Morreu nesta quinta-feira (26), o ator e diretor Ney Latorraca, aos 80 anos, no Rio de Janeiro. O artista estava internado desde do dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente, onde lutava contra um câncer de próstata. Com a doença diagnosticada em 2019, ele passou por uma cirurgia para a remoção da próstata, mas em agosto deste ano a doença voltou já em metástase. O ator morreu em decorrência de uma sepse pulmonar.
- Leia mais: Por que ainda se usa o toque retal para diagnóstico de câncer de próstata
- Leia mais: Diagnóstico precoce do câncer de próstata eleva chance de cura em mais 90%
Os casos de vários tipos de câncer e a mortalidade associada à doença devem aumentar significativamente entre o público masculino até 2050, de acordo com um estudo da Escola de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Queensland, publicado neste ano de 2024.
Alerta
A pesquisa estima que os casos de câncer aumentarão de 10,3 milhões para 19 milhões por ano, representando um salto de 84%, enquanto as mortes subirão de 5,4 milhões para 10,5 milhões — um crescimento expressivo de 93%. Entre os tipos de câncer com maior impacto está o de próstata, que apresenta uma previsão alarmante de aumento de 136,4% nos óbitos. No Brasil, os números também exigem atenção: segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 71.730 novos casos de câncer de próstata em 2024, consolidando-o como o segundo tipo de tumor mais frequente entre os homens, abaixo apenas do câncer de pele não melanoma.
Exame de toque
De acordo com Leonardo Lins, urologista da clínica Atma Soma, um dos fatores que contribuem para o avanço do câncer de próstata é a falta de atenção dos homens com a própria saúde. No entanto, aos poucos, essa realidade está mudando. "Comparado às gerações anteriores, hoje vemos uma maior conscientização sobre o autocuidado, a importância de exames regulares e visitas ao urologista. Ainda assim, muitos homens sentem-se desconfortáveis com a rotina de rastreamento da doença, especialmente o exame de toque. Isso é algo que pode ser discutido com o médico, pois há alternativas para o diagnóstico, como a ressonância magnética em casos específicos", destaca. O especialista também reforça que o exame de toque não é o único recurso: o PSA, exame de sangue que mede os níveis do antígeno prostático específico, é igualmente fundamental para detectar alterações que podem indicar a presença de câncer.
O urologista ressalta que, ao manter uma rotina regular de exames e consultas, o paciente aumenta significativamente as chances de detectar precocemente qualquer suspeita de neoplasia. "Nos estágios iniciais, o câncer de próstata não apresenta sinais nem sintomas. Ele não altera o padrão urinário, não causa sangramento ou dor. Mas, se for identificado cedo, as chances de cura ultrapassam 90%, pois o tratamento pode agir antes que a doença se espalhe. Por isso, é essencial que o homem não espere qualquer indício para procurar um médico".
Fatores de risco e prevenção
Leonardo Lins destaca que o principal fator de risco para o câncer de próstata está ligado à genética. "Está diretamente relacionado ao histórico familiar. Se o paciente tem parentes próximos com a doença, como pai ou irmãos, suas chances de desenvolver essa neoplasia aumentam em até quatro vezes". Outro componente importante é a idade, pois o câncer de próstata geralmente se manifesta em homens na faixa etária entre 50 e 75 anos.
A prevenção do câncer de próstata, como de outros tipos, está fortemente relacionada ao estilo de vida. "É fundamental que o paciente compreenda a importância de adotar hábitos mais saudáveis, algo que o médico pode contribuir com diversas orientações, como uma alimentação equilibrada com o suporte de um nutricionista, prática regular de atividade física com progressão adequada para evitar a sarcopenia, redução de vícios como álcool e tabaco, controle do estresse, entre outros. Trata-se de uma 'poupança' que o homem faz agora para colher saúde e longevidade ao longo dos anos", destaca o urologista da Atma Soma.
Leonardo conta que durante suas consultas, costuma conversar de maneira abrangente, não se restringindo apenas ao rastreamento da doença. “Busco entender outras questões relacionadas à saúde, modo de vida, sexualidade, para compreender como posso ajudar esse paciente a se cuidar da melhor forma”.
Além do câncer de próstata, o especialista também destaca a importância de estar atento a outras condições urológicas, como hiperplasia prostática benigna (HPB), infecções urinárias e disfunção erétil, que podem impactar na qualidade de vida do homem.
“Superar o medo ou preconceito em relação aos exames pode ser desafiador, mas é um passo crucial para garantir uma vida longa e saudável. Conversar abertamente com um médico de confiança pode ajudar a aliviar preocupações e esclarecer dúvidas. A prevenção é sempre o melhor caminho”, conclui.