O levantamento constatou também que áreas desmatadas para pastagens cresceram 17 milhões de hectares nos últimos 38 anos, sendo 10% disso somente na última década.
Assim, se a devastação continuar avançando no ritmo atual até 2050, o Cerrado pode perder até 34% do que ainda resta.
Isto significaria a extinção de cerca de 1.140 espécies exclusivas deste bioma, o que seria oito vezes mais do que o total de plantas extintas no mundo desde 1500.
Estes números, portanto, refletem o grande aumento das áreas usadas no Brasil para a atividade de agropecuária.
Até 2022, 282,5 milhões de hectares, o que corresponde a 33% de todo o território brasileiro, estavam ocupados pela agropecuária, de acordo com a pesquisa MapBiomas.
Entre 1985 e 2022, o desmatamento para agropecuária cresceu 50% no país, com o Cerrado sendo o bioma com maior área agrícola, destacando-se o plantio de soja no Brasil.
A agropecuária foi ampliada em 95 milhões de hectares, cerca de 10,6% do território nacional, em 38 anos, de acordo com a pesquisa MapBiomas.
Essa expansão da agropecuária no Brasil, sem organização e coordenação de práticas sustentáveis, pode destruir a fauna, a flora e degradar completamente o solo.
O desmatamento em si já pode alterar o ciclo hidrológico natural da região, pois a Ciência mostra que a vegetação é essencial para recarregar os lençóis freáticos.
A área destinada para alimentar animais no Cerrado é o dobro em relação à área de agricultura.
Em 38 anos, a pastagem cresceu 17 milhões de hectares, ou seja, cerca de 26% do Cerrado, segundo a pesquisa do MapBiomas.
O estudo mostra ainda que a agricultura temporária - ou área de grãos - cresceu 18 milhões de hectares no Cerrado.
O bioma possuía em seu território 30,9% de plantação de soja em 1985 e, em 2022, passou a ter 76,3% do território ocupados para a plantação do grão.
No Cerrado, 72,5% das áreas destinadas para alimentar animais têm mais 20 anos, enquanto apenas 12,5% têm entre 1 e 5 anos.
E mais: o desmatamento desenfreado para plantio de soja e outros grãos aumenta diretamente a emissão de gases do efeito estufa.
O Cerrado é um dos maiores sumidouros de carbono do Brasil e sua degradação resulta no lançamento de toneladas de gás carbônico na atmosfera, aumentando a temperatura e contribuindo para o agravamento dos eventos climáticos extremos.
Além do impacto na vegetação, o desmatamento gera um problema hídrico, pois o Cerrado abastece 8 bacias hidrográficas no Brasil e 3 grandes aquíferos.
Ou seja, o Cerrado é essencialmente importante para garantir a segurança alimentar, energética e hídrica no Brasil.
Sua degradação, assim, pode afetar diretamente o fornecimento da água que chega nas torneiras dos lares e indústrias no país.