DIGITAIS OCULARES

'Venda da íris': por que todo mundo está de olho?

Oftalmologista destaca sete informações sobre a íris e retina, que possuem aplicações médicas

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A comercialização de biometria ocular tem gerado debates sobre privacidade e segurança. A ferramenta, oferecida pela empresa Tools por meio do aplicativo World, propõe-se a diferenciar humanos de inteligências artificiais. Em troca da digitalização da íris, os usuários recebem cerca de R$ 600 e criam uma identidade virtual na plataforma. O processo, no entanto, levanta dúvidas sobre o uso futuro desses dados e os riscos envolvidos na sua comercialização.  


A íris contém um padrão único de fibras e pigmentação que permanece inalterado ao longo da vida. Segundo o oftalmologista Tiago Cesar, a biometria de íris utiliza câmeras infravermelhas para capturar essas características e transformá-las em um código matemático exclusivo. Essa tecnologia é usada amplamente para controle de acesso e autenticação de identidade. A biometria da retina, por sua vez, analisa a rede de vasos sanguíneos do fundo do olho, que também é única para cada indivíduo.  


A coleta desses dados não pode ser revertida. Enquanto senhas podem ser alteradas, a biometria ocular é permanente, o que torna seu vazamento um risco para a identidade digital dos usuários. "A comercialização da biometria da íris levanta preocupações sobre privacidade. Caso esses dados sejam comprometidos, não há como substituí-los, tornando essencial a regulamentação do uso dessas informações", explica o oftalmologista.  


Além da identificação biométrica, a íris e a retina possuem aplicações médicas. Exames dessas estruturas permitem diagnosticar doenças oculares e sistêmicas, como hipertensão, diabetes e patologias neurodegenerativas. Tecnologias avançadas, como a inteligência artificial aplicada à retinografia, têm sido utilizadas para prever riscos cardiovasculares e metabólicos.  


Para além da polêmica, Tiago Cesar elenca 7 informações sobre as chamadas ‘digitais oculares’, confira:

1. Do que são compostas a íris e a retina? Como essas estruturas influenciam nossa visão?

  

A íris é composta por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, melanócitos (células responsáveis pela pigmentação) e músculos lisos que regulam o tamanho da pupila, controlando a quantidade de luz que entra no olho. Já a retina é uma estrutura neurossensorial formada por várias camadas celulares, incluindo fotorreceptores (cones e bastonetes), que captam a luz e convertem-na em sinais elétricos transmitidos ao cérebro pelo nervo óptico. A retina é essencial para a formação da visão, enquanto a íris ajusta a entrada de luz para otimizar a função retiniana. 

2. A íris e a retina são idênticas em ambos os olhos ou existem diferenças entre um olho e outro?  

A íris e a retina apresentam variações entre os olhos do mesmo indivíduo. Embora a coloração e o padrão da íris sejam semelhantes entre os dois olhos, diferenças sutis podem ser observadas em sua estrutura microscópica. Na retina, as diferenças são mais evidentes, especialmente em relação ao padrão vascular e à distribuição de fotorreceptores, que podem apresentar assimetrias individuais e pequenas variações anatômicas. Essas particularidades reforçam a singularidade da biometria ocular.

3. Como a íris e a retina se formam durante o desenvolvimento humano? Elas podem ser influenciadas por fatores genéticos ou ambientais?

Durante o desenvolvimento humano, a íris e a retina se formam a partir da vesícula óptica, que origina as estruturas oculares primárias. A íris se desenvolve a partir da neuroectoderme e da mesoderme, enquanto a retina é derivada diretamente do neuroectoderma do tubo neural. O desenvolvimento dessas estruturas é fortemente influenciado por fatores genéticos, determinando coloração, distribuição de fotoreceptores e características vasculares.

Fatores ambientais, como exposição à luz, nutrição materna e infecções congênitas, também podem impactar seu desenvolvimento e função.

4. A estrutura da íris pode mudar com o envelhecimento? E a retina? Há doenças que podem causar alterações significativas nessas partes do olho?

  

A estrutura da íris pode sofrer alterações sutis com o envelhecimento, como a diminuição da resposta pupilar à luz devido à redução da elasticidade dos músculos do esfíncter e dilatador da pupila. A retina, por sua vez, está mais suscetível a mudanças significativas, incluindo o envelhecimento celular e a degeneração da camada de fotorreceptores, que podem levar a doenças como degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e retinopatia diabética. Patologias como glaucoma, uveítes (inflamação da úvea) e traumas também podem causar alterações estruturais nessas regiões. 

5. Existem procedimentos médicos ou estéticos que podem alterar a aparência da íris permanentemente?

Sim. Cirurgias para mudança de cor da íris, como implantes de íris artificial, têm sido realizadas para fins cosméticos, mas apresentam riscos elevados, incluindo glaucoma, inflamações e perda de visão. O laser para despigmentação da íris é outra técnica que altera a coloração dos olhos, porém, sua segurança a longo prazo ainda não está completamente estabelecida. Do ponto de vista médico, os implantes de íris são indicados apenas para casos de aniridia congênita (caracterizada pela ausência da íris, parte que dá cor aos olhos) ou traumas severos.

6. A retina pode ser usada para diagnosticar doenças além das oculares? Como isso funciona na prática?  

A retina pode ser utilizada para diagnosticar diversas doenças sistêmicas além das oculares. O exame de fundo de olho permite identificar sinais de hipertensão arterial, diabetes, doenças autoimunes e até patologias neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. A inteligência artificial tem avançado no uso da retinografia para prever riscos cardiovasculares e metabólicos, utilizando algoritmos que analisam padrões vasculares e alterações estruturais da retina. Dessa forma, a retina se torna um importante biomarcador de saúde sistêmica.

7. O que você recomendaria para manter a saúde da íris e da retina ao longo da vida?

Para manter a saúde da íris e da retina ao longo da vida, recomenda-se uma abordagem preventiva e hábitos saudáveis. O uso de óculos de sol com proteção UV reduz o risco de catarata e degeneração macular. A alimentação rica em antioxidantes auxilia na proteção retiniana.

Já o controle rigoroso de doenças sistêmicas, como diabetes e hipertensão, é essencial para prevenir complicações oculares. Exames oftalmológicos regulares permitem o diagnóstico precoce de doenças, garantindo tratamento adequado e preservação da função visual. 

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