A arte vai muito além da estética no mundo dos games – ela é a alma que dá vida aos jogos. No segundo episódio do Glitch Clube, mergulhamos no fascinante universo das artes conceituais, com dois talentos excepcionais: Virginia Froes, artista de games e ilustração, e Alexandre Cardoso, ilustrador e designer de jogos. Eles revelam como suas obras moldam os mundos digitais e compartilham as histórias por trás de grandes projetos.
Apresentado por Leo Lima e com a co-host Maria Lúcia, o episódio é um convite imperdível para quem quer entender o impacto da arte na criação de jogos!
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Como tudo começou
Virginia Froes sempre foi fascinada por rabiscos e desenhos desde a infância. "Sempre gostei de rabiscar, até nas paredes de casa, e minha mãe permitia isso. Foi essencial para meu processo artístico", comentou. A paixão pela arte foi se transformando em uma profissão séria, embora no início fosse difícil convencer a família de que ilustração poderia ser mais do que um simples hobby. "Ver meu nome nos créditos de um jogo foi emocionante. É como um currículo para nós, ilustradores", lembrou Virginia, celebrando os momentos de conquista no setor.
Alexandre Cardoso, por sua vez, teve uma experiência de infância imersa na arte dos animes e videogames. "Minha paixão por arte começou com ‘Cavaleiros do Zodíaco’. Os cenários e visuais incríveis abriram minha mente", disse Alexandre, refletindo sobre como suas influências iniciais impactaram diretamente sua carreira como ilustrador e designer de arte. "Um jogo que me marcou muito foi Shinobi, no Mega Drive. A direção de arte era incrível para a época", completou.
Processos criativos
O processo criativo na arte conceitual foi o principal tema da conversa. Virginia e Alexandre detalharam como dão vida às ideias iniciais e transformam briefing em realidade visual. "O processo criativo é árido. As pessoas pensam que será só diversão, mas exige muito esforço e ajustes para alcançar o resultado ideal", explicou Virginia. Alexandre complementou: "Na ilustração, transformar um briefing em algo visual é um desafio constante, mas também a parte mais fascinante."
Um dos exemplos citados pelo casal foi o processo criativo do chapéu no jogo Ruff Ghanor, onde a ideia inicial de serpentes nas pontas não funcionou visualmente. "Mudamos para olhos de guaraná e isso fez toda a diferença. O briefing nem sempre é literal, e o papel do artista é transformar ideias escritas em algo que realmente funcione visualmente", contou ele.
Desafios do mercado
Ao falar sobre o cenário de jogos no Brasil, Virginia e Alexandre foram francos sobre as dificuldades que os artistas enfrentam no país. "A dificuldade de financiamento é uma realidade. Muitos projetos criativos ficam no papel por falta de apoio. Por isso, as parcerias internacionais e o financiamento coletivo são essenciais", destacou Virginia.
O impacto da IA
Outro tema abordado durante o episódio foi o impacto da tecnologia, especialmente a inteligência artificial, na criação de artes conceituais. "A tecnologia é uma aliada, mas nunca pode substituir o toque humano. A arte precisa ter alma, e isso só um ser humano pode transmitir", ressaltou Alexandre. Virginia concordou, dizendo que, embora a IA ajude no processo de otimização de tempo, é fundamental manter a autenticidade no trabalho criativo.
A influência do Sonic
Em menção à nossa review de Sonic x Shadow Generations, a influência do ouriço também foi destacada como um exemplo marcante da relação entre arte e design de jogos. Virginia e Alexandre compartilharam suas memórias afetivas com o personagem, que vai além do design visual, tocando diretamente na criação de mundos dinâmicos e vibrantes. "O Sonic tem um design tão icônico, com aqueles tênis vermelhos e a pelagem afiada, que é impossível não se lembrar de suas fases emocionantes", disse Virginia.
Alexandre, por sua vez, apontou que a estética do Sonic foi influenciada por elementos da cultura pop, como o estilo de Michael Jackson, especialmente na trilha sonora de Sonic 2, que existem até rumores de que o rei do pop ajudou a compor a trilha sonora. "A velocidade e o nível de design são perfeitos, não só para representar um personagem, mas para fazer o jogador sentir a adrenalina do movimento. É uma das maiores influências da minha carreira", completou.
Conselhos para novos artistas
Ao final da entrevista, Virginia e Alexandre deixaram algumas dicas valiosas para os jovens artistas que querem ingressar na indústria de jogos. Alexandre sugeriu que os iniciantes criem portfólios consistentes e busquem sempre entender as necessidades do mercado. "A chave é estudar, praticar e estar aberto a aprender", afirmou. Virginia, por sua vez, enfatizou a importância da autenticidade e da busca por referências diversas. "Você tem que ir além do que está no briefing. E sempre busque referências, tanto de outras áreas quanto de culturas globais", completou.
Sobre o Glitch Clube
Com episódios quinzenais, o Glitch Clube busca discutir temas relevantes do universo dos jogos, abordando desde tendências do mercado até o impacto cultural e social dos games. O podcast está disponível no canal do YouTube do Portal Uai e no Spotify.
*Contribuição de Maria Lúcia Passos
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