A experiência foi liderada pelo pesquisador sênior Zhen Liu, da Academia Chinesa de Ciências. O resultado surpreendente ainda criou um animal fluorescente.

"As quimeras de macacos também têm um enorme valor potencial para a conservação das espécies, se pudessem ser obtidas entre dois tipos de espécies de primatas não humanos, uma das quais ameaçada de extinção", disse Miguel Esteban, do Instituto de Biomedicina e Saúde de Guangzhou, à CNN.

Apesar do sucesso no experimento, o macaco quimérico teve insuficiência respiratória e hipotermia e viveu por apenas 10 dias.

Os cientistas registraram 12 gestações entre as macacas, com seis nascidos vivos. O bebê que viveu por 10 dias foi o único a apresentar as características desejadas.

A equipe de cientistas extraiu células-tronco de embriões de macacos e injetou em embriões não relacionados da mesma espécie, o que culminou em uma gestação.

A macaca mãe deu à luz um primata totalmente formado ao final de todo processo.

Nenhum cientista havia conseguido alcançar tal feito. Já houve experiências anteriores usando o método de injetar células-tronco de animais interespécies (inclusive homem e macaco).

Este é o primeiro caso em que o componente genético inserido compõe uma grande parcela do tecido do animal. As células-tronco inoculadas formaram 92% do tecido cerebral do recém-nascido e uma média de 67% de sua composição geral.

Este resultado abre novas portas para a pesquisa em doenças como as neurológicas e para a própria biomedicina.

Os cientistas usaram uma proteína verde-fluorescente e rastrearam a presença dessas células em 26 tipos diferentes de tecidos do macaco.

Segundo os especialistas, essa proteína teve uma grande contribuição, chegando a formar partes importantes em diversas regiões do corpo, incluindo cérebro e coração.

Mas afinal, o que significa quimera? Esse termo é oriundo da Grécia e é uma criatura monstruosa, geralmente representada como um ser híbrido, combinando partes de diferentes animais. Uma quimera clássica tem a cabeça de um leão, o corpo de uma cabra e a cauda de uma serpente.

No campo científico, a expressão é utilizada para descrever organismos formados a partir de diferentes tipos genéticos, que normalmente são alcançados por meio de testes em laboratórios.

O debate sobre o que é certo ou errado neste campo é constante. e coloca a ética em questão. Afinal, estariam os cientistas brincando de Deus?

Muitos especialistas também questionam a saúde do animal. Criar um ser para sofrer por conta de experimentos é moral?

Os pesquisadores garantem que todo o processo é feito com rigor ético, numa forma de garantir que os estudos tenham de fato o efeito de desenvolver conhecimento e o de abrir novas possibilidades para a saúde dos primatas.