Infecção endodôntica: saiba como evitar
Ida periódica ao dentista com controle da placa bacteriana e exames radiográficos ajudam a evitar o problema
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Siga noA higiene bucal é um fator preponderante quando o assunto é evitar cáries e infecções dentárias. Além de escovar os dentes após as refeições e usar fio dental, é fundamental a ida periódica ao dentista, com análise e controle da placa bacteriana, e exames radiográficos periódicos. Mas nem sempre as pessoas seguem essa rotina à risca. Uma das doenças comuns que ataca a saúde bucal é a infecção endodôntica que pode ser evitada por meio de uma higienização adequada.
Especialista, mestre e professor em endodontia, William Dias Gomes explica que, embora a cavidade oral abrigue uma variada, abundante e complexa comunidade bacteriana, o tecido pulpar, normalmente, é protegido contra a infecção pela presença dos tecidos mineralizados coronários: esmalte, dentina e radiculares, representados pela dentina e cemento, uma vez que essas barreiras tenham sido comprometidas, principalmente, pelo processo da cárie. “Aí, cria-se uma via de acesso para micro-organismos e subprodutos atingirem a cavidade pulpar”, explica.
O dentista ressalta que existem dois tipos de infecção endodôntica (IE): primária e secundária. A primária é quando há uma infecção no canal radicular do dente. É causada por biofilmes bacterianos intrarradiculares e muitas células bacterianas estão em suspensão nos fluidos do canal principal e agregados bacterianos aderem às paredes dentinárias do canal. Pode se propagar para túbulos dentinários e para ramificações apicais. A secundária ocorre há um retratamento do canal radicular do dente. Pode se apresentar com um biofilme misto, com uma menor diversidade ao se comparar com a infecção primária.
William explica que, no caso de dentes com infecção endodôntica primária, é necessário prevenir e eliminar micro-organismos presentes no interior do sistema de canais radiculares (SCR). Se forem micro-organismos mais resistentes, é imprescindível a utilização de rigorosos protocolos de limpeza e desinfecção, já que há chance de os micro-organismos estarem em estado de latência. “A infecção do sistema do SCR deve ser combatida de forma eficaz, evitando-se assim a evolução de lesões perirradiculares crônicas, o que poderia gerar complicações como: sinusite, celulite, osteomielite, sepse, angina de Ludwig, trombose do seio cavernoso, meningite e abscessos intracranianos”, comenta.
PREDISPOSIÇÃO
“Em pacientes que tenham predisposição, a infecção endodôntica pode gerar endocardite bacteriana, quadro grave que requer atenção médica imediata. Se não tratada, pode gerar uma sepse e levar, sim, à morte.”
Entre os principais sintomas da IE estão: a dor constante, desenvolvimento de abscessos (bolsa de pus) na gengiva ou ao redor da raiz do dente. “Mas a IE pode também se apresentar silenciosa e indolor. O diagnóstico é feito a partir de exames clínicos e de imagem, como radiografias e tomografia.” A IE, segundo o especialista, tem cura, controlando a infecção ou por meio de cirurgias na região apical do dente. “Após a limpeza e desinfecção, é feita a obturação dos canais e blindagem da cavidade, impedindo uma nova infecção", explica.
“Em algumas situações temos que lançar mão do uso de antibióticos via oral para auxílio do controle da infecção”, acrescenta. “O uso é um adjuvante, já que o antibiótico por si só não é capaz de controlar essa infecção. Há possibilidade de recidiva nos casos em que o dente apresenta falha na blindagem, podendo gerar uma nova infecção. Nesses casos, o indicado é realizar um retratamento do canal, para controlar o processo. A taxa de sucesso do retratamento é alta. Outra possibilidade, nesses casos, é realizar uma cirurgia na região apical da raiz, removendo a área lesada (apicectomia). Infelizmente, em alguns casos, não é possível salvar o dente.”

“A IE pode também se apresentar silenciosa e indolor. O diagnóstico é feito a partir de exames clínicos e de imagem, como radiografias e tomografia”
William Dias Gomes, endodontista