Hanseníase -  (crédito: Reprodução/Governo do Ceará)

Apesar da disseminação de informações e acesso amplo ao tratamento, a hanseníase ainda é muito estigmatizada

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A hanseníase é uma doença crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen), que além de afetar os nervos superficiais e nervos periféricos da pele, pode acometer os olhos. “Na visão, acreditava-se que os sintomas só surgiam depois de cinco a 10 anos do início da patologia, mas atualmente têm aparecido casos de alterações oculares próximos do diagnóstico sistêmico”, explica Paula Veloso Avelar Ribeiro, oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais (Iomg).

 

De acordo com a oftalmologista, as manifestações oculares mais frequentes são perda da sensibilidade da córnea, cílios brancos, obstrução das vias lacrimais, catarata e uveíte – uma inflamação intraocular que geralmente provoca dor, baixa visão e vermelhidão nos olhos.  

 

 

 

“Em relação à perda de sensibilidade da córnea, o paciente pode não perceber, por exemplo, a presença de algum corpo estranho nos olhos, tornando-se uma porta de entrada para infecções secundárias. Nas fases mais avançadas, a hanseníase pode causar perda da visão, sendo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), responsável por 50 a 100 mil casos globais de cegueira”, alerta.

 

A boa notícia é que o tratamento da hanseníase, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pode ser feito em casa com antibióticos por um período de seis a 12 meses, com o devido acompanhamento médico nas unidades de saúde. “Se a doença afetar os olhos, é necessário iniciar, primeiramente, o tratamento sistêmico. Dependendo do tipo de manifestação ocular, o oftalmologista definirá a abordagem: para uma uveíte, serão indicados colírios; para alterações na córnea, dependendo do grau de comprometimento, poderá ser necessário um procedimento cirúrgico”.

 

 

Apesar da disseminação de informações e acesso amplo ao tratamento, a hanseníase ainda é muito estigmatizada, sobretudo no que diz respeito ao contágio, já que sua principal forma de transmissão é por meio de gotículas da saliva e da secreção do nariz ou contato prolongado com o enfermo que não esteja em tratamento. "Portanto, tocar a pele do paciente ou abraçá-lo não transmite a doença, e cerca de 90% da população tem capacidade de defesa do organismo contra o bacilo", destaca a oftalmologista. 

 

Da mesma forma, Paula Ribeiro diz que é preciso conscientizar que a condição pode ser prevenida com a adoção de hábitos saudáveis, alimentação equilibrada e prática regular de atividade física, associados a condições de higiene básicas. Tais medidas contribuem para o fortalecimento do sistema imunológico.

 

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