O turismo LGBTQ+ movimenta anualmente US$ 500 bilhões (R$ 2,4 trilhões) no mundo e US$ 64 bilhões (R$ 313 bilhões) na Europa. Os dados são de 2023 e foram divulgados pela Associação Italiana do Turismo LGBTQ+ (Iglta). Então, acredita-se que esse número para 2024 seja ainda maior. Hoje, o gasto médio do viajante LGBTQIA+ é de US$ 1.270 (R$ 6.965) por viagem, 28% acima dos US$ 990 (R$ 5.430) gastos por turistas em geral.

 

 

O Brasil é um dos países que mais recebe turistas LGBTs no mundo. A Parada do Orgulho, que aconteceu em São Paulo no mês de junho, é a principal porta de entrada para o turismo LGBTQIA+ no país. No entanto, em mais de 70 países, as relações homoafetivas podem levar à prisão ou processos criminais. Destinos que não promovem políticas para combater a homofobia e transfobia e, deixam de lado a inclusão e a diversidade, ficam de fora das escolhas desse público e jogam fora a possibilidade de entrar no bolo dos R$ 2,4 trilhões gerados na economia global.

 

Com base na sua missão de fazer com que conhecer o mundo fique mais fácil para todas as pessoas, a Booking.com, empresa de reserva de acomodação, aluguel de carros e outros serviços de viagem, encomendou uma pesquisa* que investiga as preferências e considerações que pessoas LGBTQ+ têm antes de viajar. Os achados, divulgados às vésperas do Dia de Sair do Armário (Coming Out Day), celebrado nos EUA em 11/10, visam ajudar a indústria do turismo a compreender as melhores maneiras de atender e acolher esses viajantes.

 

O material revela que os viajantes brasileiros dessa comunidade continuam enfrentando grandes desafios: eles sempre esperam alguma forma de comportamento discriminatório tanto por parte de outros viajantes (46%) como dos habitantes nos destinos (49%), sendo que 58% já sofreram alguma discriminação durante suas viagens. Paralelamente, quase metade (47%) concorda que ser LGBTQ+ os deixa mais inseguros e autoconscientes em viagens.

 

Os desafios na hora de tirar férias fazem com que os viajantes tomem cada vez mais o controle de suas viagens, se planejando para terem mais segurança. Segundo o estudo, a escolha criteriosa do destino, a pré-reserva de assentos em voos e até a criação de alter-egos são práticas comuns.

 



 

Escolha do destino 

Parada do Orgulho LGBT+ em São Paulo reuniu mais de 70 mil pessoas

MIGUEL SCHINCARIOL/AFP

 

Para três em cada quatro (75%) viajantes brasileiros LGBTQ+, ter a possibilidade de serem autênticos durante a viagem é o segundo fator mais importante na hora de escolher um destino, perdendo apenas para encontrar uma acomodação que caiba no orçamento (82%). Outras variáveis decisórias também estão ligadas a sua identidade: 70% avaliam o que consumiram nas notícias sobre experiências de viajantes da comunidade; 67% consideram a legislação local de um destino em relação aos direitos humanos, à igualdade de gênero e ao casamento de pessoas do mesmo sexo; e 64% avaliam se o destino aceita mais ou menos pessoas LGBTQ+ do que o seu país de origem.

 

Estas preocupações influenciaram claramente as percepções e a tomada de decisões dos viajantes LGBTQ+, com dois quintos (38%) dos participantes brasileiros da pesquisa tendo cancelado uma viagem em 2023 depois de perceberem que um destino não apoia os seus residentes LGBTQ+. Por outro lado, mais de metade (56%) reservou nos últimos 12 meses uma viagem para um destino considerado a favor dos residentes que se identificam como LGBTQ+.

 

Tendo como escolher, 62% afirmam preferir visitar destinos onde o turismo LGBTQ+ já está bem estabelecido, em comparação com 51% que preferem considerar locais onde a sua presença possa contribuir para aumentar a conscientização e a aceitação social. A cultura pop queer também desempenha um papel na tomada de decisões: 70% dos viajantes brasileiros LGBTQ+ dizem que são mais propensos a reservar experiências de viagem inspiradas nelas.

 

Medo de discriminação durante o voo

 

Com quase uma pessoa em cada três (27%) no Brasil já tendo sofrido uma experiência negativa diretamente relacionada com a sua identidade durante um voo, e com 39% expressando apreensão com a ideia de se sentar ao lado de um estranho com medo da sua reação ou comportamento diante uma pessoa LGBTQ+, os viajantes têm tomado medidas proativas para reduzir suas preocupações em relação a uma possível discriminação dentro do avião. Dessa maneira, metade (52%) dos viajantes LGBTQ+ do país optam por reservar com antecedência um assento específico, minimizando assim a interação com outras pessoas por medo de discriminação.

 

Adotar personagens e alter-egos 

 

Uma das soluções empregadas é assumir personagens e alter-egos: um terço (33%) da comunidade no Brasil afirma que modifica aspectos da sua aparência e comportamento para evitar uma possível discriminação ou atenção indesejada, e 45% já criaram um alter-ego para se movimentar em diferentes ambientes quando viajam. A principal razão para os viajantes apelarem para a tática é para se protegerem e se sentirem em segurança (56%), com um em cada três (36%) fazendo isso para se adaptar às possíveis sensibilidades culturais locais.

 

Aliados da indústria de viagens

 

Os viajantes LGBTQ+ reconhecem o progresso na indústria das viagens, com 82% dos brasileiros dizendo que a maior inclusão os fez sentir mais à vontade quando viajam. Visitar destinos que possuem uma legislação adequada aumenta a sensação de inclusão, se refletindo nas interações com quem trabalha na indústria de viagens: 89% dos viajantes LGBTQ+ no Brasil sente-se à vontade ao chegar para fazer o check-in na sua acomodação, 88% ao se comunicar com os anfitriões das acomodações e companhias aéreas e 87% ao interagir com os profissionais do setor de hospitalidade, como guias turísticos, comissários de bordo e motoristas de táxi. Além disso, quando questionados sobre quais recursos os viajantes LGBTQ+ gostariam de ver nas empresas de viagens para melhorar suas futuras experiências, 37% mencionaram filtros que facilitariam a identificação de propriedades que oferecem uma experiência acolhedora.

 

“Na Booking.com, acreditamos com paixão que todos devem poder viajar e conhecer o mundo de uma maneira única”, afirma Arjan Dijk, CMO e Vice-Presidente Sênior da Booking.com. “Como homem gay, conheço infelizmente de primeira mão as dificuldades que persistem em muitas partes do mundo. Apesar de tudo isto, estou muito inspirado ao ver viajantes LGBTQ+ abraçando com resiliência as suas experiências tanto em casa como durante as suas viagens. Embora já haja um progresso real e tangível, devemos permanecer atentos e fazer a nossa parte para fazer com que viajar com orgulho seja realmente mais fácil para todos.”

 

Desde seu lançamento em 2021, o programa Travel Proud, da Booking.com, oferece treinamento gratuito de hospitalidade inclusiva para acomodações a fim de ajudá-las a entender melhor os desafios específicos enfrentados por viajantes LGBTQ+ (desde hotéis e pousadas até casas e apartamentos). Além disso, os participantes aprendem o que pode ser feito para que todos os hóspedes se sintam mais acolhidos, independentemente de onde vêm, quem amam ou como se identificam. O treinamento está disponível em inglês, italiano, francês, espanhol, português, croata, japonês, grego, tailandês e alemão, e as sessões de treinamento são disponibilizadas regularmente. A Booking.com já conta com mais de 67 mil acomodações certificadas pelo “Travel Proud”, distribuídas em 133 países e territórios e em mais de 12 mil cidades e destinos.

 

A Booking.com também é parceria global da IGLTA, Associação Internacional de Viagens LGBTQ+, do Global Equality Fund (GEF) e do Stonewall National Monument Visitor Center.

 

Sobre a pesquisa:

*Pesquisa encomendada pela Booking.com e realizada de forma independente com uma amostra de 11.469 viajantes LGBTQ+ de 27 países e territórios. Os participantes LGBTQ+ se identificaram em dados demográficos, como sexo, gênero e orientação sexual. Para participar dessa pesquisa, os entrevistados também tiveram que ter viajado a lazer nos últimos 12 meses. A pesquisa foi realizada on-line em abril e maio de 2024.

 

**Como parte desta pesquisa, perguntamos aos participantes se eles se consideram atualmente “assumidos” no que diz respeito à sua identidade LGBTQ+. Ao nos referirmos a “sair do armário” ou “assumidos”, queremos dizer ter revelado ou deixado de ocultar a sua orientação sexual ou identidade de género.

 

***Como parte desta pesquisa, perguntamos aos participantes se eles se consideram “defensores ativos dos direitos LGBTQ+ e da mudança” em sua comunidade. Ao usar o termo “defensor ativo”, queremos dizer tomar medidas, grandes ou pequenas, para apoiar, proteger e defender os direitos LGBTQ+ na sua comunidade.

 

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