Cirurgias são desdobramentos da queda que Lula sofreu no banheiro em outubro -  (crédito: Getty Images)

Cirurgias são desdobramentos da queda que Lula sofreu no banheiro em outubro

crédito: Getty Images

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O procedimento a que o presidente Lula (PT) será submetido nesta quinta (12/12) é considerado uma estratégia inovadora e efetiva para reduzir o risco de novos sangramentos em casos de pacientes com hematoma subdural crônico.

 

O presidente está internado no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo após realizar cirurgia de emergência após a constatação de hemorragia intracraniana na terça-feira (10). A realização do novo procedimento foi confirmada em boletim médico divulgado na tarde desta quarta-feira (11/12).

 

 

A embolização das artérias meníngeas -que irrigam as meninges, membranas que revestem o sistema nervoso central- tem objetivo de interromper o fluxo de sangue em uma região do cérebro.

 

Estudo publicado no mês passado na revista científica New England of Medicine mostra que a recorrência de sangramento em pacientes submetidos a uma cirurgia como a de Lula foi de 9%, enquanto entre aqueles operados e, depois, embolizados, foi 3%. Pesquisas anteriores mostraram diferenças ainda maiores -de 11% para 3%.

 

Segundo neurologistas, embora o tratamento clássico recebido pelo presidente seja efetivo, o fato de ele já ter fatores de risco adicionais, como a idade e uma agenda cheia de viagens aéreas, as chances de sangramento são maiores, o que justifica a embolização.

 

"Em casos em que a recorrência [do sangramento] pode acontecer pelos fatores de risco, a gente opta pela embolização. Há evidências científicas suficientes para suportar essa decisão", diz a neurocirurgiã Ana Gandolfi, coordenadora do setor de emergências neurocirúrgicas da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

 

Segundo o neurocirurgião Luiz Severo, em geral, esse procedimento é indicado para pacientes operados e que tiveram recidiva do sangramento. "Mas estamos falando do presidente da República. Então, justifica esse conjunto de estratégias para evitar uma nova cirurgia e todas as complicações."

 

Gandolfi explica que o novo procedimento é considerado de baixo risco e não aumenta o tempo de recuperação de Lula.

 

"Ele lembra um pouco um cateterismo. Só que, em vez de chegar até o coração, a gente faz um cateterismo para chegar nas artérias da meninge. É um procedimento endovascular, você coloca um cateter dentro da artéria. É menos invasivo, não tem corte."

 

Em situações normais, explica a médica, recomenda-se 24 horas de repouso. "Como o presidente já está internado e a programação é ficar uma semana, então não vai mudar muito nesse sentido."

 

A neurocirurgiã também reforça que a embolização não tem relação com a cirurgia feita por Lula para a drenagem do sangramento.

 

"Às vezes, o pessoal fala: 'será que a cirurgia deu errado?' Não é isso. A cirurgia pode ter sido ótima, mas você faz a embolização para tentar diminuir a chance de recidiva, que a gente sabe que é relativamente alta."

 

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No SUS, o procedimento tem sido oferecido em protocolos de pesquisa. Ele também não é ofertado pelos planos de saúde por não estar incluído no rol de procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).