O uso correto de preservativos de látex reduz muito o risco de contrair ou transmitir ISTs, segundo profissionais de saúde -  (crédito: Getty Images)

O uso correto de preservativos reduz muito o risco de contrair ou transmitir ISTs, segundo profissionais de saúde

crédito: Getty Images

Mais de um milhão de pessoas contraem infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) por dia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Com isso, órgãos de saúde se unem neste à campanha Dezembro Vermelho - mês da conscientização dos cuidados contra o HIV/Aids e outras ISTs, com foco na importância dos testes regulares e hábitos de vida saudáveis, como o uso de preservativos e a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV). 

 

Pesquisas realizadas nos últimos anos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelaram um aumento progressivo da minimização dos riscos de ISTs entre a população adulta, principalmente entre os homens: 80% dos adultos entrevistados afirmaram saber sobre as ISTs, mas não se consideravam em risco. Apenas 11% estavam cientes do real perigo que correm ao manter relações sexuais desprotegidas. 

 

Além disso, entre os adolescentes, outro levantamento mostrou que 35% dos jovens entre 12 e 18 anos não utilizam ou fazem raro uso de preservativos durante as relações sexuais, e quase 40% dos meninos
afirmaram não saber como usar o preservativo corretamente.

 

 

 

“Esses dados refletem um problema cultural e educacional, uma vez que muitos jovens não recebem
educação sexual e, consequentemente, deixam de buscar informações de confiança, preferindo
ouvir amigos ou ler na internet. Essa falta de conhecimento dos reais perigos do sexo desprotegido
tem sido mostrada nos últimos levantamentos do Ministério da Saúde que mostram um aumento
das ISTs entre os jovens”, afirma o presidente da SBU, Luiz Otávio Torres. 

 

Vacina do HPV


Além do uso do preservativo, que continua sendo a principal forma de proteção contra as ISTs, a SBU
destaca a importância da vacinação contra o HPV - uma das ISTs mais comuns e está ligado ao surgimento de verrugas genitais, anais e até orais que, por vezes, são de difícil controle e tratamento. Também está relacionado ao surgimento de cânceres, como o de colo uterino, pênis, orofaringe e região anal.

 

A vacina é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a meninos e meninas entre nove e 14 anos e imunossuprimidos, mas ainda possui baixa adesão. Embora tenha ocorrido um aumento de 42% na aplicação da vacina em 2023 em comparação com 2022, dados do DataSUS indicam que, em estados como Acre e Amapá, a cobertura vacinal para meninos ainda não supera os 20%.

 


"A vacina foi um grande avanço na ciência, mas, infelizmente, a adesão ainda está aquém do desejável, especialmente entre o público masculino. A SBU reconhece a importância de se realizar alertas e campanhas contínuas de esclarecimento sobre o tema, e por essa razão temos desenvolvido esse projeto ao longo do ano. Para o adolescente e pré-adolescente, recentemente foi adotado o esquema em dose única, o que acreditamos vá estimular a adesão ao tratamento”, analisa a diretora de Comunicação da SBU, Karin Anzolch.

 


O HPV aumenta o risco de desenvolvimento do câncer de colo de útero, de pênis e de ânus. Assim,
fazer exames regulares de detecção da doença é importante para início do tratamento adequado.


Dados de HIV/Aids


Segundo dados do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções
Sexualmente Transmissíveis (Dathi), entre 2020 e 2023, o Brasil registrou um número significativo
de casos de Aids, com variações notáveis entre os gêneros.


 


Para os homens, houve um aumento de 16,7% entre 2020 e 2022, já para as mulheres, os casos
cresceram 20,6% de 2020 a 2022. Em 2023 (dados computados até o mês de junho), foram
registrados 11.571 casos, dos quais 11.571 entre os homens e 4.702 entre as mulheres.


“Todas as pessoas sexualmente ativas de 13 a 64 anos devem realizar o teste do HIV pelo menos
uma vez, assim como pessoas que mantiveram contato sexual desprotegido ou com parcerias
anônimas. Indivíduos que usam drogas injetáveis e compartilham seringas e/ou agulhas devem
realizar o teste uma vez por ano. Profissionais do sexo e pessoas com múltiplas parcerias sexuais, em
intervalos menores. Também recomendamos a realização de exames para as pessoas que desejam
iniciar um novo relacionamento”, orienta o supervisor da Disciplina de ISTs da SBU, Zein
Mohamed Sammour.


Além do uso de preservativo, outra forma de se evitar o contágio pelo HIV é com o uso da profilaxia pré (PrEP) e pós (PEP) exposição. Ambas são distribuídas gratuitamente pelo SUS. De acordo com
Zein, esses medicamentos são muito eficientes na prevenção da contaminação pelo vírus HIV, e
a redução das chances de contaminação por esse vírus é superior a 90%.

 

Complicações das ISTs


Quando não tratadas, as ISTs podem causar sérios problemas de saúde, incluindo infertilidade,
doenças neurológicas e cardiovasculares, além de aumentar o risco de câncer, como o de pênis e de
colo de útero. Embora o uso do preservativo seja amplamente reconhecido como a principal medida
de proteção, outras medidas podem ser tomadas para a diminuição das infecções.

 


A realização periódica de exames permite a detecção precoce de ISTs, garantindo um tratamento
mais eficaz e reduzindo a transmissão para outras pessoas. Além disso, manter um estilo de vida
saudável, com alimentação equilibrada e exercícios físicos, fortalece o sistema imunológico e
contribui para a redução do risco de contrair ISTs.

 

Zein acrescenta ainda sobre a restrição do número de parceiros sexuais ou até a abstinência sexual, além do uso de preservativo, realização de consulta médica especializada e a utilização das vacinas contra o HPV e hepatite B como medidas de eficácia consagrada no combate às ISTs. “A diminuição do uso de preservativos entre os jovens é um tema preocupante, especialmente diante do aumento de práticas sexuais de risco. As consequências da queda na prevenção podem agravar outras ISTs, gerar o aumento de casos de sífilis, gonorreia e clamídia, que podem causar complicações graves. Indivíduos com ISTs não tratadas têm um risco maior de contrair o HIV."

 

O tratamento contínuo de ISTs e de suas complicações gera custos elevados e demanda recursos que poderiam ser evitados com a prevenção. "É essencial reforçar a importância do uso do preservativo, mesmo com os avanços no uso da profilaxia que são significativos na proteção contra o HIV. A educação sexual deve ser abrangente, contínua e incluir discussões sobre a importância de múltiplas formas de proteção, abordando os riscos das outras ISTs e combatendo mitos”, destaca o diretor da Escola Superior de Urologia da SBU, Roni de Carvalho Fernandes. 

 

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