NEOPLASIAS

MG é responsável por 11% das estimativas de câncer no Brasil

Apesar de a doença ainda ser estigmatizada e vista como uma sentença de morte, os avanços no tratamento têm provocado uma mudança na mentalidade

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Minas Gerais deve registrar 78.100 casos de câncer até o final deste ano, o que corresponde a 11% do total de diagnósticos no país, revela dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em âmbito nacional a previsão é que o Brasil contabilize, até dezembro, 704.080 notificações da enfermidade. Excluindo os tumores de pele não melanoma, as neoplasias na mama feminina e na próstata serão as mais incidentes em todos os estados brasileiros, com 73.610 e 71.730 detecções, respectivamente.

Para o oncologista Alexandre Chiari, apesar da doença ser estigmatizada por grande parte da população, que ainda acredita que o diagnóstico é uma sentença de morte, felizmente os avanços no tratamento têm provocado uma mudança de mentalidade. “Os pacientes, antes, tinham uma sobrevida muito menor, isso é verdade. Antes da Segunda Guerra Mundial, por exemplo, apenas 5% [dos pacientes] viviam pelo menos cinco anos após a descoberta da enfermidade. Hoje mais de 50% da população mundial na luta contra tumores consegue sobreviver de forma longeva, o que se deve às novas tecnologias e terapias com menos efeitos adversos e efetividade muito maior.” 

Um exemplo, segundo o especialista, que ilustra esse novo cenário, é a mudança do prognóstico de tratamento para câncer de pele melanoma avançado. Na década de 90, conforme aponta Alexandre, raramente o paciente chegava a um ano de vida. “Hoje, graças a imunoterapia, tratamento que ativa o sistema imune a atacar as células cancerosas, é possível ter uma longa sobrevida, sobretudo com qualidade. Existem vários estudos em fase avançada, inclusive, que mostram que essa é a realidade atual para mais de 50% dos pacientes com melanoma metastático avançado”, destaca Alexandre que faz parte da equipe médica da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem. 

Além da imunoterapia, existem hoje no mercado os agentes alvo-moleculares e inibidores de mutações específicas que causam menos efeitos adversos e resultados superiores à quimioterapia. Associados à cirurgia quando a doença ainda está localizada, eles têm aumentado as taxas de cura. “Cada vez mais temos usado menos quimioterapia e mais medicamentos novos. Isso, consequentemente, tem um lado muito positivo, que é a melhora da qualidade de vida dos pacientes e, em alguns casos, a cura. Porém ainda nos deparamos com um problema seríssimo: o custo surreal desses medicamentos, o que dificulta bastante o acesso dos pacientes ao tratamento.”

Quando questionado sobre as perspectivas para o futuro dos tratamentos oncológicos, Alexandre é taxativo: espera que nos próximos anos, mais drogas alvo, capazes de atuarem diretamente nas células tumorais e causar menor toxicidade, surjam no mercado. “Com isso teremos tratamentos mais individualizados. Quem ganha, obviamente, é o paciente que cada vez mais será tratado de forma mais personalizada”.  

Quanto à prevenção à doença, o oncologista enfatiza a importância da vida saudável, com alimentação equilibrada, prática de atividade física regular, além de evitar o consumo de álcool e cigarro. “À longo prazo, o álcool provoca um processo inflamatório crônico que aumenta a probabilidade de mutações celulares, que por sua vez contribuem para o surgimento de células anormais. O risco, por sinal, é potencialmente ampliado quando ele é associado ao tabaco. Dados na literatura apontam que até mesmo no consumo moderado as chances de desenvolver um câncer são estatisticamente superiores a pessoas abstêmias. Portanto, o ideal é evitar ao máximo o uso do álcool e, se possível, aboli-lo.”

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