CÂNCER E SAÚDE MENTAL

Como enfrentar o câncer: suporte psicológico é fundamental

Psico-oncologista reforça que problemas psicossociais não afetam apenas a evolução da doença, como também impactam no bem-estar físico e psicológico do paciente

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Receber o diagnóstico de uma doença grave, como o câncer, representa mais do que um desafio médico: é uma experiência profundamente emocional que pode desencadear sentimentos de choque, ansiedade e tristeza. Com o crescente foco na saúde mental, emerge também a necessidade de abordar o tema no contexto oncológico, pois o bem-estar psicológico do paciente pode influenciar no sucesso do tratamento. Segundo a psico-oncologista do Cancer Center Oncoclínicas Belo Horizonte, Patrícia Campos Christo, compreender e acolher os sentimentos é fundamental para oferecer um suporte integral ao paciente, ajudando-o a atravessar essa fase.

 

Foi o que aconteceu com a oficial de cartório Michely Freire, de 40 anos. A mineira de Governador Valadares foi diagnosticada com câncer de mama no ano passado e relata que precisou do suporte psicológico da equipe do Cancer Center, tanto para a aceitação do diagnóstico quanto para o enfrentamento do tratamento.

“No início, foi muito difícil para mim e para minha família. O câncer ainda carrega o estigma de ser uma sentença de morte, e eu me sentia sem forças até para sair da cama. Com o acompanhamento psicológico, consegui ajustar minhas emoções, entender o processo do tratamento e, principalmente, me sentir acolhida. Isso fez toda a diferença para que eu encontrasse forças para enfrentar essa jornada", conta.


 

De acordo com a especialista, as manifestações emocionais mais comuns neste momento incluem negação inicial, ansiedade sobre o futuro, sentimentos de perda e isolamento social. “Essas reações são naturais, mas podem agravar a ausência de acolhimento, prejudicando a adesão ao tratamento e a qualidade de vida do paciente”, explica.

Michely, que ainda está em tratamento e aguarda a cirurgia para a retirada da mama, conta também que a assistência da equipe de psicologia durante o processo a ajudou a compreender o diagnóstico do câncer como uma fase que inspira cuidados, mas que pode e precisa ser superada.

"O acompanhamento psicológico me ajudou a remodelar minhas prioridades. Hoje vivo valorizando cada momento, com fé e esperança no tratamento. Percebi que o câncer é uma parte da vida, mas não define quem eu sou. O suporte emocional que recebi foi essencial para encontrar equilíbrio e enfrentar tudo com serenidade e coragem", relata.

 

O papel da família e da comunidade


A abordagem deve ser feita de forma multidisciplinar e técnicas como terapia cognitivo-comportamental, estratégias de relaxamento e reforço de resiliência podem auxiliar na redução da ansiedade e no fortalecimento emocional.

Patrícia aponta também a importância de envolver familiares e cuidadores na jornada de tratamento. “O papel dessas pessoas vai além de oferecer ajuda prática. Eles são pilares fundamentais para o fortalecimento emocional do paciente, ajudando-o a enfrentar o processo com mais equilíbrio e resiliência. Oferecer apoio, respeitar a autonomia da pessoa em tratamento e criar um ambiente acolhedor são ações que fazem toda a diferença nesse momento que é difícil para todos que estão passando por ele”.



Além disso, ela enfatiza que os cuidadores devem receber apoio socioemocional para evitar sobrecarga emocional e oferecer ajuda eficaz. “Buscar suporte em grupos de cuidadores ou familiares para compartilhar experiências e aliviar o estresse pode ajudar a garantir o bem-estar e a saúde mental de todos que convivem com esse paciente, o que por si só já é muito importante para que ele se mantenha tranquilo e otimista para buscar a assistência”.

 


As emoções podem agravar os sintomas do câncer?

Sentimentos como medo, estresse e frustração não apenas afetam o estado emocional, mas também podem acarretar repercussões físicas. “A ansiedade prolongada, por exemplo, pode levar à fadiga e à insônia, enquanto o isolamento social reduz a motivação e o apoio familiar, elementos cruciais para o sucesso do tratamento”, diz a psico-oncologista. “Essas emoções, quando persistentes ou intensas, podem interferir no enfrentamento do diagnóstico e desfecho clínico”, completa.

 

Aumento progressivo

De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a cada ano do triênio 2023 a 2025, o Brasil deve registrar 704 mil novos casos de câncer. Em Minas Gerais,  serão  mais de 234 mil diagnósticos neste ano. O tumor de mama e de próstata são os tipos mais incidentes no estado.

 

Embora ocorra um aumento progressivo dos casos no mundo todo, o estigma do câncer como uma doença agressiva e que leva à morte ainda persiste, o que contribui significativamente para os sentimentos e emoções negativas associadas ao quadro, mesmo quando o diagnóstico acontece de forma precoce e as chances de cura são maiores.


Diante desse cenário, o suporte psicológico se torna essencial para ajudar pacientes a enfrentarem os desafios emocionais da doença. O acompanhamento adequado pode proporcionar mais qualidade de vida, fortalecendo a resiliência e a esperança durante a jornada. “Criamos um espaço seguro para que a pessoa em tratamento expresse suas emoções e encontre formas saudáveis de lidar com os desafios”, pontua Patrícia.

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