Testes, vacinas, medicamentos de profilaxia e campanhas educativas. Essa soma levou o Brasil a alcançar progressos significativos na luta contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023, o Brasil diagnosticou 96% das pessoas estimadas de serem infectadas por HIV e não sabiam da condição sorológica. Esse marco cumpre uma das metas globais da Organizações das Nações Unidas (ONU) para erradicar a Aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) como problema de saúde pública.
Além disso, o país chegou à marca de 100 mil usuários da profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) - medicamentos que previnem a infecção pelo vírus. A medicação é distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, também, encontrada na rede privada, sendo que um quarto das pessoas que aderem à profilaxia estão na capital paulista, onde a estratégia é associada a uma queda de 48,1% no número de novos casos de HIV nos últimos cinco anos. Além disso, 95% dos pacientes em tratamento atingiram supressão viral, o que significa risco zero de transmissão. Portanto, expansão da profilaxia e do diagnóstico são as estratégias para diminuir o número de casos.
De acordo com a infectologista do Grupo Fleury, Melissa Valentini, a PrEP viabiliza o uso de medicamento para evitar a contaminação. “Ela está disponível na rede pública de saúde, na maioria das cidades, e, também, na rede privada. É direito do cidadão ser informado sobre essa possibilidade. É importante também alertar que, se há um risco de infecção pelo HIV ou se a pessoa tem essa desconfiança, é preciso procurar o serviço de saúde para se testar, uma vez que a doença não tem cura, mas os tratamentos são bem efetivos”, disse Melissa Valentini.
Segundo a infectologista, é importante destacar que, com os avanços da medicina, a doença teve seu curso totalmente modificado. Os pacientes que fazem uso de medicamentos têm sobrevida igual à população sem HIV com qualidade de vida. “O grande desafio é diminuir o número de novas infecções. Sabemos que a prevenção passa pelo uso do preservativo durante as relações sexuais, mas é importante que as pessoas conheçam novas estratégias para prevenção como o uso de medicamento após uma exposição de risco, como a profilaxia pós-exposição (PEP)”, afirma.
Os pacientes que fazem a profilaxia pós-exposição (PEP) utilizam por 28 dias a mesma medicação quando se inicia o tratamento para HIV. Depois de 30 dias, Melissa explica que é preciso repetir o exame de HIV e, após 90 dias, fazer novamente todos os exames para que o paciente seja liberado da janela imunológica. “Para a PEP, normalmente o serviço correto de se procurar são os prontos atendimentos, onde se atendem as urgências médicas, já que são casos considerados de risco. O paciente deve procurar, na cidade em que está, o local que faz esse tratamento. Além das unidades de pronto atendimento, existem os Centro de Testagem e Aconselhamento”, orienta.
Já o paciente que faz a profilaxia pré-exposição, segundo a infectologista, utiliza remédio de maneira contínua. “A medicação é liberada após o paciente buscar o serviço de saúde e realizar exames de HIV, hepatite BC, sífilis e os exames de outras ISTs, como gonorreia e clamídia. Para o tratamento PrEP é necessária liberação médica e o paciente pode buscar orientação e acompanhamento nos postos de saúde”, explica a infectologista.
Melissa Valentina reforça que, no contexto das ISTs, o fortalecimento da educação sexual, a ampliação do acesso a testes e a prevenção combinada, que inclui preservativos e PrEP/PEP, são fundamentais para conter a transmissão do HIV. Políticas públicas inclusivas e o combate ao estigma são essenciais para atingir as metas de erradicação até 2030.
Os usuários da profilaxia pré-exposição (PrEP) com HIV, com idades entre 15 e 45 anos, passaram a integrar, neste ano, o público-alvo para vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) no Brasil por meio da vacina quadrivalente (HPV4), que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus.
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