
O burnout social, ou esgotamento social, ocorre quando a sobrecarga de interações sociais e responsabilidades emocionais levam a um desgaste psíquico
A síndrome de Burnout, classificada como uma doença ocupacional, é conhecida por seu impacto em contextos profissionais e frequentemente associada apenas ao ambiente de trabalho. Contudo, a condição pode se manifestar em contextos sociais, especialmente em períodos de alta interação, como o fim de ano, impactando a capacidade das pessoas de lidar com as demandas dos relacionamentos. Nesse caso, o fenômeno é conhecido como burnout social.
O burnout social, ou esgotamento social, ocorre quando a sobrecarga de interações sociais e responsabilidades emocionais levam a um desgaste psíquico. Diferente do burnout comum, que está relacionado a demandas profissionais, a condição surge como resultado de pressões e expectativas vindas de relações interpessoais com amigos, familiares e, até mesmo, em relacionamentos amorosos.
Segundo a especialista da BurnUp, healthtech focada em saúde mental e emocional, Luciana Benedetto, entre as principais causas desse tipo de esgotamento social, está a sobrecarga emocional de estar constantemente disponível para os outros, sem ter tempo para si, e a pressão por agradar, caracterizada quando a pessoa se sente na obrigação de cumprir expectativas, mesmo quando isso vai contra os próprios limites.
Além disso, a psicóloga e neurocientista destaca que a falta de reciprocidade nas relações também pode agravar a condição, levando a um sentimento de desgaste para quem se doa mais do que recebe. Outra causa frequente é viver em relacionamentos marcados por tensões e desentendimentos constantes.
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“O fim de ano, com festas e reuniões, pode ser um gatilho para o burnout social. A pressão para socializar e cumprir tradições pode intensificar o esgotamento emocional. Para muitas pessoas, as celebrações trazem lembranças difíceis, como perdas familiares, aumentando a vulnerabilidade emocional. Por isso, se alguém está em dúvida se já se encontra ou não em alguma das situações acima listadas, é preciso reconhecer os sintomas para preservar a saúde mental”, acrescenta Luciana.
Entre os sintomas mais comuns listados pela especialista estão:
- Exaustão social: cansaço extremo após interações sociais, mesmo aquelas que antes eram prazerosas. A sua chamada “bateria social” esgota cada vez mais rápido
- Distanciamento emocional: afastamento de amigos e familiares, com o objetivo de se proteger de uma sobrecarga emocional
- Irritabilidade e impaciência: pouca tolerância para situações sociais, mesmo com pessoas próximas
- Dificuldade de concentração e tomada de decisões: sensação de esgotamento mental, dificultando tarefas cotidianas
- Queda na autoestima e autoconfiança: sensação de fracasso nas relações, levando a uma autopercepção negativa e a culpa
Segundo a psicóloga, depois de reconhecer os sintomas, algumas atitudes podem ser tomadas para reverter o quadro e preservar a saúde mental, mesmo diante das preocupações e pressões em épocas que exigem alta socialização.
“Estabelecer limites, reservar tempo para si e focar em relações de reciprocidade são ações necessárias para quem se sente esgotado socialmente. Porém, se os sintomas persistirem e interferirem na sua qualidade de vida, é importante buscar a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, profissionais que poderão oferecer ferramentas específicas para lidar com o burnout e gerenciar as relações de forma mais saudável”, complementa.
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