A pandemia de Covid-19 atingiu todo o mercado global. Mais de 3 mil hotéis e pousadas encerraram suas atividades temporariamente ou em definitivo, somente em 2020, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Após três anos lidando com consequências e instabilidades geradas pelo colapso sanitário, o que a hotelaria espera para o futuro, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado o fim da pandemia em 2023? A pesquisa “Orçamentos Hoteleiros 2024”, desenvolvida pela Noctua Advisory, aponta um cenário otimista para o novo ano, embora os números ainda não tenham ultrapassado o período pré-pandêmico.
Os números da pesquisa
Participaram do estudo mais de 400 meios de hospedagem, incluindo hotéis, resorts, entre outros empreendimentos, em 23 Estados e 148 cidades brasileiras. Além disso, entidades hoteleiras, como ABIH’S, FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), Resorts Brasil, entre outras, também fizeram parte da pesquisa. A análise traz os dados de indicadores setoriais a partir de 2019 a fim de compor as expectativas para 2024. No acumulado de janeiro a outubro 2023 o setor faturou mais de R$ 11,37 bilhões, valor que supera todo o ano de 2022 e quase se iguala ao montante de 2019 — antes dos impactos da pandemia, quando a movimentação totalizou R$ 11,38 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp).
Em relação à ocupação hoteleira, por exemplo, o levantamento mostrou que a América do Sul e Central registraram crescimento de 5% em relação ao ano de 2019, porém, as outras regiões apresentaram redução: América do Norte, Ásia, Pacífico e África (-4%) e Europa (-5%). “A América do Sul apresentou melhora considerável no pós-pandemia, principalmente nos mercados domésticos.
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Oferta aérea
A potência do mercado brasileiro também pôde ser percebida por meio dos dados referentes à oferta aérea. De acordo com a pesquisa, o turismo para fora do Brasil ganhou tração, mas ainda não supera o período pré-pandêmico. A aviação internacional atingiu a marca de 93% frente a 2019.
Contudo, a oferta aérea nacional supera os níveis anteriores à crise sanitária em 105%. A atual estabilidade e características culturais específicas da América Latina fortalecem esse potencial. Estamos distantes de conflitos territoriais e geopolíticos que afetaram outras regiões nos últimos anos.
Além disso, contamos com o potencial gigante composto por praias, natureza pródiga, temperaturas amenas o ano inteiro além de um povo acolhedor. A pesquisa destaca que o segmento de lazer puxa a fila da recuperação (24% frente a 2019), enquanto o segmento corporativo segue ainda abaixo dos níveis pré-pandêmicos. Nos resorts, os incrementos em receitas superaram a inflação em até 30%, ante 2019.
Os desafios do setor hoteleiro
A pesquisa da Noctua Advisory destaca seis pontos considerados como alguns dos principais desafios do setor:
- Corporativo de grandes empresas segue abaixo de 2019
- Folha de pagamento deverá crescer acima da inflação projetada
- Economia precisa se manter em viés de crescimento
- Multipropriedades poderão afetar o desempenho dos resorts
- Lazer internacional tende a diminuir a pressão de demanda doméstica
- Necessidade de seguir investindo em tecnologia e inovações nos hotéis.
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Outro gargalo é o mercado aéreo doméstico. Precisamos de mais oferta, mais concorrência para termos melhores tarifas. As companhias aéreas são fundamentais para o incremento do turismo dada nossa característica geográfica. É preciso investir em ESG (ambiental, social e governamental, na sigla em inglês). Sustentabilidade, sem nenhuma dúvida, faz parte também da decisão daqueles que se deslocam no mundo de hoje.
Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria)
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