O tenista Rafael Nadal vai se aposentar neste mês. Aos 38 anos, o espanhol afirmou que vem sofrendo nos últimos anos continuamente com as dores que o tem tirado de importantes partidas e tem dificultado seu desempenho nas quadras. O atleta sofre da síndrome de Muller-Weiss, condição rara e degenerativa, que é uma necrose avascular (ou seja, degradação por diminuição da chegada de sangue) em um osso chamado navicular, que fica na região mais interna do pé (a chamada “curvinha” na base do pé).

 

“As causas ainda não são totalmente esclarecidas, mas há teorias de que é uma combinação entre atraso na calcificação desse osso e impactos/esforços de forma repetitiva na região”, afirma o ortopedista e especialista em cirurgia do pé e tornozelo, Allex Argente Caetano.

 



 

Segundo o especialista, embora a doença tenha mais incidência em mulheres com aumento do Índice de Massa Corporal (IMC), são vários os fatores que podem contribuir para seu surgimento. “Os mais comuns são a combinação de estresses físicos e emocionais, principalmente durante a infância, e crianças atletas submetidas a treinamentos de alta intensidade. Apesar de as causas estarem mais relacionadas à infância, os sintomas geralmente surgem na idade adulta, mais comumente de 30 a 50 anos”, ressalta.

 

Entre alguns dos sintomas principais estão dores e deformidade progressiva nos pés, podendo afetar apenas um ou os dois. A utilização de anestesias para diminuir os sintomas e continuar jogando, como fez o tenista espanhol, pode agravar a condição. “A dor é um mecanismo de proteção. Quando retiramos essa sensação, podemos realizar esforços intensos sem que se perceba o quanto de lesão está sendo aplicada. Com isso, o problema pode ser agravado”, alerta.

 

A grande dificuldade para quem sofre da doença é que não há qualquer cura. De acordo com Allex, os sintomas e deformidades podem ser acelerados por atividades intensas que sobrecarreguem o pé com a síndrome. O principal tratamento consiste na proteção mecânica no pé acometido e na correção das deformidades e desgastes conforme forem surgindo.

 

 

“Conseguimos proteger o pé acometido com a utilização de calçados com solados mais firmes e com maior sustentação na região mais próxima ao tornozelo, região no calçado conhecido com contraforte. Na maior parte dos casos, com dores leves/moderadas e deformidades mais discretas, garante uma boa qualidade de vida”, avalia o ortopedista.

 

Porém, com o avanço da doença pode ser necessário recorrer a procedimentos cirúrgicos, como infiltrações, osteotomias (cortes ósseos para correção de deformidade e realinhamento do pé) ou mesmo artrodeses (cirurgia em que alguns ossos são fundidos, eliminando os sintomas de artrose).

 

 

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