SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Tratamento em ambiente natural. Eu não sei o que é isso. Faz parte da ABA [Análise do comportamento aplicada, na sigla em inglês]. Eu acho que leva a pessoa pra floresta, abraça árvore. Deve ser esse negócio", disse o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Antonio Saldanha Palheiro nesta sexta-feira (22/11), durante no 3º Congresso Nacional do Fonajus, ao debater a atuação da saúde suplementar no Brasil.
O tom crítico permeou a fala no evento. O ministro chegou a dizer que qualquer um ali poderia ter "fatores de autismo", inclusive ele. Nesse contexto, o ministro afirmou que o Transtorno do espectro autista (TEA) está num "espectro enorme", as clínicas especializadas "brotam", segundo ele.
"Para os pais, é uma tranquilidade saber que o seu filho, que tem um problema, vai ficar de 6 a 8 horas por dia em uma clínica especializada, passeando na floresta. Mas isso custa”, disse Saldanha.
Esse modelo de clínicas exclusivas foi questionado em um relatório produzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Rede de Pesquisas em Saúde Mental de Crianças e Adolescentes, que aponta para a existência de um "complexo industrial do autismo" que influencia políticas públicas. O modelo contrapõe a política de saúde mental do SUS, que defende um cuidado com base comunitária e intersetorial.
O ministro criticou, ainda, a chamada Lei Romário (Lei 14.454), que define que procedimentos não listados no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sejam cobertos pelos planos de saúde. Segundo Saldanha, "não fala em medicina baseada em evidência, ela fala o seguinte, se vier um laudo técnico, tem que conceder".
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Procurado pela reportagem para comentar as falas do ministro, o STJ não respondeu até a publicação desta reportagem.
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