No Brasil, apesar de serem proibidas desde 2009 pela Anvisa, as câmaras de bronzeamento artificial ainda são comercializadas -  (crédito: Freepik)

No Brasil, apesar de serem proibidas desde 2009 pela Anvisa, as câmaras de bronzeamento artificial ainda são comercializadas

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Segundo pesquisa realizada pela Iarc (sigla em inglês para Agência Internacional para Pesquisa do Câncer), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a pesquisa na área oncológica, o risco de câncer de pele aumenta em cerca de 75% quando as pessoas fazem uso de câmaras de bronzeamento artificial antes dos 30 anos.

 

O órgão elevou o nível de alerta sobre a prática difundida em diversos países. No Brasil, apesar de serem proibidas desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as câmaras de bronzeamento artificial ainda são comercializadas. E seguem com adeptos.

 

 

Em novembro deste ano, dois estabelecimentos fabricantes desses equipamentos foram interditados na Grande São Paulo em uma operação conjunta da Anvisa com a polícia, sendo apreendidas 30 câmaras.

 

Médico oncologista e coordenador do comitê de tumores de pele da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Rodrigo Munhoz explica que a exposição à radiação ultravioleta (UV) por meio do bronzeamento artificial é extremamente prejudicial à pele - pode causar queimaduras, envelhecimento precoce e até o desenvolvimento de tumores.

 

“A regulamentação para as câmaras de bronzeamento artificial varia conforme o país e no Brasil elas são proibidas”. O desejo de uma pele com aparência bronzeada, no entanto, leva as pessoas a se submeterem a sessões de bronzeamento artificial em clínicas clandestinas, adverte o médico oncologista.

 

“Mesmo assim, há alternativas mais seguras que promovem o bronze temporário, como o bronzeamento a jato, no qual é aplicado um spray na camada superior da pele, e cremes autobronzeadores, que não requerem a exposição à radiação UV. De todo modo, há pessoas que podem ter alergia a esses produtos”.

 

Câncer de pele

 

Durante o Dezembro Laranja, mês de conscientização sobre o câncer de pele, os especialistas da SBOC também esclarecem sobre esse tipo de tumor, que é o mais frequente no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam 180 mil novos casos de câncer de pele anualmente no país. Destes, até 95% são diagnósticos de câncer não-melanoma e em torno de 5% de câncer melanomas.

 

 

O médico oncologista Antonio Carlos Buzaid, membro da SBOC, detalha que há diferenças entre o câncer não-melanoma e o melanoma. “Eles nascem de células diferentes. Enquanto o melanoma nasce de células que produzem a melanina, o melanócito, os outros cânceres de pele são mutações devido à exposição solar, mas em outros tipos de célula da pele”.

 

Ele também conta que o melanoma é mais agressivo e, quanto mais profundo, maior a chance de entrar nos canais linfáticos ou nos vasos sanguíneos e se espalhar, ameaçando a vida do paciente. “Então, quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura”, afirma.


 

Em aspectos gerais, o desenvolvimento do câncer de pele está relacionado à exposição à radiação UV sem proteção adequada e a um histórico da doença na família. Rodrigo Munhoz orienta que as pessoas evitem se expor ao sol nos períodos com radiação mais nocivas (das 10h às 16h) e não se submetam a câmaras de bronzeamento artificial.


 

“Para se expor ao sol, é necessário usar protetor solar com fator de proteção solar mínimo de 30, o qual deve ser reaplicado a cada duas horas ou sempre após entrar no mar ou piscina, e vestir roupas, boné ou chapéu e óculos escuros para proteger as áreas mais expostas”, diz o coordenador do comitê de tumores de pele da SBOC. “O ideal é deixar o protetor solar ao lado da escova de dente para se lembrar de aplicar o protetor solar na pele já de manhã”, sugere.


 

Os especialistas chamam a atenção a sinais como feridas que não cicatrizam, manchas ou nódulos na pele de crescimento rápido e pintas com ardência ou sangramento. Os critérios ABCDE ajudam a identificar pintas suspeitas e que devem ser mostradas para um médico dermatologista.

 

Tais critérios dizem respeito a pintas com (a)ssimetria, (b)ordas irregulares, com (c)or mais escura, com (d)iâmetro variável e de (e)volução constante. Além disso, tumores de pele podem surgir em áreas pouco expostas ao sol, como palmas das mãos e plantas dos pés.


 

Caso esses sinais sejam notados, os especialistas orientam que um dermatologista seja procurado. “A campanha é importante, mas a gente precisa lembrar que todos os meses são laranja”, reforça  Antonio Carlos Buzaid.

 

 

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