Popular nos anos 1990, ICQ tentou voltar para os smartphones, mas não fez o mesmo sucesso  -  (crédito: Reprodução)

Popular nos anos 1990, ICQ tentou voltar para os smartphones, mas não fez o mesmo sucesso

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O ICQ, popular plataforma de mensagens dos anos 1990 e início dos anos 2000, anunciou a data de seu fim: 26 de junho. 

 

Após 28 anos de atividade, o comunicado do encerramento veio acompanhado de uma propaganda do app VK Messenger, concorrente russo do WhatsApp pertencente à mesma empresa que comprou o ICQ em 2010.

 

 

Primeiro programa a popularizar o conceito de mensagem instantânea e a ameaçar a hegemonia dos emails ainda em 1996, o ICQ (corruptela para "I seek you", eu sigo você em inglês) alcançou mais de 100 milhões de usuários em 2001, mas não resistiu à concorrência com o MSN, da Microsoft, e encolheu.

 

A plataforma é lembrada pelo som particular de anúncio de novidades na caixa de entrada: "oh-ow".

 

 

A solução foi criada em 1996 pela empresa israelense Mirabilis, que a vendeu, em 1998, por US$ 287 milhões para o então gigante da internet AOL. Em 2010, o grupo americano repassou o ICQ para a russa Digital Sky Technologies, hoje VK Company. À época, a plataforma tinha 33 milhões de usuários, dos quais 8,3 milhões eram russos.

 

Na era dos smartphones, que então começava, a empresa tentou remodelar o ICQ para os dispositivos móveis a partir de 2013 e, em 2020, repaginou o aplicativo, que recebeu o nome ICQ New. A plataforma, contudo, não resistiu à concorrência com os apps de mensagens criptografadas, como WhatsApp, hoje da Meta, e Messenger, da Apple.

 

Diferentemente dos apps contemporâneos, o ICQ não funcionava vinculado a um número de telefone; cada usuário tinha um número de identificação próprio, que começou com cinco dígitos e precisou ser aumentado à medida que o programa ganhou popularidade.

 

Antes da morte anunciada, o ICQ ainda teve uma última faísca de popularidade em 2021, quando o WhatsApp atualizou sua política de privacidade para adicionar a possibilidade de compartilhar dados com o Facebook.

 

No Brasil, no ano passado, o pioneiro programa de mensagens ressurgiu nas páginas criminais dos jornais. O site Núcleo descobriu, em junho, 13 quadrilhas de pornografia infantil que usavam o ICQ como canal de comunicação.

 

 

A Folha confirmou a informação, mas não teve resposta da VK Company, a dona do ICQ.

 

No mesmo mês, o Ministério Público acionou a Justiça para que o Google retirasse o ICQ New da sua loja de apps, a Play Store. O pedido foi acatado. Desde 30 de junho, o app não pode ser baixado pelas vias oficiais no país.

 

A VK Company não informa quantos usuários o ICQ tem hoje. Apenas disse que quem usa o aplicativo terá seus dados transferidos para o VK Messenger.

 

No X, a página do ICQ deixou uma mensagem ambígua: um braço que se afogava em lava, mas deixava um sinal de "joia" para sinalizar o sucesso, e também a cena de "Exterminador do Futuro", em que Arnold Schwarzenegger diz "eu voltarei"