Qual o segredo da felicidade? Ter dinheiro pra poder comprar tudo o que sonha? Ter milhões de amigos? Ser famoso? Ou, nada disso? Sentados em bancos de madeira diante da Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Negros, moradores da pequena cidade na Região Central de Minas, veem a vida, levemente, passar. A tranquilidade do interior, o jeito simples e a generosidade genuinamente mineira são a verdadeira fórmula para aqueles que querem ser felizes. Pois, para a cura da alma, basta um sorriso.
Desde o último sábado (9/12), a cultura tomou conta de todos os lugares da histórica de Santa Bárbara/MG, que celebra seus 319 anos com o Festival FelizCidade. O evento, que vai até 23 de dezembro, terá atrações gratuitas para todas as idades, como shows musicais, peças teatrais, performances artísticas, espetáculos de circo, danças, oficinas criativas e exposições de artesanato.
“Queremos oferecer momentos de diversão e convivência para os moradores e os visitantes de outras cidades e da região. A programação - ampla e diversa - foi pensada para atrair esse público e proporcionar a ele um entretenimento de qualidade”, diz a gestora da Adesb (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Santa Bárbara), Neide Silva.
Diversidade cultural
As atividades acontecem em diferentes espaços, abertos e fechados, proporcionando uma experiência enriquecedora que ressalta a história e a cultura da cidade, além de estimular a economia criativa local, valorizando os talentos artísticos da comunidade. “Queremos destacar a identidade, os valores e a cultura locais. Nossa cidade sempre teve uma grande riqueza cultural e é preciso que continue assim. Nossa mostra vem para fortalecer essa característica, mostrar a diversidade e a cultura que Santa Bárbara sempre teve e continua incentivando”, afirma.
Durante os oito dias de programação, a expectativa é de que a cidade receba um público de 8 a 12 mil pessoas, entre moradores e visitantes. As atividades incluem 20 apresentações artísticas, entre intervenções de rua, apresentações teatrais, artes plásticas, dança, oficinas, música, exposições, feiras de comidas típicas e artesanato. As atrações que vão se apresentar vêm de cidades como Belo Horizonte, Sete Lagoas, Ouro Preto, Catas Altas, Ipatinga, Betim, Mariana, além, é claro, da própria Santa Bárbara.
“Por meio de nossa programação, queremos mostrar uma variedade de expressões artísticas, buscando incentivar o desenvolvimento contínuo dessa produção e, ao mesmo tempo, criar oportunidades de intercâmbio com artistas da região”, conta Neide, que completa: “Também queremos impulsionar a produção cultural e artística, promovendo o acesso gratuito e público a espetáculos culturais e artísticos. proporcionando à população a oportunidade de se conectar com uma diversidade de conteúdos culturais, enriquecedores, aumentando, assim as experiências individuais e coletivas de nossa comunidade”.
Programação infantil
As crianças, por exemplo, vão poder se divertir com a Intervenção Piratas a bordo com Coletivo Arte Movi, de Catas Altas; o Espetáculo Teatral “O Pequeno Príncipe de Papel” com o Grupo Girino de Belo Horizonte; ou com a Bonecoteca Nana de Betim. Para a família, o Festival apresenta Show Musical “Resistir para lutar resistindo” com a banda Gongadar de Sete Lagoas; a Intervenção de Cultura Popular com o Grupo de Congo de Santa Bárbara; ou Espetáculo de Dança Urbana “Equilíbrio e Histórias” com o Grupo Soul Guetto de Belo Horizonte. A programação completa pode ser conferida no Instagram do Festival FelizCidade.
No ano passado, em sua 1ª edição, a Mostra Feliz Cidade ofereceu 28 atrações de cidades como Belo Horizonte, Mariana, Ouro Preto, Barão de Cocais, Catas Altas, Itabirito e Santa Bárbara, além de uma vinda especialmente de Curitiba/PR e uma atração internacional da Argentina.“Ao celebrar a história e a cultura de Santa Bárbara, O Festival FelizCidade se torna um instrumento essencial para o fortalecimento de vínculos e para o crescimento do apreço pela arte e patrimônio local”, finaliza Neide Silva.
O Festival, que está em sua 2ª edição, é uma realização da Adesb (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Santa Bárbara), com o patrocínio do Instituto Cultural Vale e o apoio da Prefeitura Municipal. O objetivo é valorizar a identidade, os valores e a cultura locais, que fazem parte da riqueza de Santa Bárbara.
Serviço
Festival Cultural Feliz Cidade
Data: 9 a 23 de dezembro de 2023
Locais:
Igreja do Rosário/Praça do Rosário: Av. Petrina de Castro Chaves, 44, Centro
Praça da Estação: Rua Padre Lucindo, 170
Praça Central: Praça Pio XII, Centro
Casa da Cultura: Praça Joaquim Aleixo, nº 75
Hotel Florenza: Rua Antônio Pereira Rocha, 256 Centro
Lotérica: Rua Antônio Pereira Rocha, 125, Centro
Cine Vitória: Rua João Mota, 89, Centro
Itaú: Praça Dr. Marcio Pessoa Faria, 107, Centro
Programação completa: Instagram do Festival FelizCidade
Não deixe de visitar
A Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Negros é considerada uma das maiores riquezas da cidade, sendo tombada tanto pelo Patrimônio Histórico Municipal (CMDPC) quanto pelo Estadual (IEPHA). Sua construção teve início em 1756. Com estilo arquitetônico barroco, especialmente na fachada que se assemelha à proa de um navio negreiro, como a igreja de Nossa Senhora do Ó em Sabará, é na ornamentação interna que se encontra a maior riqueza da capela de Nossa Senhora do Rosário dos Negros, em Santa Bárbara.
Uma das características marcantes de seu interior é o piso de tabuado corrido, que foi completamente restaurado, assim como os corredores revestidos com lajes de pedra. O forro, também de tabuado corrido, forma uma abóbada na nave central da capela-mor e apresenta uma pintura decorativa em perspectivista policromia de excelente qualidade. Além disso, há pinturas em policromia sob o coro, que possui um guarda-corpo feito de balaustrada de madeira torneada em jacarandá. Na parte de talha, destacam-se o altar-mor, os púlpitos e o arco-cruzeiro, que possui uma tarja sobre a aduela, com painéis de madeira com pintura ornamental.
Curiosidade
Durante muitos anos, o lendário padre Lucindo de Souza Coutinho, proprietário do casarão onde hoje funciona a Casa da Cultura, celebrou nesta capela exclusivamente para negros, mulatos e mestiços, por imposição do Vaticano. Conta-se a lenda de que o padre utilizava um túnel cavado por escravos fugidos para se deslocar de sua casa até a igreja, evitando os olhares curiosos da população.