A decisão do cantor Zé Vaqueiro de realizar uma vasectomia reversível reacendeu o debate sobre um dos métodos contraceptivos masculinos mais eficazes e suas implicações no planejamento familiar. Embora seja amplamente reconhecida como uma técnica permanente, ainda existem muitas dúvidas sobre seu funcionamento, os riscos envolvidos e a possibilidade de reversão.

 

Segundo o médico uro-oncologista Fernando Marsicano, a vasectomia é um procedimento cirúrgico que bloqueia os ductos deferentes, canais responsáveis por transportar os espermatozoides dos testículos para o sêmen. “Essa intervenção impede a presença de espermatozoides no líquido ejaculado, eliminando a possibilidade de fecundação."

 



 

O procedimento, que pode ser realizado em ambiente ambulatorial com anestesia local, é simples e rápido - dura cerca de 30 minutos. Existem duas técnicas principais: a tradicional, que envolve pequenas incisões no escroto para cortar e bloquear os ductos deferentes, e a técnica sem bisturi, que utiliza um pequeno orifício, sendo menos invasiva e com tempo de recuperação reduzido.

 

"Após a cirurgia, o paciente pode retomar atividades leves em poucos dias", afirma o médico. Apesar de segura, a vasectomia, como qualquer intervenção cirúrgica, não é isenta de riscos.

 

Fernando detalha que, entre as complicações mais comuns estão dor ou desconforto temporário, inchaço, hematomas e, mais raramente, infecções. Casos menos frequentes incluem granuloma espermático, uma reação inflamatória causada pelo extravasamento de espermatozoides, e a síndrome de dor pós-vasectomia, caracterizada por dor crônica no escroto.

 

 

Apesar de ser considerada um método contraceptivo permanente, pode ser revertida em algumas situações. Isso é feito por meio de cirurgias como a vasovasostomia ou epididimovasostomia, que religam os ductos deferentes para restabelecer o fluxo de espermatozoides. Contudo, a reversão não é garantida, e suas chances de sucesso variam de acordo com o tempo decorrido desde a cirurgia.

 

"Se o procedimento de reversão for realizado até cinco anos após a vasectomia, as taxas de sucesso variam de 85% a 95%. Entre cinco e dez anos, as chances diminuem para 70% a 80%, e após dez anos, as probabilidades caem para cerca de 50% ou menos", explica o especialista. "Outros fatores, como a saúde reprodutiva do paciente e a experiência do cirurgião, também desempenham papel importante nos resultados."

 

Antes de optar por ela, é essencial refletir sobre a decisão, pois, embora a reversão seja possível, o procedimento é mais complexo, custoso e nem sempre eficaz.

 

Fernando ressalta que o procedimento deve ser encarado como uma escolha definitiva. "Contar com a reversão como uma garantia pode gerar frustrações, já que nem sempre é possível recuperar a fertilidade”, reforça.

 

 

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