"Explode coração! / Na maior felicidade! / É lindo o meu Salgueiro! / Contagiando, sacudindo essa cidade" . O refrão, que fez um sucesso enorme na voz de Quinho, já diz tudo. Até hoje é cantado no carnaval de rua e nas arquibancadas de estádios de futebol.
Vamos relembrar, então, de desfiles que costumam ser mencionados como memoráveis para as escolas. Há outros, mas selecionamos alguns que estão no coração dos torcedores.
A alegria extasiante de "Bumbum Praticumbum Prugurundum" alçou o Império Serrano ao campeonato indiscutível de 1982. Não teve pra ninguém na Sapucaí. A avenida tremeu. E o samba até hoje é cantado como símbolo da agremiação.
Em 1988, a Vila Isabel arrasou com "Kizomba, a Festa da Raça" e conquistou seu 1º título no carnaval carioca. O samba que começava com a expressão "Valeu, Zumbi" tinha ao mesmo tempo beleza e popularidade. E impulsionou os foliões na avenida, arrebatando a plateia.
"Liberdade, Liberdade! Abre As Asas Sobre Nós" foi o enredo da Imperatriz Leopoldinense que levou o título em 1989. O samba de Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir conquistou o público e tornou-se um marco pela melodia e pela letra.
No mesmo ano, a Beija-Flor ficou em 2º lugar com um desfile antológico, em que colocou fantasias de mendigos na avenida. Joãosinho Trinta surpreendeu com "Ratos e Urubus, larguem minha fantasia". E a alegoria coberta por causa da censura à imagem de Cristo na Sapucaí entrou para a memória coletiva..
Dois anos antes de morrer, o lendário carnavalesco Fernando Pinto fez um de seus maiores carnavais. Era 1985 e o enredo "Ziriguidum 2001" fez a Mocidade entrar no século XXI com uma viagem ao espaço sideral. Alegorias em forma de discos voadores foram uma atração e tanto.
"Quem Nunca Sentiu o Corpo Arrepiar Ao Ver Esse Rio Passar" foi a emoção vivida pela Portela, campeã em 2017 após 33 anos de jejum. O carnavalesco Paulo Barros idealizou um desfile sobre as lendas dos rios, que caiu como luva para a maior campeã do carnaval carioca, que passou a somar 22 títulos.
Em 2002, com um enredo vibrante que enalteceu as belezas e a cultura do Nordeste, a Mangueira não deu chance a ninguém. "Brasil com Z é pra Cabra da Peste, Brasil com S é a Nação do Nordeste" deu à verde e rosa seu 18º título na história. E que sambão! E que voz do inesquecível Jamelão!
O inovador carnavalesco Paulo Barros revolucionou o carnaval na Sapucaí com o carro do DNA no enredo sobre os avanços da Ciência em 2004. Ele apostou todas as fichas em alegorias humanas, com coreografias que tornavam os carros "vivos". Sucesso esplendoroso.
Quem não lembra do refrão da União da Ilha em 1989? "Eu vou tomar um porre de felicidade Vou sacudir, eu vou zoar toda cidade". O desfile "Festa Profana" rendeu o 3º lugar à simpática escola carioca, uma das mais queridas do grande público. Mas eternizou um dos sambas mais animados e tocados de todos os tempos. Pura explosão!
2018 foi um ano inesquecível para a Paraíso do Tuiuti. A modesta escola comemorou como título o vice-campeonato, apenas um décimo atrás da Beija-Flor. Um desempenho histórico para a azul e amarela que arrasou na avenida com o enredo "Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão". E com mulher puxando o samba: a bela Grazzi Brasil.
Em 2020, a Viradouro foi a campeã com o enredo "Viradouro de Alma Lavada". E a escola de Niterói lavou mesmo a alma, abocanhando o seu segundo título e quebrando um jejum de 23 anos sem vitória.
Em São Paulo, também, muita criatividade e beleza. Em 2014, a Mocidade Alegre conquistou o título de tricampeã com um desfile que abordou a fé, a religiosidade e o sobrenatural. Os foliões mergulharam no sentimento e eram verdadeiros atores na apresentação.
Em 2011, a Vai-Vai conquistou o Anhembi com uma homenagem ao maestro e pianista João Carlos Martins. Apesar de problema de mobilidade numa das mãos, ele enfrentou a dificuldade e é respeitado mundialmente pelo talento e pelo exemplo de superação. A bateria ousou unindo o batuque tradicional ao som de violinos.
A Acadêmicos do Tucuruvi pediu passagem e mostrou com estilo, em 2013, a trajetória de "Mazzaropi, o adorável caipira, 100 anos de alegria", uma lembrança em azul e branco do comediante brasileiro (1912-1981) que marcou o cinema.
O Império de Casa Verde renasceu em 2016, numa apresentação à altura dos desfiles grandiosos de 2005-2006 que haviam lhe garantido o bicampeonato. E abocanhou mais um título exibindo os mistérios da humanidade. Os tigres gigantescos do carro alegórico foram um grande destaque num desfile repleto de beleza e criatividade.
A escola Dragões da Real se inspirou no clássico "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, e misturou samba e baião no Anhembi. Deu liga! O enredo mostrou em 2017 a vivacidade do Nordeste Brasileiro.
O Maranhão foi o tema da Acadêmicos do Tatuapé em 2018 no desfile que marcou a estreia do carnavalesco Wagner Santos, que é maranhense. Um espetáculo de criatividade e brilho, valorizado ainda mais pela bateria que fez paradinhas ao ritmo de reggae.
Em 1995, a Gaviões da Fiel cantou "Me dâ mão, me abraça. Viaja comigo pro céu". E foi mesmo uma viagem e tanto. Primeiro título da escola e a consagração de um samba que até hoje é um dos maiores ícones do carnaval paulista. Showzaço!
"Oxalá salve a princesa! A saga de uma guerreira negra" foi o enredo da Mancha Verde em 2019. A escola retratou a beleza da África, lembrou do tráfico negreiro e exaltou a princesa Aqualtune, avó de Zumbi. Faturou o primeiro título de sua história no Grupo Especial.
A Águia de Ouro arrebatou o público ao lembrar do talento do sambista João Nogueira (1941-2000 - no detalhe) no desfile de 2013. O filho dele, o cantor Diogo Nogueira(foto), foi destaque e se emocionou com a lembrança do pai.
A Águia de Ouro foi campeã em 2020 pela primeira vez, ao mostrar a evolução dos homens desde a Idade da Pedra até a era tecnológica. Um passeio pela história que valeu o campeonato inédito para a azul e branca do bairro da Pompeia.