Seu amigo passou mal no meio da folia? Saiba como agir
Especialista explica as situações mais comuns de acontecer no carnaval, como identificá-las e como proceder em casos de urgência
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Siga noO carnaval de Belo Horizonte começou oficialmente no último sábado (15/2). Até 9 de março, a festa vai tomar a cidade com alegria. Neste ano, a folia acontece com uma programação ampla e descentralizada, com mais de 450 desfiles percorrendo a capital. Com estimativa de crescimento de quase 10% no número de cortejos, o público também deve aumentar em 2025 - seis milhões de foliões são esperados ao longo do período.
Um evento de tamanha grandeza exige organização. A Prefeitura de Belo Horizonte anunciou mais R$ 1 milhão que se soma aos R$20 milhões previstos inicialmente para o carnaval, quantia destinada a assegurar a infraestrutura para o desenvolvimento dos desfiles e para mitigar os impactos gerados por um acontecimento dessa magnitude.
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"A integração entre os diversos órgãos municipais na organização garante a iniciativa como uma referência nacional na produção de grandes eventos públicos", divulgou a PBH, que conta com a colaboração do governo do estado para a realização da festa. O poder estadual apoia por meio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, além da estruturação sonora nas avenidas dos Andradas, Amazonas e Brasil.
Quando o assunto é saúde, a administração municipal reforçou os cuidados. Estão disponibilizadas unidades extras para ampliar os atendimentos, intensificadas as ações de prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e à intoxicação alimentar e promovidas ações de promoção à saúde.
Dois postos médicos avançados (PMAs) funcionarão 24 horas por dia, a partir das 19h do dia 28 até as 7h do dia 5 de março, na regional Centro-Sul da cidade. O PMA do Centro de Referência das Juventudes (CRJ) ficará na Rua Guaicurus, no Centro. Já o PMA Centro-Sul prestará assistência às pessoas na Rua Domingos Vieira, no Santa Efigênia. Essas unidades vão garantir a estabilização dos pacientes em eventuais problemas.
As nove UPAs da cidade também não fecharão as portas. Especificamente no dia 3 de março, das 7h às 17h, os 153 centros de saúde estarão abertos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) atuará normalmente. São 28 ambulâncias para atender a população e quatro veículos de prontidão nos PMAs.
Meu amigo passou mal. E agora?
Mas, uma pergunta que fica é: e se um folião passa mal no meio da multidão, logo ao lado? O que fazer? O clínico geral do Hospital Semper, em Belo Horizonte, Maxlânio Azevedo, explica que as emergências mais comuns durante o carnaval são: desidratação, intoxicação alcoólica, hipoglicemia, desmaios, mal súbito, insolação, mal estar por uso de substâncias, agressões e pequenos traumas. Ele ensina como identificar e proceder em cada tipo de situação.
Quando se trata de um quadro de desidratação, os sintomas mais comuns são boca seca e tontura. "É sempre recomendada a hidratação com água e bebidas isotônicas, evitando o consumo excessivo de álcool ou intercalar a bebida alcoólica com água ou isotônicos", ensina.
Sonolência, confusão mental e vômito podem indicar intoxicação alcoólica. Nesse caso, o médico orienta a deitar a pessoa de lado, a fim de evitar aspiração, mantê-la hidratada se estiver conseguindo deglutir e, se houver inconsciência ou outros sinais de alarme, acionar o Samu.
Ocorrências de hipoglicemia, complementa Maxlânio, são mais comuns em diabéticos, mas podem acontecer com qualquer pessoa. A manifestação pode ser por tremores, sudorese, sensação de corpo frio e confusão mental. "Para não piorar, é importante oferecer carboidrato de absorção rápida, como suco, balinhas de açúcar ou açúcar dissolvido em água", recomenda o clínico.
Já a insolação pode ser identificada por pele quente, avermelhada, dor de cabeça e confusão mental. "Nessa situação, leve o folião para um lugar fresco, de sombra, resfrie com água e ofereça bastante líquidos, como água e isotônicos. Para desmaios, deite a pessoa de costas, levante as pernas e, se não houver melhora em alguns minutos, ou se imediatamente ela apresentar sinais de alarme, procure ajuda médica", reforça Maxlânio.
Outros casos corriqueiros nos dias de festa são as torções e contusões, principalmente de tornozelo, joelho e pé. Maxlânio indica a aplicação de gelo, enrolado em um tecido para evitar contato direto com a pele, durante 10 a 15 minutos, várias vezes ao dia, e sempre manter o membro elevado, cuidando para que não seja forçado e não piorar a dor. "Se há suspeita de fratura, o ideal é chamar atendimento médico, para que o membro seja imobilizado até a assistência adequada", pontua o clínico.
Pancadas na cabeça também podem acontecer e ocasionar traumatismos crânio encefálicos. "Fique atento a manifestações como sonolência excessiva, dor de cabeça que não passa com o analgésico normal e confusão mental após o trauma. Se existe saída de sangue ou líquido pelo nariz, olhos ou ouvido, a avaliação médica deve ser imediata".
Para quem tem alguma situação específica de saúde, como uma doença prévia ou alergia, uma dica importante, e conforme Maxlânio pouco difundida, é usar uma pulseira com a indicação. "Por exemplo, escrito que é diabético, tem alergia a dipirona, é portador de epilepsia ou outra doença crônica. Isso ajuda até mesmo nos primeiros atendimentos".
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O carnaval também é um momento propício a conflitos. É muito comum acontecerem brigas e agressões, e confrontos devem sempre ser evitados, aconselha Maxlânio. "O consumo de álcool em clima de festa pode aumentar tensões. Diante de um desentendimento, afaste-se do local e busque ajuda, seja da segurança do evento ou a Polícia Militar. Caso veja uma briga acontecendo, não tente intervir diretamente", indica o médico.
Quando acontecer a agressão física de fato, ele ensina que a gravidade da lesão deve ser avaliada para o rápido encaminhamento a um serviço de saúde. "Podem ocorrer pequenos traumas, cortes e escoriações. Nessa situação, lave a ferida com água e sabão, faça compressão direta pra estancar o sangramento, cobrindo com um curativo limpo e estéril. Se o corte for mais profundo ou não parar o sangramento, deve-se procurar o atendimento urgente, para avaliar a necessidade de curativos específicos, ou suturas", esclarece Maxlânio.
O médico dá dicas de prevenção, como usar calçados adequados. "É muito comum no carnaval o uso de rasteirinhas ou chinelos, sapatos que não dão segurança. Pode haver cacos de vidro no chão, por exemplo, que podem cortar o pé. É bom usar calçados fechados e confortáveis, também para evitar bolhas". Outra indicação é procurar não estar em multidões muito apertadas, nas quais muitas vezes acontecem empurrões que podem levar a quedas e lesões, reforça o especialista. "Isso principalmente com idosos, que são mais propensos a fraturas ósseas".
Mais uma recomendação é beber com moderação. "A perda do equilíbrio pelos efeitos adversos do álcool eleva risco de acidentes. Também fique atento ao ambiente. Identifique os locais de saída, de apoio médico, se há presença de ambulância, ou equipes de enfermeiros e médicos", ressalta.
Ele fala ainda sobre a importância de cuidar do próprio corpo e pensar nas pessoas que estão junto, sejam amigos ou familiares. "Se você perceber que alguém está consumindo álcool em excesso, já perdeu a noção de tempo e espaço, incentive a beber água, ofereça água, para tentar evitar que passe mal".
Em qualquer emergência, quando alguém que está por perto não se sente bem, o médico ensina como se comportar para uma melhor assistência: manter a calma, avaliar a gravidade da situação, o ambiente onde está, evitar aglomerações ao redor da pessoa, permitindo que tenha mais ventilação, e não se sinta abafada - o que pode piorar o quadro e até mesmo atrapalhar a chegada do socorro -, são atitudes importantes. "Se houver indicativos de gravidade, como inconsciência, convulsões, dor toráxica e dificuldade de respirar, acione o Samu ou o Corpo de Bombeiros. E nunca se deve medicar a pessoa sem orientação médica", diz.
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