CONFLITOS INTERNOS

Transtorno de conversão: saiba o que é, sintomas e como evitar

A atriz chinesa Zhao Lusi, de 26 anos, foi diagnosticada com a condição, além de ansiedade, depressão e afasia

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A atriz chinesa Zhao Lusi, de 26 anos, conhecida por sua atuação na série "Amor Oculto", tem enfrentado desafios significativos em sua saúde mental e neurológica desde o final de 2024. De acordo com relatos da mídia local, Zhao foi diagnosticada com transtorno de conversão, além de ansiedade, depressão e afasia.  

Em dezembro de 2024, imagens da atriz sendo levada em uma cadeira de rodas ao Hospital de Hangzhou, na China, viralizaram nas redes sociais, gerando preocupação entre os fãs. Posteriormente, sua assessoria confirmou a suspensão de todos os compromissos profissionais devido a uma "crise de saúde", sem fornecer detalhes adicionais.  

O que é o transtorno de conversão?  

O transtorno de conversão, também conhecido como transtorno de sintomas neurológicos funcionais, é uma condição na qual o sofrimento emocional ou psicológico se manifesta por meio de sintomas físicos sem uma causa médica ou neurológica identificável.  

“Ele ocorre quando os conflitos internos, o estresse intenso ou traumas se traduzem em disfunções motoras ou sensoriais, sem que haja uma lesão ou uma doença orgânica subjacente”, explica a neuropsicóloga Leninha Wagner, PhD em neurociências e doutora em psicologia.  

Os sintomas podem incluir:  

  • Paralisia total ou parcial dos membros sem explicação médica  
  • Perda da sensibilidade ou dormência em determinadas regiões do corpo  
  • Movimentos involuntários, tremores ou crises convulsivas não epilépticas  
  • Dificuldades na fala, como mutismo ou fala arrastada  
  • Perda da visão ou audição sem uma lesão identificável  
  • Sensação de nó na garganta ou dificuldade para engolir  
  • Alterações na coordenação motora ou marcha instável  

“O paciente não finge os sintomas. Pelo contrário, eles são reais e podem ser altamente incapacitantes, mas sua origem está ligada ao funcionamento psíquico e não a um dano físico”, destaca.  

Além dos sintomas físicos, os pacientes frequentemente apresentam dificuldades para reconhecer ou expressar emoções, conflitos emocionais reprimidos e ansiedade intensa antes do surgimento dos sintomas. Muitos também relatam episódios de dissociação, nos quais se sentem desligados da realidade ou até do próprio corpo. “Os sintomas aparecem de forma súbita, geralmente após eventos traumáticos ou períodos de alto estresse emocional”, aponta a especialista.  

Depressão e ansiedade

Pessoas com transtornos depressivos ou ansiosos são mais vulneráveis ao transtorno de conversão, pois possuem maior dificuldade em regular emoções e lidar com o estresse de forma saudável. Isso pode aumentar a sensação de desesperança e a dificuldade de expressar sentimentos, tornando o corpo um meio de manifestação do sofrimento psíquico.  “A ansiedade, por manter o sistema nervoso hiperativo, pode favorecer crises conversivas, como tremores, crises não epilépticas e dificuldades respiratórias”, explica a neuropsicóloga.  

Além disso, indivíduos com histórico de traumas emocionais ou abuso psicológico apresentam maior predisposição a desenvolver sintomas conversivos, especialmente se não tiveram espaço para elaborar essas experiências ao longo da vida.  

Diagnóstico e tratamento  

O diagnóstico do transtorno de conversão exige uma abordagem cuidadosa e multidisciplinar. O processo geralmente envolve:  

  1. Neurologistas: para descartar doenças como esclerose múltipla, epilepsia ou transtornos musculares  
  2. Psiquiatras: para avaliar a presença de transtornos psiquiátricos associados, como ansiedade, depressão e transtornos dissociativos  
  3. Psicólogos clínicos ou neuropsicólogos: para investigar padrões emocionais, mecanismos inconscientes e traumas que possam estar contribuindo para a conversão dos sintomas  

“O diagnóstico deve ser conduzido com cuidado, pois o paciente pode se sentir desacreditado ou confuso ao ouvir que sua condição não tem uma causa física identificável. A validação do seu sofrimento e uma explicação clara sobre o transtorno são fundamentais para a aceitação do tratamento”, ressalta.  

O tratamento do transtorno de conversão deve ser multidisciplinar e focado na identificação e resolução dos conflitos emocionais subjacentes. As abordagens mais eficazes incluem:  

  • Psicoterapia: especialmente terapias de reprocessamento emocional  
  • Terapias corporais: como fisioterapia para reabilitação motora  
  • Medicação: em casos em que há transtornos psiquiátricos associados  
  • Psicoeducação: para ajudar o paciente a entender a relação entre mente e corpo, reduzindo os sintomas  

Os sintomas podem se intensificar se houver alguma condição pré-existente, como transtornos de ansiedade, depressão, síndromes de dor crônica (fibromialgia, enxaquecas tensionais) ou transtornos dissociativos.  

Se não tratado, o transtorno pode se tornar crônico, levando o paciente a um ciclo de sofrimento no qual o corpo continua manifestando conflitos emocionais sem resolução.“O transtorno de conversão é frequentemente mal compreendido. Muitos pacientes enfrentam desconfiança e desvalidação da sua dor. No entanto, os sintomas são reais e representam um sofrimento significativo”, enfatiza.  

A psicoterapia desempenha um papel essencial no tratamento, ajudando o paciente a desenvolver formas mais saudáveis de lidar com o estresse e identificar gatilhos emocionais que desencadeiam os sintomas físicos. Além disso, o suporte da família e da rede de apoio é fundamental.

“Evitar julgamentos, incentivar o tratamento e oferecer um ambiente seguro para expressão emocional são fatores que contribuem diretamente para a melhora do quadro. A recuperação é possível e, quando o paciente compreende a relação entre suas emoções e sintomas físicos, ele ganha autonomia para construir estratégias de regulação emocional que previnem novas crises.”  

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