O fim de ano é marcado por celebrações, confraternizações e, muitas vezes, pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Apesar de ser um costume comum, a ingestão, especialmente em grandes quantidades, pode trazer prejuízos à saúde mental e ao funcionamento do cérebro.
De acordo com o médico neurocirurgião Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, os impactos do álcool no cérebro podem ser percebidos a curto, médio e longo prazo. “A ingestão aguda de álcool pode provocar perda de memória temporária, dificuldades de concentração, déficit de coordenação motora e alterações no sono. Já o consumo crônico está relacionado à neurodegeneração, atrofia cerebral e quadros mais graves, como a encefalopatia de Wernicke-Korsakoff, uma condição que causa danos irreversíveis à memória e à cognição”, explica o especialista.
Embora muitos acreditem que pequenas doses de álcool sejam inofensivas, Felipe alerta que não há uma quantidade completamente segura para o organismo. “Mesmo em pequenas quantidades, o álcool pode gerar alterações sutis nas funções cognitivas e neurológicas. A Organização Mundial da Saúde estabelece limites que caracterizam o consumo como moderado – cerca de uma dose diária para mulheres e até duas para homens. No entanto, esses limites apenas reduzem os riscos, não os eliminam”, afirma.
Exageros de fim de ano
As festas de fim de ano são ocasiões propícias para esses exageros. Seu consumo elevado pode desencadear danos em diferentes prazos. “A curto prazo, o álcool pode causar intoxicação aguda, perda de reflexos, risco de quedas, desidratação e aumento da chance de acidentes. Em médio prazo pode levar a problemas no sono, lapsos de memória, inflamação hepática e fadiga crônica. A longo prazo, pode desencadear dependência química, lesões hepáticas graves, como a cirrose, e doenças neurodegenerativas associadas à atrofia cerebral”, destaca Felipe.
- 'Eu não tinha ideia de que beber socialmente prejudicaria meu fígado aos 31 anos'
- Brasil registra uma morte de idoso a cada 4 horas devido ao uso abusivo de álcool, diz pesquisa
Dicas para prevenir os danos do álcool
Para evitar os prejuízos, a moderação é essencial. “Intercalar bebidas alcoólicas com água ajuda a reduzir os efeitos negativos. Também é importante não consumir álcool em jejum, dando preferência a alimentos ricos em proteínas e carboidratos, que diminuem a absorção rápida do álcool”, orienta o neurocirurgião.
Outras estratégias incluem planejar previamente a quantidade de bebida ingerida e optar por alternativas saudáveis, como água com gás ou sucos naturais.
Consumo de álcool e direção
Um dos aspectos mais graves relacionados ao consumo de álcool é sua associação com a direção. “O álcool compromete funções essenciais para a condução segura, como o tempo de reação, a percepção visual e a coordenação motora. Os reflexos tornam-se mais lentos, a visão pode ficar turva ou duplicada, e o julgamento é prejudicado, aumentando os riscos de acidentes fatais no trânsito”, alerta Felipe.
A única medida segura é evitar o consumo de álcool caso haja a intenção de dirigir. “Essa é uma responsabilidade que protege tanto o motorista quanto os passageiros e todos ao redor".
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia