As roupas em veludo com bordados dourados são “armaduras”. As máscaras de tecido cobrem o rosto como um elmo. Sobre os cavalos ornados com fitilhos coloridos, cerca de 40 pessoas – 30 cavaleiros e 10 amazonas – participam da tradicional batalha do Carnaval a Cavalo de Bonfim, que este ano completa 184 anos na cidade localizada a 92 quilômetros de Belo Horizonte. A cavalhada é uma das mais tradicionais manifestações culturais do país.

A festa realizada durante o carnaval é única no Brasil e remonta às cavalhadas portuguesas, que simulavam as batalhas entre cristãos e mouros durante a Guerra Santa pela reconquista da Península Ibérica, que ocorreu entre os séculos 8 e 15. A tradição foi iniciada em 1840 pelo padre português Chiquinho, que trouxe as cavalhadas para o Brasil. Na época, dois grupos de cavaleiros, representando cristãos e mouros, desfilavam pela cidade vestidos com roupas coloridas e bordadas à mão. As batalhas simuladas eram acompanhadas por uma multidão de espectadores, que vibravam com as acrobacias e a destreza dos cavaleiros.

Por um tempo, a festa continuou a ser realizada nos moldes tradicionais, nos meses de maio ou junho. No entanto, um desacordo entre o padre e os organizadores da cavalhada levou à proibição da festa pela Igreja Católica. Sem a proteção da Igreja, a festa foi desvinculada da tradição católica e passou a ser festejada no carnaval. Os trajes continuaram semelhantes aos originais, mas os desfiles a cavalo deixaram de ser exatas simulações das batalhas.

Atualmente, os desfiles são uma mistura de religiosidade, fé e cultura que interagem e conquistam o público. Os participantes jogam serpentinas e confetes para a plateia, que retribui com gritos de alegria e aplausos. De acordo com Fábio Campos, secretário de Turismo da cidade mineira, a cavalgada é realizada domingo, segunda e terça da festa de Momo e trata-se da principal manifestação cultural do município: “O Carnaval a Cavalo é um evento importante para a cultura e a identidade de Bonfim. A festa atrai visitantes de todo o país e contribui para a preservação da tradição das cavalhadas no Brasil.”

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