O jornalista Gabriel Ronan, pós-graduado no master de Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling do Insper, coordena o núcleo especializado em jornalismo de dados do EM -  (crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O jornalista Gabriel Ronan, pós-graduado no master de Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling do Insper, coordena o núcleo especializado em jornalismo de dados do EM

crédito: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

O Estado de Minas publica neste domingo (12/5) a primeira produção do seu núcleo especializado em jornalismo de dados. A reportagem mostra que o Congresso Nacional destinou uma fatia de apenas 2,2% de suas emendas parlamentares para políticas de prevenção a desastres naturais e de enfrentamento às mudanças climáticas, na esteira da tragédia que já tirou a vida de centenas de pessoas no Sul do Brasil.

 

O material também mostra que os deputados estaduais de Minas Gerais não encaminharam um centavo sequer para a Defesa Civil Estadual, principal órgão de monitoramento e resposta a catástrofes do tipo.


Integrado com as demais editorias da redação, o setor vai usar técnicas especializadas, por meio das linguagens de programação, para vasculhar bases de dados e encontrar pautas de interesse público. Também é objetivo do núcleo a verificação de informações, o monitoramento de eventos e a predição de fatos com uso da inteligência artificial.


“A criação do núcleo de jornalismo de dados reforça a missão do Estado de Minas de produzir reportagens diferenciadas e de interesse do leitor a partir do desafio diário de ampliação de nossas relevância e audiência”, afirma o diretor de redação, Carlos Marcelo Carvalho.

 


Para executar o trabalho, o núcleo de jornalismo de dados do EM vai usar bases oficiais dos Três Poderes em níveis municipal, estadual e federal. Também serão usados conjuntos de dados censitários, obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) e levantados a partir das mídias sociais. A “raspagem” em sites também será usada, método no qual as informações são colhidas a partir de técnicas especializadas, diretamente na fonte.

 

A produção das reportagens passará por três etapas: extração, estruturação e visualização, com uso de ferramentas em código aberto (a partir, sobretudo, da linguagem de programação Python) e fechado.

 

Compromisso e profissionalismo

O núcleo terá coordenação do jornalista de dados Gabriel Ronan. Pós-graduado no master de Jornalismo de Dados, Automação e Data Storytelling do Insper, instituição dedicada ao ensino e à pesquisa e sediada em São Paulo. Nascido em Belo Horizonte, Ronan trabalhou nas editorias de Gerais, Economia e Política durante a carreira, iniciada no Estado de Minas em 2016.

 

“A criação do núcleo é uma reafirmação do compromisso que o EM tem com as mudanças pelas quais a comunicação profissional passa nos últimos anos. Com a imensidão de dados disponíveis on-line, segmentá-los para encontrar pautas de interesse público e para fomentar investigações se torna papel fundamental do jornalismo contemporâneo”, diz.

 

O jornalismo de dados está presente nas principais redações do mundo. Há, até mesmo, veículos especializados que só produzem esse tipo de reportagem. No Brasil, existe um prêmio de jornalismo dedicado à área, que leva o nome de um dos profissionais pioneiros no setor: Cláudio Weber Abramo, morto em 2018 e um dos principais articuladores da criação da Lei de Acesso à Informação.