O aumento da produção de líquido sinovial no joelho é chamado de sinovite e popularmente conhecido como água no joelho. A alteração quase sempre tem cura, desde que o médico descubra sua causa. No entanto, ele pode ser um fator de risco para artrose – e também uma consequência dela. Essa é a conclusão de um estudo recente publicado no começo de agosto The Lancet, que avaliou a artrose na mão e no joelho.

 

“A sinovite provoca sintomas como dor, rigidez, inchaço, calor e vermelhidão, sensibilidade e diminuição da amplitude de movimento. Lesões traumáticas e alterações inflamatórias podem causar esse problema. A descoberta dessa relação bidirecional entre sinovite e artrose de joelho pode fornecer insights sobre a falha dos atuais medicamentos anti-inflamatórios e a pesquisa por novos tratamentos”, explica o ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Marcos Cortelazo.

 



 

No estudo realizado na China, entre 4.742 indivíduos selecionados aleatoriamente, 4.080 (86,04%) consentiram em participar na linha de base. Os pesquisadores conduziram estudos de coorte prospectivos investigando as associações entre o status basal da sinovite e a osteoartrite incidente ao longo de três anos de acompanhamento, bem como o status basal da artrose e a sinovite incidente ao longo do mesmo período.

 

“As chances de osteoartrite em pacientes com sinovite basal foram significativamente maiores do que aqueles sem sinovite. Paralelamente, ao longo dos três anos de acompanhamento, a sinovite incidente ocorreu em 32,8% dos pacientes com osteoartrite radiográfica do joelho e em 34,7% dos pacientes com osteoartrite sintomática do joelho. Ou seja, a sinovite pode vir antes ou depois da artrose, podendo ser um fator de risco ou uma sequela da doença”, explica o médico.

 

O ortopedista esclarece que a osteoartrite é a doença articular mais comum no mundo e afeta mais de 595 milhões de pessoas (aproximadamente 7,6% da população mundial), com uma prevalência particularmente alta entre indivíduos com mais de 65 anos. “Ela é uma das principais causas de dor crônica e incapacidade. O risco de artrose continua a aumentar, com uma tendência crescente de afetar indivíduos mais jovens”.

 

 

“Já a sinovite é reconhecida há muito tempo como uma característica inflamatória comum na artrose e considerada modificável. Ela tem sido associada a sintomas clínicos e envolvimento na degradação tecidual na artrose. Há uma expectativa de que o tratamento da sinovite alivie os sintomas e previna a progressão estrutural da doença. Entretanto, tratamentos anti-inflamatórios modificadores da doença não proporcionaram alívio clinicamente significativo da dor ou remodelação estrutural na artrose”, diz o médico. “Portanto, é crucial reavaliar a natureza da sinovite na osteoartrite e reconsiderar sua adequação como um alvo potencial de tratamento”.

 

Marcos Cortelazo defende que o tratamento da sinovite vai depender da causa que levou a formação do aumento de líquido sinovial, mas pode incluir: repouso, uso de medicamentos, fisioterapia, aplicação de compressas frias no local, punção para retirada do excesso de líquido sinovial, injeção de corticoides e, em casos mais graves, cirurgias.

 

Já no caso da artrose, os tratamentos em geral variam com a gravidade da doença. “Casos leves e moderados estão voltados para o controle da dor, melhora da mobilidade e manutenção dos movimentos. Aqui os mais indicados são medicações analgésicas e anti-inflamatórias, fisioterapia e condicionamento físico. Nos casos mais graves ou formas mais avançadas da doença estão indicadas as cirurgias para substituição das articulações, também conhecidas como artroplastias”, aponta Marcos.

 

 

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