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Pacientes vão fazer cirurgia de catarata no Amapá e ficam cegos


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Paul Diaconu por Pixabay

O governo do Amapá vem conduzindo um programa de cirurgias de catarata nos últimos três anos, com um total de 110 mil procedimentos realizados.

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Porém, uma situação inesperada e trágica aconteceu. Dos 141 pacientes operados na sede da ordem dos capuchinhos em Macapá no dia 4 de setembro, 104 começaram a apresentar problemas de saúde alguns dias depois.

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Segundo a Secretaria de Saúde do Amapá, um fungo afetou mais de 100 pacientes que fizeram as cirurgias de catarata.

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Desses, sete perderam a visão de um olho permanentemente; 55 tiveram que fazer outra cirurgia para tentar curar a infecção, enquanto 14 precisaram de um novo olho.

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“Eu operei em um dia. No outro dia fiz a avaliação, tava tudo bem. Voltei pra casa, eu jantei e dormi. Quando eu acordei já estava tudo escuro, doendo, eu não via mais nada”, contou Maria Alves, uma das pacientes do mutirão.

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Uma investigação inicial da Secretaria de Saúde apontou que as pessoas tiveram uma infecção grave no olho devido a um fungo chamado fusarium.

Jeffrey Riley II pexels

'Tenho dificuldade de chegar aqui da sala lá na cozinha, eu só tenho que ir apalpando na parede. Então pra mim é uma dificuldade”, relatou outro paciente.

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O programa do governo do estado do Amapá é financiado com recursos do governo federal.

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Desde o ano de 2020, o programa é feito por uma organização religiosa chamada Centro de Promoção Humana Frei Daniel de Samarate.

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Este centro, por sua vez, contratou a empresa 'Saúde Link'.

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De acordo com o representante técnico da Saúde Link, todas as regras de segurança e limpeza foram seguidas restritamente.

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'Naquela semana que se iniciou no dia 4 e foi até o dia 8 de setembro, nós operamos 540 pacientes, e somente no dia 4 aconteceu e realmente é uma novidade, uma tragédia. Obedecemos todas as regras de protocolos nacionais e internacionais', afirmou Afonso Neves, representante técnico da Saúde Link.

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Quando o departamento de saúde do Ministério Público Estadual tomou conhecimento do incidente, eles ordenaram que o programa fosse suspenso indefinidamente.

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Os procedimentos só serão retomados se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar.

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'Nós trabalhamos na área dos agentes em três vertentes, junto com a vigilância e com a Anvisa, que é para identificar o que foi que ocorreu, se foi um problema com o produto, se foi problema no ambiente, se foi problema no procedimento utilizado”, destacou Weber Penafort, promotor de saúde do MP/AP.

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Por uma solicitação do Ministério Público, a Secretaria de Saúde iniciou uma investigação sobre o caso.

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A secretária de saúde do Amapá, Silvana Vedovelli, disse: “É um fungo que se não for tratado ele é devastador. Ele pode levar à cegueira, mas os pacientes estão sendo tratados, estão sendo encaminhados para cirurgias, fazendo o uso de antibióticos, então tudo que é necessário para o tratamento está sendo feito para todos os pacientes'.

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Segundo um representante da ordem dos capuchinhos, a instituição está prestando toda assistência aos doentes.

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Um oftalmologista ouvido pelo Jornal Nacional afirmou que é importante investigar esse caso para melhorar os cuidados nos hospitais e nas cirurgias em grupo.

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“A cirurgia de catarata é uma cirurgia hoje considerada muito segura, é uma das cirurgias mais realizadas no mundo, porque a segurança garante isso”, disse o médico.

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De acordo com ele, os casos de infecções graves como esse são raros, com uma ocorrência aceitável de apenas um a cada 3 mil cirurgias. “É um evento pouco comum, e as pessoas não precisam ter medo de realizar o procedimento', completou.

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