A primeira vítima fatal de febre amarela em Minas Gerais foi confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), na última segunda-feira (3/1). O paciente era morador de Extrema, no Sul do estado, mas a pasta ainda investiga o local provável de contaminação. É o segundo caso positivo para a doença no atual período sazonal, que engloba as notificações de julho de 2024 a junho de 2025.
Minas Gerais é uma das quatro federações que estão em alerta para o aumento da transmissão da doença. O aviso do Ministério da Saúde, emitido por meio de nota técnica, no domingo (2/2), recomenda que as secretarias de saúde intensifiquem as ações de combate à febre amarela.
O infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Thiago Morbi destaca que a conscientização da população para a vacinação é a principal ferramenta de combate à doença. “A vacina contra a febre amarela é altamente eficaz, segura e proporciona proteção ao longo da vida com uma única dose. Pessoas não imunizadas devem procurar a vacinação o quanto antes, especialmente em épocas de maior transmissão e em áreas de risco”, explica.
Desde 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a dose única como suficiente para garantir imunidade vitalícia.
O que é febre amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa, viral, transmitida pela picada de mosquitos infectados e categorizada por dois ciclos: no ciclo urbano, o vetor é o Aedes aegypti, enquanto no ciclo silvestre, mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes transmitem o vírus após picarem macacos infectados. Nesses casos, humanos não vacinados tornam-se hospedeiros acidentais ao entrarem em áreas de matas.
Os sintomas mais comuns são:
- Febre súbita
- Dores musculares
- Náuseas
- Dor de cabeça
Mas os sintomas podem evoluir para quadros graves, como insuficiência hepática, hemorragias e até falência de múltiplos órgãos. De acordo com a Secretaria de Saúde, 20% a 50% dos casos graves podem levar ao óbito. Não há um tratamento específico para a febre amarela, apenas o manejo dos sintomas e cuidados intensivos em casos mais sérios. “A prevenção é crucial, e a vacinação é a medida mais eficiente. Para quem não pode se vacinar, como imunossuprimidos e gestantes, é indispensável o uso de repelentes, roupas de manga longa e mosquiteiros”, complementa o infectologista.
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Vacinação é a chave
Desde 2018, a vacina contra a febre amarela está disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Brasil. A vacina deve ser administrada pelo menos 10 dias antes do deslocamento para áreas de risco, e é indicada a partir dos nove meses de idade, sendo que pessoas com mais de 60 anos devem ser avaliadas previamente pelo médico especialista. “O imunizante oferece de 95% a 99% de proteção e é suficiente com apenas uma dose para garantir imunidade ao longo da vida”, conta o infectologista.
Além da vacinação
Além de garantir a imunização, a população pode adotar medidas simples para reduzir os criadouros de mosquitos, como eliminar recipientes com água parada e usar telas de proteção em janelas. Thiago Morbi reforça a importância dessas ações: “A conscientização da comunidade é essencial para reduzir a proliferação de mosquitos e proteger a saúde coletiva contra a febre amarela e outras doenças transmitidas por vetores, como dengue e zika vírus.”