáticos são pensados para tratar a saúde do indivíduo de uma forma completa. Isso porque a homeopatia trabalha através da ciência da cura pelo semelhante, utilizando, em doses pequenas, as mesmas substâncias que causam os sintomas de alguma enfermidade.
“No caso de uma febre, por exemplo, na alopatia você ofereceria ao paciente um antitérmico, para baixar a temperatura. Na homeopatia, você dá um medicamento que causa a febre em níveis baixos para preparar o corpo”, explica Alessandra Souza.
Segundo a médica homeopata Talita Roque, os resultados dessa linha terapêutica começam a ser observados entre uma a quatro semanas de tratamento e a melhora é progressiva. Ela reitera ainda que alguns indivíduos respondem mais rápido que outros, uma vez que a atuação do medicamento depende da profundidade que está o adoecimento do indivíduo.
“Eu faço sempre uma consulta detalhada na qual olho o paciente como um todo e aprofundo tanto nas características dos sintomas, quanto nas características pessoais. São consultas longas para que eu encontre o medicamento homeopático mais semelhante ao paciente”, afirma a médica.
Entre as condições mais comuns tratadas pela homeopatia, Talita Roque cita doenças de repetição como otite e cistite e casos crônicas como dermatites e asma. Já nas doenças autoimunes, como vitiligo e psoríase, a homeopatia pode atuar diretamente no sistema imunológico, além de apresentar efetividade comprovada na saúde mental, tratando ansiedade generalizada e pânico, por exemplo.
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Outro ponto ressaltado pela médica é que, quando o assunto é homeopatia, não há perfil ideal de paciente. “A homeopatia é indicada para qualquer ser vivo, pois todos nós temos a energia vital, que é onde a homeopatia atua. O importante é compreender que a chave do sucesso é estimular a saúde e não tratar somente doença”, completa.
Seu remédio do seu jeito
Alessandra Souza explica que um diferencial indispensável no contexto da comunidade de homeopatia é a confiança entre médicos e farmacêuticos. Trata-se de uma via de mão dupla, uma vez que cada remédio é pensado unicamente para cada paciente. “Se o prescritor pedir duas gotas de algum ativo, ele precisa confiar que o farmacêutico na linha de produção vai colocar apenas duas, nem mais nem menos”, comenta.
“Hoje o processo terapêutico pode ser realizado inclusive de forma tópica, com cremes e pomadas, além do medicamento em papel, que pode ser dissolvido na água”, reitera Alessandra.
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