O câncer de pele é uma doença muito comum, com estimativa de acometer mais de 200 mil brasileiros em 2024 segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O câncer de pele não melanoma é o tipo mais frequente, representando cerca de 30% de todos os tumores malignos no país. Apesar de sua baixa letalidade, pode ter complicações graves e impacto na qualidade de vida, sobretudo em casos avançados, tornando essencial a conscientização e o diagnóstico precoce.

 

Já o melanoma representa apenas 3% dos tumores de pele, mas é uma doença de maior letalidade, responsável por mais de duas mil mortes no Brasil em 2020, e cuja incidência vem aumentando nos últimos anos. 

 

“Os principais sinais de alerta do câncer de pele são alterações de pintas ou manchas pré-existentes, como mudança de cor, tamanho, textura, ou o surgimento de sangramento ou coceira sobre a lesão. Por isso é tão importante conhecer e observar sempre a própria pele, para que as eventuais mudanças sejam notadas”, ressalta a oncologista Marina Sahade, do Hospital Sírio-Libanês.
 

 



 

A história de Renata, gerente de enfermagem, destaca a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de pele. Há oito anos, durante uma consulta dermatológica de rotina, foi orientada a realizar acompanhamentos anuais devido a uma lesão pré-cancerígena, mas acabou negligenciando a recomendação. Foi em 2022 que a gerente procurou uma nova consulta devido a uma nova mancha no rosto, que foi considerada inofensiva, mas a médica encontrou uma outra pinta, que, para Renata, parecia insignificante, mas que se revelou um melanoma em estágio inicial.

 

“Foi por insistência da médica, que decidi examinar minha pele por completo, foi então que o diagnóstico foi feito. Uma lesão que eu jamais suspeitaria acabou revelando o câncer mais agressivo de pele”, conta Renata. A detecção e remoção rápidas garantiram um desfecho positivo e transformaram sua visão sobre os cuidados com a saúde.

 

 

A oncologista ressalta que um diagnóstico precoce, como o de Renata, é fundamental para aumentar as chances de cura, especialmente no caso do melanoma, que pode evoluir para metástase ao criar raízes profundas na pele. “Mesmo o melanoma, o tipo mais raro e agressivo de câncer de pele, tem elevada chance de cura quando descoberto no início”, afirma.
 

 

Ela também destaca os avanços nos tratamentos. “Nos últimos anos a comunidade médica foi revolucionada pelos avanços nos tratamentos dos tumores de pele, sobretudo com a chegada das terapias alvo e imunoterapias. São tratamentos que podem ser usados tanto para o melanoma como para outros tumores de pele, mas que são reservados apenas para casos um pouco mais avançados. Os casos iniciais ainda são tratados apenas com cirurgia”.
 

 

Desde o diagnóstico do câncer e a remoção da lesão, Renata iniciou acompanhamentos médicos regulares e passou a adotar uma rotina ainda mais rigorosa em relação à exposição solar, mesmo sem nunca ter o hábito de se expor diretamente ao sol devido à sua pele muito clara. “Evito ao máximo a exposição ao sol, principalmente nos horários de maior intensidade de radiação. Uso bloqueadores solares diariamente e, quando sei que estarei mais exposta, recorro a roupas especiais, chapéu e a uma medicação específica que preciso tomar dois dias antes”, relata.
 

 

 

Marina ressalta que o principal fator de risco para o câncer de pele é a exposição solar prolongada e repetitiva, especialmente durante a infância e adolescência. Contudo, ela destaca outros fatores de atenção. “Pessoas com pele, olhos e cabelos claros, que se queimam facilmente, têm maior predisposição, mas é fundamental lembrar que pessoas negras também podem desenvolver a doença. Além disso, imunossuprimidos, indivíduos com histórico familiar de câncer de pele e aqueles que utilizam câmaras de bronzeamento artificial estão no grupo de risco”, alerta.


 

No caso de Renata, fatores como a pele clara e o histórico familiar – seu pai teve câncer de pele e carcinoma espinocelular – podem ter contribuído para o desenvolvimento da condição.

 

Marina destaca a importância de datas como Dezembro Laranja, que reforçam a relevância das consultas de rotina com o dermatologista, que devem ser realizadas anualmente. “Em casos de lesões suspeitas, pode ser necessário um acompanhamento mais frequente, a cada três ou seis meses, para avaliar a evolução e determinar a necessidade de biópsia. Durante o check-up dermatológico, é crucial examinar toda a pele, incluindo o couro cabeludo e unhas”, orienta. 

 

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