Vídeos e memes de macaquinhos fazem sucesso na web, já que são considerados fofos, especialmente quando o comportamento deles lembra o nosso. Mas este tipo de conteúdo esconde maus-tratos e crueldade, conforme apontou um relatório da Coalizão de Crueldade Animal nas Redes Sociais (Social Media Animal Cruelty Coalition - SMACC, em inglês).

 

A pesquisa analisou mais de 1.200 vídeos e fotos de macacos mantidos como animais de estimação postados nas redes sociais entre 2021 e 2023, que somam mais de 12 bilhões de visualizações. “Esses vídeos são apenas uma fração de todo o conteúdo disponível online, o que significa que o total de visualizações provavelmente será muito, muito maior”, diz o relatório.



Do total analisado, 13% dos vídeos e fotos mostram tortura psicológica, em que macacos reagem a sustos, provocações e privação de comida. Outros 12% expõem tortura física e 60% abusos físicos. Ainda segundo o estudo, todos os macacos provavelmente experimentaram sofrimento psicológico.




 

Além disso, o relatório alerta que a exploração animal causa danos em vários níveis, reduzindo o número de espécies e de populações; removendo espécies-chave de ecossistemas; colocando seres humanos em risco de doenças zoonóticas, ferimentos graves ou morte; e prejudicando individualmente a vida dos macacos que são retirados das suas famílias.



 

“Os macacos são animais altamente inteligentes e emocionais que formam laços fortes com suas famílias e colegas. Embora sejam incrivelmente adaptáveis e possam sobreviver em condições adversas, são extremamente vulneráveis às pressões induzidas pelo homem e não conseguem se adaptar e prosperar em circunstâncias em que as suas necessidades físicas, biológicas, sociais e comportamentais não são satisfeitas. A vida como animal de estimação nega-lhes essas necessidades básicas”, aponta o estudo. Com isso, mesmo que o ser humano não exponha o animal a situações extremas, como isolamento e falta de comida, ainda assim pode estar expondo o macaco a sofrimento.

 

“Os criadores de conteúdo aprenderam que os macacos de estimação geram conteúdo popular nas redes sociais e as postagens que mostram os animais com roupas ou expressando comportamentos semelhantes aos humanos têm o potencial de gerar benefícios como curtidas e popularidade online, além de monetização de conteúdo”, diz outro trecho.

 

'Resgates'

 

Muitas vezes, os vídeos exibem resgates de macacos muito jovens. Isso é preocupante, uma vez que, além de retirar um animal de seu habitat, para fazer o “resgate”, muitos familiares são mortos ou dopados. Por vezes, os animais bebês parecem ter sido drogados.

 


O relatório aponta ainda que a alimentação é errada, muitos tomam leite de vaca ou fórmula infantil, e os humanos dormem ao lado dos animais. Conforme os macacos crescem, o animal tende a ficar trancado, já que fica difícil garantir a segurança. “Os responsáveis explicam que os animais ficaram mais agressivos, arranharam as pessoas ou fizeram barulho e bagunça na casa. Uma proprietária admitiu que até consultou um médium animal para ajudar com os ‘problemas comportamentais’ do seu macaco de estimação”, alerta o estudo.

 

“Exemplos como estes sugerem que muitas pessoas, incluindo os meios de comunicação social, não conseguem compreender como a manutenção de animais selvagens como animais de estimação é prejudicial ao bem-estar e que esses animais não se adaptam bem à vida sob cuidados humanos”, explica outro trecho.


 

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