Fisioterapia contribui para o envelhecimento saudável? Entenda
Professora aborda a importância da prática para a prevenção de quedas e lesões
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Siga noLiderada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Década do Envelhecimento Saudável 2021-2030 é uma estratégia global que reúne os esforços de governos, sociedade civil, agências internacionais, equipes profissionais, academia, mídia e setor privado para melhorar a qualidade de vida de pessoas idosas, suas famílias e comunidades.
A agenda é um apoio concreto ao envelhecimento saudável, definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um processo contínuo de otimização da habilidade funcional e de oportunidades para manter e melhorar a saúde física e mental, promovendo independência e qualidade de vida ao longo da vida”. Nesse contexto, a fisioterapia desempenha uma importante função na promoção da saúde e de uma vida plena para a pessoa idosa, como descreve a professora do curso de fisioterapia da Estácio BH, Daniela Anjos.
“O movimento é a principal forma de interação com o meio, permitindo que nos comuniquemos, nos relacionemos e realizemos atividades do dia a dia. A fisioterapia avalia, previne e trata alterações no movimento, com o objetivo central de preservar e melhorar a capacidade funcional. Esta é definida como a habilidade física, cognitiva e social necessária para realizar tarefas cotidianas que garantam a independência e autonomia. Isso inclui desde atividades básicas, como alimentar-se, tomar banho e se vestir, até atividades instrumentais, como organizar a medicação, preparar refeições e realizar compras, além de atividades avançadas, como a prática esportiva e participação em atividades sociais”, explica.
Entre os principais benefícios, segundo a professora, estão a melhora do equilíbrio, força muscular, mobilidade, capacidade cardiorrespiratória e flexibilidade, além da prevenção de quedas e do manejo da dor. As quedas e lesões representam um dos maiores riscos para o envelhecimento ativo e saudável.
“As quedas são eventos comuns devido às alterações naturais do processo de envelhecimento, que podem afetar diversos sistemas do corpo. A perda de força muscular, a diminuição do equilíbrio, as alterações na visão, a redução da velocidade de reação e o comprometimento da cognição aumentam a vulnerabilidade do idoso. Somam-se a isso o uso de múltiplas medicações, doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, e barreiras ambientais, que elevam o risco de quedas”, esclarece Daniela Anjos, que também é doutora em ciências da reabilitação.
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De acordo com a especialista, os riscos a curto prazo incluem lesões, como contusões, fraturas e ferimentos, e impactos emocionais, como o medo de cair novamente. “A médio prazo, o medo de cair pode levar ao isolamento social, à restrição de atividades e à piora do equilíbrio, da força muscular e da mobilidade articular, criando um ciclo negativo de perda de funcionalidade. A longo prazo, as quedas recorrentes podem resultar em dependência, institucionalização e aumento da mortalidade”, pontua.
O tratamento e a prevenção de quedas devem considerar os múltiplos fatores envolvidos. “Por meio de avaliações individualizadas, o fisioterapeuta identifica as causas potenciais, como diminuição da força muscular, alterações no equilíbrio, medo de cair e déficits na mobilidade. A partir dessa análise, são elaborados planos de tratamento que incluem exercícios de fortalecimento muscular, treino de equilíbrio, coordenação e marcha", diz.
"A abordagem também pode contemplar estratégias para o manejo do medo de cair, estimulação cognitiva e orientações sobre adaptações no ambiente domiciliar, como a instalação de barras de apoio, iluminação adequada e remoção de tapetes soltos, contribuindo para um ambiente mais seguro. A intervenção precoce e contínua não apenas reduz significativamente o risco de quedas, como também melhora a confiança, a qualidade de vida e favorece a autonomia e participação social do idoso”, informa a fisioterapeuta.
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A professora ressalva que as sessões de fisioterapia para idosos devem ser sempre individualizadas, considerando as necessidades e condições de saúde do paciente. “Entre as atividades mais recomendadas estão os exercícios de fortalecimento muscular, treino de equilíbrio, alongamentos, exercícios aeróbicos de baixo impacto e atividades que estimulem a coordenação motora e a mobilidade articular. A frequência pode variar de acordo com o estado funcional e os objetivos do tratamento, mas a OMS recomenda pelo menos 150 minutos semanais de exercícios físicos moderados para idosos, incluindo exercícios de força e equilíbrio em pelo menos dois dias na semana. Sessões fisioterapêuticas supervisionadas podem ser realizadas de duas a três vezes por semana, dependendo do objetivo, combinadas com orientações para a realização de exercícios em casa”, orienta.
Outra alternativa interessante é a participação em grupos terapêuticos e atividades em grupo, como lembra Daniela dos Anjos. “Além dos benefícios físicos, são práticas que contribuem para a interação social e o bem-estar emocional. A fisioterapia atua de forma integral, promovendo não apenas a reabilitação, mas também a manutenção da capacidade funcional e a melhoria da qualidade de vida do idoso”, propõe.
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