E essa é só uma das curiosidades das Ilhas Diomedes, um arquipélago formado por duas ilhas (uma grande e uma pequena) rochosas localizadas no Estreito de Bering, entre a Rússia e os Estados Unidos.
O nome das ilhas foi dado pelo navegador dinamarquês Vitus Bering, que as redescobriu em 1728, no dia de São Diomedes de Tarso.
Antes, elas haviam sido descobertas pela primeira vez em 1648, pelo explorador russo Semyon Dzhnev.
Enquanto a Pequena Diomedes está localizada no Alasca (EUA), a Grande Diomedes faz parte do território russo, na Sibéria, por isso a discrepância nos fusos.
Na realidade, a Grande Diomedes segue o fuso horário GMT+14 (com 14 horas a mais que o Meridiano de Greenwich), enquanto a Pequena Diomedes está no GMT-9.
As Ilhas Diomedes enfrentam uma separação política que começou em 1867, quando foram adquiridas por cada uma das duas potências.
Desde aquele tempo, ficou proibido chegar às ilhas pelo mar, transformando uma viagem de barco de apenas 10 minutos em uma jornada de 21 horas, pois é preciso dar a volta ao mundo para chegar à ilha vizinha.
Com o objetivo de unir os dois países e eliminar a divisão entre as ilhas, em 1987, a nadadora de longa distância e escritora dos Estados Unidos, Lynne Cox, completou a travessia a nado do canal que separa as ilhas.
Depois de mais de 2 horas, Cox alcançou a Grande Diomedes, sendo recebida pelos líderes da época, Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev.
Naquela época, a Rússia ainda era a União Soviética.
Mesmo assim, sua ação não surtiu qualquer efeito, e as ilhas permaneceram separadas como estão até hoje.
Outras propostas para unir as Ilhas Diomedes já foram sugeridas, como a construção de um túnel semelhante ao Eurotúnel, que conecta o Reino Unido ao norte da França, passando sob o Canal da Mancha no Estreito de Dover.
Atualmente, a forma mais próxima de "união" entre as ilhas ocorre no inverno, quando o mar ao redor das ilhas congela e elas ficam conectadas por uma espécie de "pista de gelo".
O arquipélago pode chegar a ter temperaturas de -40°C durante o inverno.
Também por conta das temperaturas extremas, as ilhas são extremamente remotas. Cerca de 118 habitantes da comunidade Inupiaq ocupam a área norte-americana há três mil anos.
Eles basicamente vivem da pesca e da caça de focas, ursos e raposas em uma área de aproximadamente 7,4 km², onde estão localizadas cerca de 40 casas.
Uma escola na região oferece educação para crianças, desde o Jardim de Infância até o Ensino Médio. No entanto, não há estruturas para atendimento médico, e os moradores dependem do transporte aéreo para serem tratados no continente americano.
Já na Grande Diomedes, não existem habitantes desde a Guerra Fria. Durante esse período, a União Soviética expulsou os esquimós que viviam lá, temendo que eles fossem espiões.
Atualmente, apenas uma base militar russa, construída na mesma época da saída dos esquimós, está presente no local.
Para aqueles que pensam em visitar as Ilhas Diomedes, é crucial se preparar bem, pois o desafio é considerável.
Além das temperaturas muito baixas que tornam a visita difícil, para chegar lá é preciso voar até o aeroporto de Nome, no Alasca (EUA), e depois embarcar em um helicóptero que faça o trajeto.
Outro detalhe curioso é que o arquipélago é um importante local de passagem para aves migratórias e também é um importante ponto de observação para os cientistas que estudam o clima e o meio ambiente do Ártico.