A cirurgia plástica reconhecida por transformar vidas ao restaurar autoestima e harmonia estética enfrenta  um desafio crescente: o impacto de padrões de beleza irreais e o aumento de casos relacionados ao Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).

Esse transtorno, amplificado por redes sociais e filtros digitais, está levando muitos pacientes a buscarem procedimentos estéticos desnecessários, gerando debates sobre ética médica e saúde mental.



Segundo Josue Montedonio, cirurgião plástico, o TDC é uma condição marcada pela obsessão com imperfeições percebidas na aparência, muitas vezes inexistentes. "Esses pacientes têm uma visão distorcida de si mesmos. Mesmo após uma cirurgia bem-sucedida, a insatisfação persiste porque o problema não está no corpo, mas na mente", explica o especialista.


 

O aumento da popularidade de intervenções como preenchimentos faciais exagerados, muitas vezes inspirados por celebridades e tendências como a “face Kardashian”, criou um fenômeno conhecido como “caos facial”.

Para Montedonio, esse movimento distancia a cirurgia plástica de seus princípios: “O foco da nossa especialidade deve ser a harmonia e a individualidade, não a padronização extrema. Infelizmente, muitos pacientes chegam com expectativas baseadas em filtros digitais, o que pode levar a resultados artificiais e desproporcionais.”

Além disso, ele destaca o impacto de escolhas pouco éticas de alguns profissionais: "Infelizmente, há médicos que não avaliam o estado psicológico dos pacientes e realizam procedimentos desnecessários, colocando a saúde em risco."

O especialista reforça que avaliações psicológicas devem ser parte integrante do processo. “Precisamos identificar sinais de TDC e, quando necessário, encaminhar o paciente para acompanhamento psicológico. Dizer 'não' a uma cirurgia pode ser a melhor decisão para proteger a saúde do paciente.”

Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que a busca por procedimentos estéticos cresceu 30% nos últimos dois anos, especialmente entre jovens adultos. Diante dessa realidade,  Montedonio reforça a necessidade de educar a população. “A cirurgia plástica pode transformar vidas, mas deve ser feita com responsabilidade e consciência. A busca pela perfeição não deve comprometer a saúde e a autoestima do paciente”, avalia.

O cirurgião sugere ainda um mix de ética, educação e a colaboração entre especialistas para enfrentar o “caos facial” e redefinir o propósito da cirurgia plástica: ''não apenas transformar o exterior, mas também promover um bem-estar integral que contribua para a verdadeira qualidade de vida dos pacientes''.

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