Relaxar, dormir e recarregar as energias é o principal motivo que leva pessoas a viajar, segundo o relatório de tendências Hilton, feito pelo Ipsos, para 2024. Isso mostra a relevância estratégica de hotéis investirem em melhorias acústicas. Imagine ficar hospedado em um hotel sem perceber o som do tráfego e os ruídos dos quartos vizinhos. Sentir-se em um oásis de tranquilidade permite aos visitantes mergulharem em um descanso profundo e revigorante.

 

 

Além disso, um ambiente acusticamente tratado não só eleva a satisfação dos clientes, mas é também capaz de transformar avaliações em verdadeiros elogios e recomendações a amigos e familiares. Em um mercado onde cada detalhe conta, esses investimentos destacam o hotel como um refúgio de qualidade e cuidado, conquistando lealdade e colocando cada unidade um passo à frente da concorrência.

O engenheiro Marco Aurélio de Paula, fundador e CEO da GRM Acústica e do Instituto da Acústica, alerta que “hotéis são lugares para descansar, para o lazer e também para trabalhar. Conforto é um dos aspectos que os hóspedes mais consideram. Se o estabelecimento falha nesse quesito, os clientes podem se aborrecer, ir embora para nunca mais voltar e ainda avaliar negativamente o local”. O especialista acrescenta que os estabelecimentos que negligenciam a qualidade acústica em suas dependências podem ficar com clientes insatisfeitos, que levam consigo uma imagem ruim do hotel.

“Barulhos, sejam eles externos (da rua ou da vizinhança) ou internos (ar-condicionado, estacionamento, atividades de funcionários dentro do estabelecimento), podem prejudicar o sono e o descanso dos hóspedes e até mesmo sua privacidade. Afinal, se o projeto acústico do hotel é deficiente, é comum que o barulho e as conversas ocorridas dentro de um quarto se propaguem para outros, uma vez que as paredes não bloqueiam ou absorvem as ondas sonoras adequadamente”, detalha. Além dos hóspedes, o engenheiro salienta também que os funcionários podem ser prejudicados por ruídos internos nas áreas de produção, como cozinha, lavanderia e outros, o que pode comprometer a qualidade dos serviços.

 



 

Para lidar com essas questões, Marco preparou uma lista do que deve ser levado em consideração pelos hotéis e como solucionar problemas em cada estrutura.

 

Marco Aurélio de Paula, fundador e CEO da GRM Acústica, utiliza o aparelho sonômetro para medição do ruído

GRM Acústica/Divulgação

 

1 - Parede e teto

A acústica de construção refere-se ao controle do ruído das áreas adjacentes. O ruído pode ser transmitido pelo ar, como vozes e música, ou pode resultar de impacto, como portas de armário e passos. O caminho do som pode ser direto, através de uma parede ou piso, ou indireto, através da estrutura circundante conhecida como “transmissão pelos flancos”. Os métodos de controle de ruído em edifícios podem ser baseados em sistemas, estrutura e materiais de revestimento, bem como em suas propriedades de transmissão de som. Existem requisitos mínimos de desempenho para paredes e pisos, tanto para o ar como para sons gerados por impacto. O design e a construção podem exigir especial apreço por paredes de repartição, principalmente por levar em conta um alto nível de desempenho acústico. Para o conforto do hóspede, o uso dos quartos e as consequentes considerações acústicas devem ser levados em conta, bem como o sistema apropriado selecionado.

2 - Quarto de hóspedes

Primeiramente, recomenda-se que a disposição dos quartos seja feita de modo que não fiquem muito próximos de outros setores mais ruidosos do hotel, como o restaurante, o bar, a piscina e outros ambientes. É preciso que exista uma separação espacial considerável entre o local de repouso e o local de convivência, para que as ondas sonoras se dissipem no ar. Planejar o piso típico do quarto apresenta um dos maiores desafios no design do hotel. Como os quartos e suítes geralmente representam entre 65% e 85% da área total do piso em um hotel ou resort, as economias no planejamento de um determinado arranjo de piso (ou agrupamento de quartos) são multiplicadas muitas vezes. Portanto, um grande objetivo de planejamento em cada projeto de hospedagem deve ser maximizar a quantidade de quartos e manter, no mínimo, o núcleo vertical, a circulação horizontal e as áreas de suporte necessárias.

3- Corredor e escadas

Corredores e escadas são áreas de passagem e, portanto, podem exigir atenção especial para sistemas de paredes resistentes ao impacto e ao desgaste. Nesse processo de busca pelo conforto acústico, o drywall tem se mostrado bastante eficaz. O alto desempenho de isolação acústica e a resistência do material o tornam capaz de ser aplicado em diversos ambientes dentro do estabelecimento hoteleiro. O mesmo se aplica às reformas dos hotéis, ocasiões em que os elementos usados para tratamento acústico, como paredes, forros ou painéis devem estar integrados e ser, funcionalmente e esteticamente, compatíveis com a arquitetura. Nesse caso, a versatilidade de tipologias do drywall o credencia para ser utilizado em inúmeras situações. Além disso, sua rapidez de instalação, durabilidade, facilidade na renovação dos espaços internos e na manutenção fazem com que seja o sistema construtivo ideal para esse tipo de edificação.

4 - Piscina coberta

Nos meses em que a piscina coberta fica mais cheia, especialmente por quem costuma fazer mais barulho, como crianças, pode ser quase impossível ouvir alguém falando mesmo a menos de três metros de distância ou entender os anúncios do salva-vidas e do pessoal da piscina. A razão pela qual o som é tão intenso e a inteligibilidade da fala é tão pobre reside no fato de que os ambientes que contêm piscinas cobertas são quase sempre superfícies duras. A água, as paredes, o chão e o teto são, provavelmente, azulejos ou blocos, que são mais impermeáveis aos danos causados pela água, mas não permitem que as ondas sonoras se dissipem. A chave para resolver esses problemas de ruído é a adição de materiais absorventes de som às paredes e tetos, para compensar todas as superfícies reverberantes. Há uma série de tratamentos acústicos tolerantes à umidade que podem ser utilizados para reduzir o ruído da piscina coberta, como bafles acústicos e nuvens, bandeiras acústicas, painéis de parede acústica e telhas do teto encapsulados em PVC impermeável.

5 - Academia e sala de Jogos

Esses ambientes são desenvolvidos para incluir áreas de entretenimento e recreação. Eles exigem atenção especial quanto ao controle de ruído, pois a atenuação acústica também é uma área de foco em que se deve procurar uma redução dos ecos e reverberações de ruído. Ao escolher os melhores materiais acústicos para paredes e teto, isso auxiliará a atingir o nível mais adequado de transmissão de som.

6 - Bar e restaurante

Para evitar problemas de acústica nesses ambientes, é importante que o projeto leve em conta todos fatores que podem causar eco ou reverberação acústica, além, é claro, de impedir que o som interno se alastre para outras dependências do hotel e que o barulho externo atrapalhe o ambiente. Para isso, é necessário que as paredes sejam construídas ou adaptadas de forma que se tornem barreiras contra o som. Paredes duplas, forradas com material adequado para isolamento acústico - como a lã de vidro, a espuma acústica ou revestimentos de drywall - são soluções fundamentais nesse sentido.

7 - Sala de conferência e reunião

O tratamento acústico de um auditório pode ser complicado de se fazer. As grandes salas abertas são, muitas vezes, bastante reverberantes, fazendo com que a incorporação de tratamento acústico no design do auditório, na maioria dos casos, seja uma obrigação. E há a necessidade de se considerar que alguns sons precisam ganhar amplificação; em apresentações ao vivo (palestras, aulas, discursos, peças etc), as palavras e os sons precisam ser ouvidos em todo o espaço. O formato específico do ambiente aumenta a qualidade do som e permite que o público inteiro ouça melhor. O problema é que existe uma linha tênue entre um som agradável e um som embaralhado. A resposta é usar uma combinação de absorção e difusão. A absorção reduz a quantidade de energia sonora na sala, portanto, há menos reverberação. A difusão divide e dispersa as ondas sonoras que não são absorvidas. Isso reduz o eco (reverberação entre duas paredes paralelas) e permite que o som residual reverbere sem ser perturbador.

8 - Área de serviço

Sistemas de ar-condicionado, equipamentos, geradores, caldeiras e subestações elétricas são áreas indispensáveis em um hotel. Essas instalações e equipamentos domésticos, associados à infraestrutura do prédio, devem estar localizados na área do empreendimento, mas em locais que não afetem os ambientes em que se encontram os hóspedes. O projeto de controle acústico proporcionará a adequada instalação, sem afetar o conforto dos usuários, clientes e funcionários.

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