Dragon Ball Sparking! Zero é o mais novo jogo baseado na obra de Akira Toriyama que reconta os eventos de Dragon Ball Z, Dragon Ball Super e alguns filmes da série. O
jogo é um sucessor da franquia criada na era PlayStation 2, Budokai Tenkaichi, utilizando o mesmo gameplay de battle arena 3D com dois personagens em tela, mas cada jogador podendo ter no seu time até cinco "guerreiros Z".
Uma pequena viagem no tempo
Desenvolvido pela Spike Chunsoft, uma companhia de jogos que cria muitos títulos baseados em anime — inclusive que já esteve com Dragon Ball nas mãos antes mesmo da união das empresas Spike e Chunsoft — a Spike era responsável pelo mais conhecido game da saga, Dragon Ball Budokai Tenkaichi 3, lançado em 2007.
Apesar desse selo de qualidade, quando as companhias se uniram, também foram responsáveis pelo infame Dragon Ball Z: For Kinect, lançado em 2012, um jogo para os aparelhos de movimento do Xbox 360, que na época era novidade, mas como jogo, era terrível.
Em 2024, publicado pela Bandai Namco, Dragon Ball Sparking! Zero vem com a difícil tarefa de ser um “novo expoente” para os jogos de Dragon Ball, já que nos últimos anos a obra tem experimentado em diversos gêneros dos games, com Dragon Ball: FighterZ sendo um jogo de luta 2D pelos mesmos criadores de Guilty Gear e depois com um RPG de luta e exploração em Dragon Ball Z: Kakarot. Os gráficos utilizados neste novo título são bem parecidos com Kakarot, apesar de eu ainda achar as cenas de Kakarot absurdas em questão visual, Sparking! Zero se esforça para chegar ao mesmo patamar.
Dimps X Spike
Com a criação de Dragon Ball: Budokai em 2002, a Dimps ressuscitou Dragon Ball que estava adormecida desde 97, sem um jogo. A empresa se manteve na franquia até 2005 quando lançou o último título da trilogia, Dragon Ball Z: Budokai 3, sendo de longe o jogo mais clássico dessa franquia, tendo um clone ou outro lançado depois dele, vide Infinite World e Shin Budokai 1/2, a Dimps então partiu para outros títulos, como Dragon Ball: Advanced Adventure do Gameboy Advanced que contava a história de Dragon Ball original e as primeiras aventuras de um pequeno Goku, hoje a empresa foi para um ramo nichado, voltado aos colecionadores de card games, com jogos voltados para o gênero como a própria franquia Dragon Ball: Heroes. A Dimps permanece criando sucessos como a saga Xenoverse, que já teve duas entradas, colocando o jogador para criar um personagem único utilizando poderes vistos no anime e mangá de Dragon Ball e convidando o jogador a participar das difíceis batalhas de Goku e seus amigos.
Em paralelo ao trabalho da Dimps, a Spike (na época ainda não tinha se unido a Chunsoft) surgiu prometendo um jogo de batalhas com um cenário 3D com objetos destrutíveis, com diversos personagens e vários poderes de Dragon Ball. O primeiro jogo veio logo depois de Budokai 3, que já tinha mexido com os fãs de Toriyama, o novo título prometendo ser um sucessor tecnológico dessa saga, aprimorando visuais e gameplay, começando assim a série Budokai Tenkaichi que foi de 2005 até 2007 com todos os títulos chegando na geração do PlayStation 2 da Sony, o Xbox da Microsoft, Dreamcast da Sega e Gamecube da Nintendo.
Na geração seguinte, a sétima geração de consoles, com o PlayStation 3 e Xbox 360, a Spike ainda lançou uma nova série de jogos com o subtítulo de Raging Blast, que utilizavam muitos dos elementos dos anteriores, nessa nova pegada, mas mesmo com tantos recursos de Budokai Tenkaichi, a série não fez o mesmo sucesso. O último jogo de Budokai Tenkaichi foi Ultimate Tenkaichi — que inclusive foram os fãs que escolheram o nome através de um concurso na internet — mais uma tentativa de ressuscitar o jogo de batalhas 3D, que contava com uma história exclusiva com um personagem personalizável, e apesar de vender 700 mil cópias, desde 2011 a Spike ficou longe da Budokai Tenkaichi, até 2024.
Os guerreiros Z voltaram!
Dragon Ball Sparking! Zero traz de volta os battle arenas 3D da Spike, agora, Spike Chunsoft ao seu esplendor, com gráficos em cel shading (Estilo usado para tornar os modelos mais parecidos com as imagens do mangá ou anime) com os efeitos e partículas destacadas, graças ao poder de processamento da geração PlayStation 5 e Xbox Series X|S, fazem diferença com as ondas de poder, os raios de explosão, o efeito de carregar sua energia (O ki), tudo deixa essa experiência mais vívida e imersiva que o próprio anime. Kakarot com certeza é o que tem as cenas mais bem feitas, já que cada minuncioso momento da história foi recontada no RPG, com as cenas animadas do zero, Sparking! Zero tem um jeito diferente de contar a história, misturando fotos e textos com cenas do jogo, algumas são muito bem feitas, mas poderiam facilmente serem melhores, já que tem o dever de recontar a história do anime, não são terriveís, mas não se comparam ao jogo anterior.
O jogo conta com mais de 180 personagens disponíveis — Que marca a maior lista da história dos jogos de Dragon Ball desde variações, a personagens inéditos no mundo dos games, o jogo é o primeiro a adaptar propriamente o arco de Goku Black e do Torneio do Poder de Dragon Ball: Super, muitos personagens já apareciam como jogáveis em Dragon Ball: FighterZ, mas novos estão em Sparking! Zero e são abordados também no modo história. Esse modo chamado de Episódio de Batalha é dividido por personagem, o principal sendo o Goku com a maior campanha, mas personagens como o Vegeta, Piccolo, Gohan, Freeza, Goku Black são algumas das outras campanhas disponíveis com as lutas que eles participaram no anime.
O modo história ainda tem algumas "escolhas" e as aspas são para demonstrar que ás vezes elas fazem diferença na história, como por exemplo: Goku e Vegeta vencerem Zamasu antes dele se fundir com Goku Black, assim salvando a realidade de Trunks, que tem realmente um final substacialmente diferente, enquanto também existe no ínicio na Saga dos Saiyajins, por exemplo, a opção de se juntar a Piccolo ou negar sua ajuda, que não faz muita diferença a escolha, já que no original Goku aceita a ajuda e caso você resolva contrariar o cânone e ir sozinho, Piccolo eventualmente aparece para ajudar. Então essas descisões trabalham ali entre 8 e 80, você pode gostar ou odiar os resultados.
No modo Batalha Personalizada, Sparking! Zero deixa os jogadores criarem batalhas cinematográficas, selecionando os personagens e textos que vão participar de uma hipotética batalha, nesse modo ainda existe as Batalhas Bônus, que sugere alguns eventos fictícios, como lutas possíveis como Turles — “A primeira versão má de Goku” — lutando contra Gohan, que recompensa o jogador com o Turles depois que você vence a luta.
O jogo conta com um modo de batalha off-line e on-line, o primeiro que possibilita batalhas livres tanto contra a máquina quanto, contra outro jogador, mas o modo de tela dividida vem com um ônus, diferente do clássico Budokai Tenkaichi, aqui em Sparking! Zero , um único cenário é jogável, A Sala do Tempo, um cenário “vazio” se comparado aos demais que estão presentes no jogo. Inclusive com essa uma semana que o jogo saiu, um modder no PC já conseguiu liberar os demais cenários para se jogar no modo tela dividida, não vejo o porquê da Bandai lançar o jogo só com uma opção de cenário, já que como dito anteriormente, o jogo já possui uma gama grande de cenários. Os cenários inclusive que são totalmente destrutíveis e dependendo dos golpes utilizados neles podem ficar completamente arrasados pelo combate dos personagens.
Cadê a dublagem?
Outra coisa que vale lembrar é que apesar da Bandai Namco trazer o jogo em português do Brasil, assim como todos os recentes jogos de Dragon Ball, a saga de Goku e seus amigos é o único "anime pilar" do Brasil que até o momento não recebeu uma dublagem em nenhum jogo, os dois últimos jogos de Naruto, da série Ultimate Ninja Storm, ganharam uma dublagem completa, com boa parte do elenco retornando para dar voz aos personagens, assim como o lendário elenco de Cavaleiros do Zodíaco que trouxe vozes até aposentadas da dublagem para Saint Seiya: Soldier’s Soul (Ou Alma dos Soldados em PT-BR), esses três animes, Dragon Ball, Cavaleiros e Naruto são fortes pilares do mundo dos animes aqui no Brasil e seria muito interessante ver ainda Wendell Bezerra dublar algum jogo de Dragon Ball, o que não é um sonho impossível já que o elenco retornou para dublar os filmes de Dragon Ball e o anime completo de Dragon Ball: Super.
Jogabilidade
Em Sparking! Zero a jogabilidade foi levemente refeita do que conhecíamos em Budokai Tenkaichi, tem um botão para carregar a energia, um para defender, dois botões para bater e um para disparar projéteis de energia, além disso, tem uma lista de dois golpes especiais que podem ser usados caso você consiga carregar até 3 barras, em alguns casos até 4 barras, geralmente esses dois golpes especiais são um a distância e outro de perto, o segundo, caso você não esteja perto o personagem dispara na direção do inimigo. Por fim, você pode carregar a barra de ki ao máximo para atingir a energia cheia e executar um super, alguns que são a distância tipo um Kamehameha de Goku e outros são mais próximos como a sequência de golpes feitas por Vegeta.
Quando jogamos com mais de um personagem, podemos trocar de boneco a qualquer momento, pressionando a seta para cima e apertando algum dos botões com o personagem indicado para trocar, o mesmo vale para as transformações que podem ser ativadas ou desativadas conforme a vontade do jogador.
Considerações finais
Com duas semanas de jogo no ar, Dragon Ball Sparking! Zero já conta com 3 milhões de cópias vendidas, o que mostra com toda nitidez a saudade dos fãs de um jogo no estilo de Budokai Tenkaichi. Os gráficos fazem jus a nova geração, a história podia ser melhor contada, apesar da salada que é Dragon Ball, ainda existem momentos muito legais para se traduzir tanto em jogabilidade quanto em cenas, assim como o próprio Kakarot resolveu fazer, o gameplay é bom e traz forte divertimento, com aquela pitada de nostalgia, sendo o sucessor oficial dos clássicos do PlayStation 2, aprendendo o que Raging Blast e Ultimate Tenkaichi errou e corrigindo magistralmente nessa nova entrada. Dragon Ball Sparking! Zero está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.
*Essa análise foi feita com uma cópia enviada pela Bandai Namco Brasil para PlayStation 5.