Atração e retenção de talentos, desafio maior da gestão hoteleira atualmente (Foto: Freepik)

Nos dias de hoje a retenção de talentos é fator fundamental em qualquer atividade. Em um mercado hoteleiro em franca expansão não poderia ser diferente. Um alto índice de “Turnover” (entrada e saída de funcionários) pode ser gerado pela competição entre os hotéis em atrair e reter os melhores profissionais, oferecendo flexibilidade e outros benefícios. São dois os fatores principais para reter e motivar colaboradores. O primeiro é aumentar o engajamento da equipe, o segundo é desenvolver modelos de gestão customizados que forneçam suporte para a percepção de sucesso do time.

Retenção de talentos é dos assuntos mais em voga atualmente. Mas o que exatamente são talentos? – São os profissionais que apresentam alta produtividade e aderência ao perfil da empresa onde atuam – Logo, é função do gestor criar estratégias para retê-los. Atrair, contratar e por fim reter seus talentos configuram-se em ações essenciais na hotelaria moderna.

Por que é tão importante a retenção de talentos?

Não é de hoje que muitos empresários dizem que seus colaboradores são o “ativo mais precioso da organização”. Mas apenas dizer ou escrever isso nos ambientes internos do hotel não é suficiente. São necessárias políticas e ações concretas. Em um mercado tão acirrado, poder contar com profissionais que tornam a equipe um time de alta performance é sinônimo de destaque no set competitivo. Contudo, apenas contratá-los já não é o suficiente. É fundamental proporcionar a força laboral razões para que permaneçam na empresa, ou seja, que vistam a camisa e que suas ideias e percepções estejam alinhadas com as expectativas de seus hóspedes com base naquilo que é prometido na campanha publicitária do hotel.

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Hoje todas as pessoas prezam a qualidade de vida. Em uma época em que a saúde emocional é o fator principal de bem-estar, promover ações que tragam harmonia no dia a dia torna o ambiente mais produtivo, beneficiando não apenas o empreendimento, mas também o crescimento pessoal dos profissionais. É um efeito cascata — ao se aperfeiçoar nas práticas de retenção de talentos, consegue-se contratar os melhores candidatos, estes então, se beneficiam de toda política organizacional que os estimulam e os engajam. Dessa forma, os colaboradores produzem suas atividades de maneira excepcional. O final dessa sequência é a conversão de um número maior de clientes e o aumento da rentabilidade do hotel.

Por que o salário não é o único fator para reter talentos?

Adotar apenas aumentos salariais visando manter os melhores profissionais da empresa é ineficaz. Os efeitos são frágeis ao contrário do que se pensou durante décadas na administração empresarial. Você sabe qual é a correlação entre salário e satisfação no trabalho? Essa foi a pergunta que Timothy Judge — professor da Universidade da Flórida — respondeu após revisar pesquisas que tratavam do tema. A conclusão foi surpreendente: a relação entre as duas variáveis é tênue: inferior a 2%. Não estamos falando de uma condição regional, tendo em vista que estudos semelhantes conduzidos em outros países, como Índia, Inglaterra, Austrália e Taiwan, apontaram na mesma direção. O salário motiva só até certo ponto. Após algum tempo a felicidade “estaciona” não sendo suficiente para sustentar a motivação. Os resultados gerados por essa única forma de retenção podem, a longo prazo, resultar em prejuízos maiores para a empresa.

Estratégias para promover a retenção de talentos

Valorização para além dos discursos motivacionais

O grande desafio das empresas é mostrar aos seus colaboradores que elas realmente se preocupam com eles não apenas por meio de discursos motivacionais, mas com ações concretas. Para atingir níveis altos de engajamento, as empresas precisam usar cada vez mais incentivos não monetários, como um plano estruturado de gestão de carreira, treinamentos e programas que reconheçam os colaboradores em tempo real. Para que essas medidas sejam eficientes, é necessária uma correlação mensurável entre desempenho e premiação. Nesse sentido, surge a “gamificação”, um conceito bastante utilizado atualmente nas estratégias de retenção de talentos. A prática busca, por meio das técnicas utilizadas em jogos, promover o conhecimento e o desenvolvimento de novas habilidades, incentivando a produtividade por meio de um sistema tangível de recompensas. Assim, ao sentirem que seu trabalho e evolução são valorizados, a tendência é que não se rendam a outras oportunidades de trabalho no mercado.

Comunicação é essencial

Compor uma equipe produtiva e satisfeita com o seu desempenho também está relacionado às funções ocupadas por cada um. Alocar as pessoas corretas em suas devidas posições na organização em busca de um melhor aproveitamento das suas habilidades podem elevar o engajamento, a produtividade e auxiliar na retenção. Essa atitude deve estar acompanhada de uma boa comunicação. É essencial que os processos que aquela pessoa executará na empresa estejam claros. É necessário também criar incentivos à aprendizagem, assim ele se atualizará, trazendo melhoras tanto para o desenvolvimento das suas demandas como para a sua evolução pessoal e profissional.

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Feedback

É necessário ainda implementar uma cultura de “feedback” para que as ações não sejam revertidas em possíveis frustrações. O colaborador trabalha esperando evoluir na carreira, então, é necessário que ele saiba quais pontos deve melhorar para atingir seus objetivos. A prática envolve desde a devolutiva a respeito da sua postura e produtividade, como também uma postura aberta a opiniões por parte da empresa. Da mesma forma que é preciso relatar o comportamento do colaborador, é necessário saber como ele se sente em relação aos procedimentos da empresa.

Por meio da opinião dos contratados (pesquisas de clima) é possível avaliar as próprias condutas do negócio e, inclusive, mudar o que for necessário para auxiliar nas estratégias de retenção de talentos. Se o ambiente de trabalho não for tranquilo, os profissionais vão procurar por um local mais adequado às suas necessidades. Compor um clima organizacional agradável não é complexo. Ações simples como confraternização mensal, atividades recreativas e um café da manhã para comemorar a conquista de metas ou, até mesmo, para iniciar uma roda de conversa são detalhes que fazem parte de uma rotina agradável.

Ao dar abertura para o diálogo, é importante perceber que ouvir os colaboradores pode ser a chave para mantê-los. Eles foram contratados por um motivo e, se estiverem atendendo às expectativas, é preciso verificar o que pode ser feito para que eles continuem oferecendo o melhor de si durante a rotina de trabalho evitando perdê-los para a concorrência por detalhes mínimos. As empresas precisam se preocupar em administrar o ambiente de trabalho de forma proativa através de um conjunto de estratégias. Colaboradores eficientes e habilidosos são um ativo valioso para pequenos ou médios meios de hospedagem, perdê-los representa um impacto negativo muito maior do que em um hotel de grande porte.

Equilíbrio físico e emocional do profissional

Novas oportunidades externas começam a ser buscadas quando o profissional não tem mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e quando a sua qualidade de vida se torna cada vez pior. Por isso, é fundamental se importar com as alterações e problemas físicos e emocionais que um membro do grupo desenvolva em função do estresse do dia a dia de trabalho e adotar medidas para que esse tipo de situação não se torne um problema recorrente no empreendimento.

Reconhecimento

Um dos maiores facilitadores da motivação de profissionais é o reconhecimento. Portanto, não deixe de parabenizar seus funcionários em casos de sucesso e da execução de um trabalho bem realizado mesmo os de baixa complexidade. Feedbacks fazem toda diferença! Saber que o seu trabalho está sendo bem executado e que as pessoas com cargos mais elevados na empresa têm conhecimento disso faz com que o colaborador se sinta valorizado. O reconhecimento pode vir em formato de vantagens como cursos pagos pela empresa, bonificação em folgas extras ou mesmo um simples agradecimento pelas conquistas alcançadas. Além de trazer o sentimento de que está sendo visto pelos líderes, faz também com que se sinta observado por colegas de trabalho, o que ajuda na construção de um ambiente saudável e estimulador.

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O desenvolvimento de uma estratégia de educação corporativa que conte com planos de carreira de médio e longo prazos e investimentos definidos nos talentos é fundamental para que a retenção seja possível. Funcionários ‘perdidos’ em relação as possibilidades de evolução na profissão tendem a desenvolver altos níveis de insatisfação e assim acabem deixando a empresa sem revelar os reais motivos da decisão ou atuem de forma deliberada para que a empresa os dispensem.

“Não existe uma fórmula pronta para a retenção de talentos. É preciso a união de uma série de ações para que, o hotel se transforme em um local no qual os melhores profissionais desejem atuar

Maarten Van Sluys (Consultor Estratégico em Hotelaria – MVS Consultoria) Instagram: mvsluys  

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