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Gravidez muda química do cérebro, melhora instintos maternos e saúde mental

Volume da massa cinzenta da gestante evolui em um padrão em forma de U, primeiro diminuindo e depois se recuperando no pós-parto

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A gravidez é, sem dúvida, o período mais transformador na vida de uma mulher e provoca mudanças hormonais profundas, que são vistas em todo o corpo. Mas a estrutura cerebral também sofre influência da gestação. Um estudo publicado em janeiro na revista Nature Communications mostra alterações neurológicas que acompanham a gravidez humana, especialmente para mães de primeira viagem, que se traduzem em melhora dos instintos maternos e da saúde mental.

“O estudo descobriu que o volume da massa cinzenta diminuiu 2,7% durante o segundo trimestre de gestação e 4,9% imediatamente antes do parto, seguido por uma recuperação de 3,4% no pós-parto. As avaliações hormonais sugerem que essas mudanças são causadas por flutuações de estrogênio associadas à gravidez”, explica o ginecologista e obstetra, mestre e doutor em tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, Nélio Veiga Junior.

O estudo avaliou os períodos pré-gestacionais, a gestação e o pós-parto e descobriu que o volume da massa cinzenta (MC) evolui em um padrão em forma de U — primeiro diminui durante o final da gravidez e depois se recupera nos seis meses pós-parto.

Globalmente, mais de 140 milhões de mulheres dão à luz anualmente, com pesquisas anteriores de neuroimagem identificando remodelação significativa da arquitetura cerebral acompanhando o processo de gestação. Esses estudos sugerem que a remodelação cerebral ajuda a equipar mulheres grávidas para a maternidade, aumentando seu apego materno. De acordo com o ginecologista, o estudo mostrou que a saúde mental materna influencia a relação entre a recuperação do volume da massa cinzenta pós-parto e o apego materno.

“Especificamente, o bem-estar materno mediou mais de 50% da relação entre a recuperação do volume da massa cinzenta e a relação de apego maternal, destacando seu papel crítico”, explica o ginecologista.

O estudo foi realizado em cinco sessões – antes da concepção, segundo trimestre, terceiro trimestre, um mês após o parto e seis meses após o parto. Cada sessão compreendeu uma avaliação abrangente de ressonância magnética, coleta de amostra de urina (para avaliações hormonais/endócrinas) e questionários de saúde mental.

“As ressonâncias magnéticas foram otimizadas para escanear e obter imagens do volume, área de superfície e espessura da massa cinzenta cortical global, fornecendo uma avaliação abrangente das alterações cerebrais”, esclarece o obstetra.

O médico explica que as avaliações da interação entre as mudanças estruturais do cérebro, a saúde mental materna (bem-estar materno, depressão pós-parto e estresse percebido) e o apego ao bebê revelaram resultados interessantes, como a maior recuperação da massa cinzenta no pós-parto, que foi positivamente associada à redução da hostilidade em relação ao bebê, e o aumento do bem-estar materno, considerado como o determinante mais importante da recuperação da massa cinzenta no pós-parto.

“Ao revelar as mudanças cerebrais dinâmicas durante a gravidez, os possíveis fatores hormonais por trás dessas mudanças e como sua interação afeta o bem-estar psicológico da mãe, este estudo marca um avanço crucial na pesquisa do cérebro materno”, aponta Nélio Veiga Junior.

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