Profissionais da FabNS trabalham em testes de eletrônica e de sinais dentro da sede, no BH-TEC -  (crédito: Divulgação/FabNS)

Profissionais da FabNS trabalham em testes de eletrônica e de sinais dentro da sede, no BH-TEC

crédito: Divulgação/FabNS

A Fábrica de Nano Soluções (FabNS) comemora a exportação, para a Alemanha, de um nanoscópio desenvolvido pela equipe mineira. Sediada no parque tecnológico da BH-Tec, a FabNS considera o feito como uma mudança na relação tecnológica do Brasil com o mundo.

Segundo a FabNS, as peças do nanoscópio foram encaminhadas para embarque no Aeroporto de Confins e vão iniciar o trajeto rumo à Universidade Humboldt de Berlim, na Alemanha, na quarta-feira (8/11). Os pesquisadores da FabNS também irão ao país europeu para montar o nanoscópio.

 

 

O nanoscópio recebeu o nome de porto. Segundo Taiguara Tupinambás, diretor Comercial e um dos sócios-diretores da FabNS, a tecnologia representa um lugar onde o pesquisador embarcará para fazer ciência de fronteira e desbravar o desenvolvimento tecnológico. "Nessa busca por um nome, percebemos que Porto serviria também como uma feliz homenagem ao cientista brasileiro Sérgio Porto, pioneiro na área de óptica no país", conta o diretor.

 

Cabeça de varredura do nanoscópio

Cabeça de varredura do nanoscópio

Divulgação/FabNS

 

Na Universidade Humboldt, a tecnologia brasileira será usada para estudar materiais bem pequenos, com o apoio de uma antena nanométrica. Os campos de estudos devem ser os
presentes na Física de Sistemas de Poucas Dimensões, com avaliações de materiais bidimensionais, grafeno, nanotubos de carbono e nanocondutores, por exemplo.

 

Caixas de nanoantena, que fica abaixo da cabeça de varredura para fazer o escaneamento

Caixas de nanoantena, que fica abaixo da cabeça de varredura para fazer o escaneamento

Divulgação/FabNS

 

“Estamos falando de um instrumento científico, habilitador de pesquisa. Aqui no brasil, sempre importamos instrumentos para avançar na pesquisa. Quando exportamos, quebramos essa lógica e atingimos maior soberania na pesquisa nacional”, conta Taiguara Tupinambás, sobre o projeto comercial que começou em meados de 2005. A empresa foi criada em 2020 e estabeleceu-se no BH-TEC em 2022.

 

E o que é um Nanoscópio?

 

O nanoscópio é utilizado para observar materiais ainda menores do que a capacidade de um microscópio pode mostrar. Os objetos compreendidos pela tecnologia da FabNS são na faixa do nanômetro (nm), unidade de medida equivalente a um bilionésimo do metro. Segundo o sócio-diretor, a escala nanométrica é cem mil vezes menor que um fio de cabelo.

 

O tamanho dos objetos de pesquisas com um nanoscópio é um desafio. Nanoscópios são instrumentos ópticos que usam a luz para mostrar os objetos aos pesquisadores, mas há um limite físico para isso. O grupo que compõe a FabNS estudou na UFMG onde, em meados de 2005, começou a buscar soluções para esse limite no LabNS, o Laboratório de Nanoespectroscopia do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG.

 

nanoantena utilizada para geração das imagens em escala nanométrica

nanoantena utilizada para geração das imagens em escala nanométrica

Divulgação/FabNS

 

Chegaram no desenvolvimento de uma antena nanoscópica que, quando calibrada, qualifica as imagens geradas, sendo possível ver e caracterizar os objetos, por vezes, bidimensionais.

 

No Brasil e em Minas Gerais existem três outros nanoscópios feitos pelos integrantes da FabNS. Dois deles, mais recentes, estão dentro do ICEX, da UFMG. O último está no Inmetro, com quem o grupo realizou uma parceria no começo dos estudos. São usados para os mesmos fins que o exemplar encaminhado para a Alemanha.