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Anvisa estuda liberar manipulação de cannabis medicinal
As farmácias poderão manipular, possivelmente, apenas o canabidiol isolado, que, segundo a Anvisa, apresenta evidências mais robustas de eficácia e segurança
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Em seminário realizado esta semana no Rio de Janeiro, o gerente de Medicamentos Específicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (GMESP Anvisa), João Paulo Perfeito, anunciou que a agência estuda liberar a manipulação de medicamentos derivados de cannabis em farmácias de manipulação. No entanto, afirmou que, possivelmente, as farmácias poderão manipular apenas o canabidiol (CBD) isolado, que, segundo a Anvisa, apresenta evidências mais robustas de eficácia e segurança.
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Claudia Mano, advogada especializada em regulação de farmácias e cannabis pontua que a limitação ao CBD isolado não é benéfica para pacientes: ”Farmácias de manipulação e pacientes seriam amplamente beneficiados caso fosse possível operar com uma variedade de insumos farmacêuticos em diferentes concentrações, com CBD e THC, facilitando o ajuste de dosagem pelo médico do que realmente funciona para cada paciente. "
Ao defender o impedimento atual para farmácias de manipulação, o gerente da Anvisa afirmou que a Portaria 344, que regulamenta o que é droga proscrita ou medicamentosa no país, já previa que a cannabis e seus derivados não fossem autorizados, exceto quando em sua forma terminada, com autorização ou registro sanitário.
Para Claudia Mano, o argumento não se sustenta. "Isso porque as substâncias THC e CBD já estão listadas como drogas lícitas na Portaria 344, e as farmácias de manipulação já estão autorizadas a operar com drogas lícitas listadas pela própria Agência (como morfina e testosterona). Dessa forma, não seria legítimo diferenciar os insumos farmacêuticos quando voltados para as farmácias magistrais".
Segundo Perfeito, “as mudanças principais que as áreas técnicas da Anvisa discutiram, e que estão sendo sugeridas agora para a Diretoria Colegiada da Anvisa, estão relacionadas, sobretudo, ao limite de THC”, referindo-se ao limite máximo de THC com efeito psicotrópico (atualmente 0,2%).
Receituário
A agência também estuda mudar as regras de receituário. Hoje, dependendo da dosagem, há a incidência de receituário B (azul) dentro do limite de 0,2% de THC, ou receituário A (amarelo) para concentrações superiores.
A norma não exclui produtos com teor de THC acima do limite estabelecido, mas os enquadra na categoria regulatória de registro sanitário, com todas as exigências aplicáveis pela agência, incluindo a necessidade de comprovação de eficácia e segurança, atualmente excepcionada pela RDC 327/19.
"A deliberação sobre o texto de consulta pública, que permitirá a participação social, deve ser pautada nas primeiras reuniões da Diretoria Colegiada da Anvisa, a partir do início de fevereiro de 2025. Essas novidades representam mais um avanço do mercado de cannabis medicinal no Brasil", conclui a advogada.