Além das limitações físicas, o impacto na saúde mental dos jovens é profundo, desafiando a identidade, os relacionamentos e a rotina de quem sofre o AVC -  (crédito: Freepik)

Além das limitações físicas, o impacto na saúde mental dos jovens é profundo, desafiando a identidade, os relacionamentos e a rotina de quem sofre o AVC

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O acidente vascular cerebral (AVC) não afeta apenas os idosos. Jovens que enfrentam a condição têm a vida transformada. Além das limitações físicas, o impacto na saúde mental é profundo, desafiando a identidade, os relacionamentos e a rotina de quem sofre o AVC.

 

De acordo com a psicóloga, do Instituto Avencer, Katia Mota Assis, a aceitação da nova condição é um dos processos mais difíceis. "Os jovens não lidam apenas com a perda da autonomia ou habilidades físicas, mas com a sensação de não reconhecerem mais quem são", explica. As mudanças afetam não só o corpo, mas também a forma como se enxergam e interagem com o mundo ao redor.

 



 

A reabilitação vai além de exercícios físicos e terapias. Segundo a especialista, a autoestima é uma das esferas mais abaladas, já que o jovem precisa se reconstruir emocionalmente. "Resgatar atividades que conectem a pessoa com a vida antes do AVC ajuda a manter um senso de continuidade e identidade", pontua a especialista.

 

Fundadora do Instituto Avencer, Giuliana Cavinato vivenciou esse desafio pessoalmente. Aos 30 anos, ela sofreu um AVC que mudou sua vida. Para ela, o apoio da família e dos amigos foi essencial na recuperação emocional. "Eles nunca me deixaram de fora. Adaptaram passeios e atividades para que eu pudesse participar, como empurrar minha cadeira de rodas. Isso me fez sentir incluída, e não um peso".

 

O papel da rede de apoio é essencial, mas exige adaptação. "A família vive junto um luto. É difícil aceitar que aquela pessoa não é mais exatamente como antes, e quando esse processo acontece, o suporte se torna muito mais significativo", diz Katia.

 


Além da aceitação social, o autocuidado desempenha um papel importante na recuperação emocional. Giuliana conta que cuidar da aparência ajudou a preservar sua autoestima. "Mesmo com limitações, manter hábitos como pentear o cabelo ou passar batom fazia toda a diferença. Era como dizer para mim mesma que ainda estava aqui." Para a psicóloga, o autocuidado é uma ferramenta poderosa para reconectar mente e corpo durante a reabilitação.

 

Apesar das dificuldades, tanto especialistas quanto pacientes destacam que é possível ressignificar a vida após um AVC. "A recuperação emocional não é só sobre voltar a ser quem você era, mas descobrir quem você pode ser daqui para frente", reforça a psicóloga.

 

 

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